❖ Capítulo 30 ❖

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Mark


Quando eu ainda era uma criança, não me lembro a idade certa, presenteei a mamãe em um de seus aniversários com um vaso de tulipas vermelhas. Recordo-me que na época não sabia o que lhe dar de presente, então na véspera do aniversário sai pelas ruas do bairro acompanhado pelo senhor Paul, já que papai estava em uma viagem de negócios e só chegaria no dia seguinte.

Eu disse que queria algo tão bonito quanto ela e foi assim que acabei parando na floricultura. A mesma floricultura que levei P'Vee para comprar o bonsai. Na época ainda não haviam plaquinhas em cada planta com seus nomes e significados, então eu apenas escolhi por causa da beleza e do perfume.

Acho que foi o primeiro presente que comprei em teoria sozinho. Mamãe ficou tão feliz com as flores que me encheu de beijos e alguns dias depois as transferiu do vaso para um jardim no quintal, que desde então só aumentou. Aumentou o suficiente para trazer outras mudas para a fazenda. Mas, o que eu não sabia naquela época e só fui descobrir adolescente foi que: essas foram as flores que papai deu à mamãe quando descobriu que ela estava grávida de mim, assim como foram as flores que ele deu a ela logo após o meu nascimento. O ano em que eles descobriram que eu existia e que eu vim ao mundo, foi também o ano em que eles completaram o décimo primeiro ano de casados.

Hoje ela tem um canteiro inteirinho destinado apenas a essas tulipas, e ele se tornou um espaço só meu e dela, talvez mais meu sentimentalmente falando do que dela, porque estar aqui e ajudá-la a cuidar era uma forma de nos manter ainda mais conectados.

Nunca trouxe ninguém nessa área, ninguém além da família e o pessoal que trabalha aqui. Mamãe ainda traz outras visitas para admirar as plantas que ela tem tanto carinho. Mas hoje resolvi trazer P'Vee.


O tempo começou a mudar para chuva como P'Vee havia dito. Algumas nuvens escuras principiaram no céu, ameaçando ceder, mas o sol ainda insistia em brilhar em um pequeno ponto. Um pequeno espaço que faria valer a pena a vista se conseguirmos chegar onde eu pretendia a tempo.

Não demorou para que chegássemos e aquele campo vermelho inundasse nossas vistas.

"Chegamos" disse a ele ao apear o cavalo e caminhar até o balanço coberto, todo em madeira, que ficava de frente para as flores.

"Que lugar lindo"

"Uhum, o vermelho é bem vivo né?" sento no balanço e sinalizo para que se junte a mim.

"É bem mais bonito de perto, do que visto da estrada" ele prestava atenção.

"Veja, o pôr do sol daqui também é bonito" aponto para onde o sol estava se pondo.

A imagem estava realmente bonita, o sol se pondo alaranjado, combinado com o vermelho vivo das tulipas e o azul escuro das nuvens carregadas de chuva que pareciam querer engolir os resquícios de luz do dia.

"Conseguimos pegar" Vee se recostou no balanço, estendendo o braço no apoio.

"O finalzinho dele mas pegamos" sorrio.

"Mark, venha aqui" ele me chama para me acomodar junto a ele e eu o faço "o finalzinho, mas o que importa é que estamos vendo, não é?" seu braço passa por cima dos meus ombros.

"Uhum" concordo apoiando minha cabeça em seu ombro "esse era o lugar que eu queria te mostrar"

"O seu lugar especial?"

"Sim..." aponto para as flores "isso aqui tudo começou por um acaso do destino."

"Como assim?"

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