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A luz do sol, invadia o quarto e a claridade incomodava os meus olhos. Coloquei a mão tentando miseravelmente me proteger da luminosidade e aproveitei para estralar todo o corpo. Ouvi um som extremamente bom vindo do andar de baixo, então corri para o banheiro, tomei banho, fiz todas as higienes matinais e desci as escadas, a fim de ver de onde vinha. Mas a cada passo que dei, percebi que aquele som era de violino. Então um frio na barriga tomou conta de mim, e eu me tornei hesitante mas ainda sim, continuei andando.

— Eu te acordei? — Ele parou de tocar, assim que eu apareci na porta. — Eu criei esse hábito...  tocar toda manhã. Me desculpa. — Eu o olhei dos pés a cabeça. Ele estava de calça moletom cinza e blusa branca. Pijama.

— Essa casa é sua. — Eu falei ríspida. — Não tinha qualquer outro lugar no planeta, para cavarem um buraco e me esconder?—  Eu o encarei.

— Eu comprei essa casa recentemente. — Ele continuava calmo. — Como ninguém sabe disso, achei que seria o melhor lugar para te proteger.

— Você sempre fala de proteção e vive machucando quem quer tanto proteger. — Eu balancei negativamente a cabeça.

— Você nem me deu a chance de me explicar. — Eu estava vendo, ele estava tentando ter calma. Será que finalmente está tratando o transtorno? Parei de pensar nele.

— Eu não quero nenhuma explicação. Eu cansei disso. As pessoas, elas se cansam. — Eu fechei os olhos por uns segundos. — Eu estava decidida em brigar, mas quem me recepcionou foi outro Hastings.. então eu lembrei que já ouvi explicação sobre drogas, sobre mentiras, sobre noivas, sobre tudo. E veja onde eu estou.. perdendo meu tempo, presa em uma casa por que estou sendo ameaçada de morte. — Eu o olhei. — E só o que eu fiz, foi aceitar suas explicações. — Eu hesitei. — Foi amar você, também.

— Foi..?

— O que? — Meu tom automaticamente baixou.

— Foi me amar.. no passado. — Ele me olhou. — Quer dizer que, agora.. você não me ama mais? — E todo o muro que eu havia construído mentalmente entre nós dois, perdeu um bloco. Mas ele não podia saber disso.

— Te amar foi, complicado. — Eu engoli a seco. — Deixar de te amar foi... doloroso. — Eu o olhei fixamente. — E quando eu finalmente estava bem, você apareceu e destruiu tudo. — Ele deixou o violino de lado. — Então, sim.. está no passado. — Eu menti descaradamente e ele se levantou e veio em minha direção.

— Tem algo que eu possa fazer, pra mudar isso? Meg... — Ele me olhou, e parecia desesperado. — Esses dois anos, tudo que eu fiz, foi tentando acabar com todo esquema de uma forma que você não se prejudicasse. Por favor, me escuta.

— Eu ri. — Você me deixou sozinha e sem notícias durante dois anos. Você não tem noção de tantas coisas que pensei, eu achei que eu fosse o problema! — Passei a mão nos cabelos, tentando me acalmar. — Você tanto me protegeu e veja só, onde eu estou agora!

— Eu errei, eu sei. — Ele soou derrotado. — Eu não podia me comunicar ou te ver, por que sabia que eles estavam desconfiados de mim. Eu não queria que eles soubessem que você é minha maior fraqueza e também a pessoa que eu considero mais importante na minha vida.

— Que pena. Seu plano não deu tão certo.  — Eu sai da sala e subi as escadas rapidamente. Meu coração dói e as lágrimas querem rolar. Mas eu precisava ser forte, ao menos na frente dele. Ouvi um grito e em seguida algo quebrando. Enquanto eu tentava ser forte, ele tentava não sentir raiva, dele mesmo.

(...)

— Tudo bem, Senhor.. eu posso alterar isso, sem problemas. — Eu escutava meu chefe falar, enquanto atualizava uma planilha que ele havia me enviado duas horas atrás. — Eu, não estou podendo sair esses dias, eu estive um pouco doente. — Menti, eu não sabia como tinham conseguido meu home office, mas isso foi a única coisa que eu consegui inventar e me sentia mal por isso. — Tudo bem, nos falamos em breve.

Desliguei o celular e o joguei na cama, enquanto estava sentada na escrivaninha, em frente a janela. O dia estava lindo e ensolarado. E eu estava trancada em um quarto, sendo vigiada. Eu gritei. E bati na mesa. Eu poderia matar o Mikael. Matar!

— Megan, tudo bem?! — Ouvi a voz do tatuado do outro lado da porta. — Megan, aconteceu alguma coisa? — Eu suspirei pesado.

— Eu só.. estou trabalhando. — Limpei a garganta. — Não precisa se preocupar, eu estou segura aqui. — Falei um pouco alto para que ele me ouvisse e retornei a visão para o computador. Ou seja, nem surtar sem causar preocupações, eu posso.

(...)

— Como é o nome de vocês? — Eu estava na varanda, ao lado dos dois seguranças que estavam prestes a revezar. Enquanto um cuidava dos arredores da casa o outro permanecia na porta.

— Eu sou o Tomás e ele é o Hélio. Estamos aqui para ajudá-la no quer for necessário. — Eu estava tão entediada, que iniciei uma "conversa" com os seguranças. Suspirei pesado.

— Eu sou a Megan. Espero que a gente não passa muito tempo juntos. — Eles se entre olharam e em seguida me olharam. — Quer dizer, não por vocês. — Eu ri sem graça. — A situação e... — Eles ainda me olhavam. — Eu vou deixar vocês trabalharem. — Eu sorri. — Até mais. — Eu entrei na casa e fechei a porta atrás de mim. — Eu tenho algum tipo de problema? — Sussurrei e percebi que não estava sozinha na sala. Quanto tempo eu vou conseguir ignorar ele? Encarei o teto.

— Você sabe, tem uma biblioteca.. uma sala de música.. uma piscina. — Ele me olhou. — Você não precisa começar uma conversa sem nexo com os seguranças. Você também tem a mim, para conversar. — Eu cruzei os braços e o encarei.

— Quando?

— Quando... O que? — Ele parou de ler e me olhou.

— Quando eu vou poder sair daqui e ficar o mais longe possível de você?

(...)

Losin GameOnde histórias criam vida. Descubra agora