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  Marie me levou para um café ali perto, pediu chá e alguns biscoitos amanteigados. Enquanto eu, pedi bolo com bastante chocolate — como quase sempre —. Ela parecia tão jovem, eu sou parecida com ela... Parei de analisá-la quando percebi que ela me encarava com os lábios em um enorme sorriso.

— Eu tenho muitas perguntas. — Quebrei o silêncio. E ela, continuou com o sorriso.

— Ficarei feliz em responder todas elas. — Eu suspirei pesado.

— Por que me deixou com a Rita e por que nunca me procurou? — Ela suspirou pesado e me olhou. Eu precisava ser direta.

— Eu não podia cuidar de você. — Os olhos daquela mulher se encheram de lágrimas em questão de segundos. — E-eu.. eu fui deixada com meu pai, quando minha mãe sumiu. — Ela olhava para cima, tentando não deixar as lágrimas caírem. — Anos mais tarde, descobri que a mulher a qual eu admirava e amava, havia deixado a própria família, para poder ser freira. — Ela riu incrédula. — Não imagino como Deus pode ter visto isso de bom grado. — Ela parou de falar, quando a moça apareceu com nossos pedidos.

Ajudei a garota e sorri assim que terminei de colocar as comidas na mesa. Foi o tempo necessário para que a Marie pudesse respirar e se concentrar em contar a história, sem cair nos prantos.

—  Então, após ser deixada.. meu sonho era construir minha própria família. — Ela bebeu um pouco do chá. — E com quatorze anos eu conheci o Augusto. — Ela deu um riso triste. — Augusto se tornou rapidamente aquele em quem eu confiava de olhos fechados. E não importava o que acontecesse, eu sabia que nós dois estaríamos juntos... Mas eu estava enganada. — Ela me olhou. — Seu avô morreu de câncer, e nós não tínhamos condições de tratar a doença. E eu, sozinha... descobri que estava grávida. Eu espero que você me perdoe por ter te deixado com ela... Mas.. eu não sabia o que fazer. — Ela foi vencida pela enorme vontade de chorar. E eu não sabia o que dizer para confortá-la.

— Sinto muito que tenha passado por tudo isso..

— Não sinta, tenho certeza que seu crescimento não foi um conto de fadas com a Rita ao lado e toda aquela doutrina. — Ela
pegou na minha mão. — E, eu nunca voltei..  por que eu e ela tínhamos um acordo.

— Qual acordo?

— Eu jamais te procuraria.. esperaria o dia em que ela te deixasse vir até mim.

— Doentio. — Comentei.

— Eu não pensei, eu só.. concordei... Jamais saberei se foi a decisão certa, mas... Se eu errei foi tentando acertar...

(...)

   Depois de algumas dúvidas e momentos sentimentais entre eu e minha mãe, trocamos abraços, números e projetamos nos encontrar... Ela me falou sobre seu marido e seus dois filhos. O meu encontro com ela foi, bom e esclarecedor. No fim, eu não tinha sido abandonada, eu estava sendo protegida e de repente tudo que eu passei no convento, com a Rita.. foi resumido a nada, por que entendi o ponto de vista de uma adolescente sozinha e com uma criança nos braços. Suspirei pesado. Tendo resolvido isso, acho que está na hora de voltar para o campus.

(...)

— Por uns dias não me senti completamente sozinho. — Colin estava me colocando dentro de um táxi. E eu sorri para ele. — Eu gostei de ter uma amiga. — Eu o abracei.

— Não fala assim, eu quem tenho sorte com amigos. — Senti seus braços me apertarem. — Não pensa em entrar na faculdade? — Eu o encarei sugestiva e ele riu.

— Desisti, quando precisei cuidar dos hotéis. — Ele suspirou pesado. — Mas, eu vou ir te visitar e agora que você encontrou sua mãe... — Ele me olhou com uma expressão animada. — Sempre, sempre vai vir a Tierce, ficar hospedada no último quarto, comigo. — Eu sorri.

— Obrigada Colin. — Ele apertou minha mão. — Eu voltarei em breve. — Ele me abraçou uma última vez, e depois fingiu estar limpando as lágrimas. Eu o observei até que a distância o fizesse desaparecer. Eu tinha sorte. Sorte com amizades e azar no amor. Amor. Só em pensar no sentimento, lembro dele. E só em lembrar dele, sinto um aperto no coração. Por que sofrer parece uma regra obrigatória referente ao amor...? Eu preciso, continuar trabalhando, vivendo minha vida, estudando... Sem me afogar novamente nesse sentimento, principalmente por ele.

(...)

— Eu fiquei preocupado. — Richard estava sentado de braços cruzados, em frente ao bloco A, me esperando.

— Desculpa, pai. Eu aviso da próxima. — Debochei e ele revirou os olhos, se levantando e passando o braço pelos meus ombros.

— Eu estou falando sério, Megan. — Ele me olhou. Por que estranhamente ele está sério demais?

— Eu sei que você me localizou por causa do meu celular, sabia exatamente onde eu estava, o tempo todo. — Ele concordou em silêncio.

— Você deveria ter escutado ele. — Franzi o cenho.

— Richard..? — Ele suspirou pesado. E ficou em silêncio, enquanto subimos os degraus e nos aproximávamos do meu quarto. — Não vai me dizer o que está acontecendo?

— Eles vão te mostrar. — Ele abriu a porta do quarto, revelando quem estava lá dentro: Jade, Erick, Mia, Castiel e Hanna.

— Graças a Deus, você está bem. — Erick pulou da cama e me abraçou preocupado.

— Vamos, nós não temos muito tempo para perder. — Castiel segurou minha bolsa de costa e ficou em pé ao lado do Erick, em minha frente.

— Eu não estou entendendo nada. — Eu disse tentando olhar para a Jade.

— Amiga. — Jade finalmente veio até mim, tentando manter a calma. — Não é seguro pra você, continuar aqui no campus. Os meninos vão te deixar, onde você deve ficar.

— O que...?

— Os DiMarcos, Megan. — Mia quebrou o silêncio que se instalou rapidamente naquele quarto. — Eles estão, atrás de você.

(...)

Losin GameWo Geschichten leben. Entdecke jetzt