❖ Capítulo 11 ❖

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MARK


Saio do elevador no terceiro andar, meu andar, carregando a bolsa de P'Vee. Durante o breve percurso do térreo até aqui P'Bar nos chamou para beber em seu apartamento, logo concordamos afinal hoje é domingo, não haviam outros planos, além de ser uma "comemoração" pela engenharia ter ganhado a viagem para praia.

Deixei que P' fosse na frente com os outros dois e vim guardar suas coisas. Ao deixar o elevador, vejo uma pessoa pequena agachada próximo a porta do meu apartamento, uma pessoa com o jeito delicado como uma flor, ou um vidro que pudesse ser quebrado facilmente. É Fiat, meu último ex namorado.

Respiro fundo antes de decidir me aproximar. Nosso término não foi traumático, nem baseado em traições, mas nunca mais voltamos a nos ver depois disso. Fiat simplesmente conheceu uma outra pessoa, mais velha e se interessou por ele, naquela época parecia ser recíproco o interesse. Hoje fazem o que?! Uns oito, dez meses ou quem sabe um ano, desde que tudo aconteceu, não me recordo direito. Não faço ideia do que pode ter ocorrido para que ele viesse até aqui, afinal de Pathum Thani a Bangkok demora cerca de três horas, já que ele não dirige.

"Fiat?" chamo seu nome quando me aproximo da porta.

"Mark!" o garoto delicado se levanta do chão e salta em minha direção, envolvendo seus braços em torno do meu pescoço e escondendo seu rosto em meu ombro.

Com a surpresa e impacto deixo a bolsa de Vee cair no chão, e por reflexo seguro na cintura de Fiat, tentando apoiá-lo e assim evitar que nós dois caíssemos no chão.

"Fiat? O que aconteceu?" torno a chamar seu nome. Ele sempre foi um rapaz sensível e emotivo, mas era a primeira vez que o via com uma expressão tão sofrida.

"Eu... meu... o P'...." por mais que ele tenta-se formular uma frase para me contar, os soluços que irradiam de seu peito não o deixavam concluir, e isso pareceu apenas piorar toda a situação, porque Fiat se derramou em lágrimas logo em seguida.

"Respire" minha mão alisava suas costas e dava leves tapinhas tentando conforta-lo "se acalme, só assim vou conseguir entender o que aconteceu."

Ficamos um tempinho nessa posição, parados em frente a porta do meu quarto, depois de deixar as lágrimas escorrerem um pouco, Fiat se afastou e tentou enxugar as lágrimas que estavam espalhadas pelo seu rosto.

"P'Mark pode conversar comigo? Eu..." seus olhos vermelhos de tanto chorar procuram meu rosto e logo observam o corredor onde estamos "eu... posso entrar?"

"Podemos conversar" concordo com a cabeça enquanto ajeito minha camisa que agora está molhada e toda amassada.

"Por favor, P'!"

"Mas não aqui..." P'Vee provavelmente não voltaria agora, mas caso precisasse voltar e encontrasse essa cena, seria difícil explicar, tanto para ele quanto para Fiat. Não que eu precisasse dar explicações para alguém, afinal não estava fazendo nada, mas mesmo assim seria melhor evitar maus entendidos. "Vamos conversar na cafeteria em frente ao prédio." Deixo as coisas de P'Vee no quarto e acompanho Fiat até a cafeteria.


Fiat e eu, nos conhecemos e começamos a namorar ainda no colegial. Eu estava cursando o último ano, enquanto ele estava no penúltimo. Na época, ele definitivamente fazia o meu tipo ideal, pequeno, delicado, o tipo de pessoa que precisava ser protegida. E sim, sempre me relacionei com pessoas que se encaixavam neste perfil. Sempre fui o tipo de parceiro que queria proteger e cuidar, fosse emocionalmente ou fisicamente.

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