Manhã de Sol ✰

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Taylor havia saído bem cedo de casa em uma manhã de segunda feira. Correu os olhos pelo céu sorrindo ao notar que não havia uma nuvem sequer e um azul infinito se espalhava e se misturava ao clima ameno daquela manhã de verão em Londres.

Ao invés dos tênis de corrida, ele escolheu os chinelos velhos, uma camiseta e calças folgadas. Taylor até chegou a pensar em correr um pouco, mas mudou de ideia e preferiu caminhar pelas redondezas. Tinha acabado de se mudar e ainda era tudo novo para ele, então escolheu aquela manhã pra sair e sondar o clima de Kensington.

Enquanto caminhava e observava atentamente tudo à sua volta notou que a cidade não era muito diferente de outras cidades de Londres, no entanto parecia ser mais animada, mais jovial.

Ele passou em frente ao Hyde Park, hesitou um momento, mas deu de ombros e resolveu entrar. Apesar de ter crescido em Londres e de já ter ouvido falar daquele parque, nunca esteve lá antes. Passou pelo lago e até sentiu vontade de se sentar em um dos bancos próximos da margem e ficar umas horas por ali apenas admirando a vista, mas continuou andando. Havia várias fontes, monumentos, jardins que podiam ser considerados verdadeiras obras de arte e até encontrou uma pista de corrida, prometeu a si mesmo que voltaria muitas vezes.

Era sua primeira semana de tranquilidade depois de uma turnê alucinante por dezenas de países para divulgar seu último filme. Taylor havia passado semanas na Califórnia e em Nova Iorque para entrevistas sem fim e alguns festivais e premiações em vários lugares. Amava seu trabalho e não havia nenhuma outra coisa neste mundo que o deixava mais satisfeito do que ser ator, mas apenas quando toda a turbulência de gravações e pós gravações terminava era que ele sentia o peso e o cansaço resultantes de tanta dedicação e mais uma vez, depois de tudo terminado, não era apenas cansaço que ele sentia. Também se sentia sozinho. Nas outras vezes sempre voltava para casa e tinha seus pais e irmãos sempre perto. Porém agora aquela sensação de estar sozinho no mundo bateu um pouco mais forte. Precisou se mudar para Kensington, pois ficaria mais próximo da ponte aérea, porém, mais distante da família, que agora estava a quilômetros de distância. Enquanto as gravações rolavam e as turnês de divulgação aconteciam raramente Taylor ficava sozinho, havia sempre alguém fazendo companhia, outros atores e equipes técnicas que acabavam se tornando uma família temporária, até fazia alguns amigos e às vezes podia jurar que aquelas amizades durariam pro resto da vida, mas bastavam as despedidas acontecerem pra ter certeza de que provavelmente nunca mais veria a maioria daquelas pessoas novamente e então se dava conta, não eram realmente amigos, não como aquelas amizades que se faz quando se está na faculdade por exemplo, o que o fazia se lembrar de que ele nunca tinha feito uma faculdade, uma das coisas que Taylor havia desistido por causa de sua carreira, às vezes se perguntava se essa era uma das razões de não ter amigos do tipo que se leva pra vida toda e que estão sempre por perto ou que pelo menos durassem mais do que uma temporada de gravações. De qualquer modo essa era uma daquelas coisas que ele havia colocado em uma caixinha de coisas às quais havia se conformado e sobre as quais havia desistido de questionar. Claro que as coisas eram bem diferentes quando era mais novo. No começo de sua carreira se mudou para os Estados Unidos e levou uma vida bastante agitada, muito trabalho, muitos amigos, bebia bastante, fumava muito, tinha sempre uma namorada diferente e até se metia em algumas brigas, por fim, há algum tempo ouviu os conselhos da família, voltou para Londres, e passou a focar no que era realmente importante, o que afastou muita gente de sua vida, e agora, perto dos trinta anos acreditava que já tinha maturidade suficiente pra aceitar as consequências de suas escolhas, então, apenas se adaptava às mudanças de sua vida resiliente e agradecido porque as coisas que ele tinha e as que não tinha eram todas fruto de suas escolhas e suas escolhas até agora o levaram a caminhos iluminados que o conduziam cada vez mais para o topo, mas também a caminhos que ele não gostava tanto assim, como estar morando sozinho em uma cidade que não conhecia muito bem, mas nunca deixava de acreditar que as coisas talvez acabassem convergindo de alguma forma e fazendo algum sentido no final de tudo.

ALGUÉM COMO VOCÊWhere stories live. Discover now