#48# JOSH

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QUE RAIVA DO JOSH😡😡😡....




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Aproximei a dose de uísque do nariz e senti o seu aroma antes de tomar uma única gota, deixando que ela escorresse pelas papilas gustativas da minha língua e me revelasse completamente todo o sabor contido na bebida.






— O que acha, senhor? — perguntou o gerente de produção parado diante da minha mesa, esperando a minha resposta a respeito do novo blend que estavam testando.





— Acho que está frutado demais, doce. O aroma é bom e o sabor também, mas está suave demais. Que queria algo mais marcante. Mais forte.








— Compreendo. Iremos fazer novos testes. — Ele pegou a garrafa e o copo que estavam na minha frente. — Em breve, terei novos resultados para mostrá-lo.







— Obrigado.




Antes que o homem saísse do meu escritório, vi meu telefone vibrar sobre a mesa e o nome do Wallace aparecer no visor. Fiquei surpreso, pois ele não tinha o costume de me ligar, geralmente falava o que precisava antes que eu saísse do castelo pela manhã. Deveria ser algo urgente que não poderia esperar o meu retorno.




— Alô!



— Senhor, lamento perturbá-lo, mas imaginei que gostaria de ser informado sobre o que aconteceu.






— O que aconteceu, Wallace? — O tom de voz dele havia me deixado tenso ao ponto de segurar o celular com mais força.




— Any desmaiou, eu a trouxe para a clínica do Donald Scott, na vila.






— Ela está bem? — O ar desapareceu dos meus pulmões.






— Ainda não sei, o médico está a examinando. Elga e eu estamos aqui com ela.







— Eu já estou indo. — Empurrei a cadeira para trás e me levantei num salto.







— Estou aguardando o senhor aqui.






— Obrigado por avisar.







Joguei o celular dentro do bolso e saí do meu escritório na destilaria sem pensar duas vezes. Senti um aperto desconfortável dentro do peito e uma pontada que doeu. Pensar que a Any estava doente, seja lá qual fosse o motivo, me deixou desesperado. Lutei contra aquele sentimento, mas não consegui. Já era tarde demais, eu havia me apegado demais a presença dela e não queria perdê-la.







— Não sei se volto hoje — avisei para alguém na produção antes de seguir porta afora.







Fui até a entrada da destilaria e entrei no carro. Dirigi para o vilarejo com menos de mil habitantes, que era o mais perto de uma civilização que havia próximo ao castelo. Inclusive, boa parte dos funcionários da destilaria morava lá, tendo o negócio da minha família como o principal gerador de empregos na região por séculos.







Durante o percurso, fiquei me perguntando porquê Wallace não colocou a Any no helicóptero e a levou até Edimburgo. Um desmaio deveria ser uma coisa séria. Ela precisava de atendimento especializado.






Desci do carro, após pará-lo de qualquer jeito na porta e segui para o interior da clínica.






— Senhor? — Ouvi a voz da Elga, mas a ignorei, procurando pelo Wallace.





— Onde está a Any? — Parei diante do meu empregado.






— Ela está com o doutor lá dentro do consultório, aguarde um pouco que ele irá chamá-lo — disse uma enfermeira sentada atrás do balcão.








Não queria aguardá-lo, rosnei para ela, mas a minha cara feia não a intimidou. A enfermeira apenas apontou para um banco de aço com um estofado gasto, esperando que eu me sentasse nele. Porém, antes que eu a obedecesse, o médico abriu a porta e olhou para mim.






Ele era um homem velho, na faixa dos sessenta anos, com poucos cabelos brancos e olhos azuis. O leve sorriso que ele tinha nos lábios estranhamente me deixou mais calmo.








— Senhor Beauchamp, há quanto tempo?





— Como a Any está?





— Entre, por favor. — Ele abriu mais a porta para que eu pudesse passar por ela e percebi que Any estava deitada sobre uma maca, mas estava acordada. Isso aliviou um pouco mais a pressão do meu peito.






— Como você está? — Fui direto nela e segurei as suas mãos entre as minhas.






— Eu estou bem. Disse para a Elga que foi só um mal-estar passageiro.





— Ninguém desmaia por nada, Any. — Lancei um olhar severo para ela, realmente estava preocupado. 






— Não foi por nada — disse o médico –, mas não é nada com que devam se preocupar, na verdade, é uma boa notícia.







— Desde quando um desmaio é uma boa notícia?! — Cerrei os dentes.









— Vertigens, enjoos, e até mesmo desmaios são sintomas da gravidez. Pelo ultrassom, o embrião tem aproximadamente nove semanas.






— Gravidez? — Soltei a mão da Any e afastei alguns passos para trás, tonto e desnorteado, como se tivesse sido acertado em cheio por um coice.







— Não, eu não posso estar grávida. — Any balançou a cabeça em negativa. — Tenho tomado o anticoncepcional todos os dias, assim como a ginecologista me indicou, tem três meses.







— Esses métodos contraceptivos não têm cem por cento de eficácia, há casos de mulheres que engravidaram mesmo utilizando. Além disso, se faz apenas três meses que começou a tomar, a gravidez ocorreu durante o primeiro mês, onde a proteção do medicamento não é efetiva. É recomendado ao menos um ciclo do medicamento antes de ter relações sexuais sem outros métodos contraceptivos.





Depois da surpresa, veio a raiva.





— Você fez de propósito?!




— josh, não! — Ela tentou se levantar da maca, mas pareceu ainda um tanto tonta para ficar de pé.









A fúria me fez cerrar os punhos e os dentes. Não acreditava que tinha feito tudo o que fiz por ela para que a Any  tentasse dar um golpe da barriga, assim como a minha mãe fez com o meu pai.







— Eu não sou um idiota... — balbuciei ao me afastar alguns passos, até dar as costas e deixar o consultório.





— Senhor! — Elga gritou e tentou segurar o meu braço, mas me esquivei dela e voltei para o carro.




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Bjs ......

Comprada por JOSH ( ADAPTAÇÃO )Where stories live. Discover now