10. Reflexões Hodiernas de um Gado Poeta.

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Todos, menos ele. Menos o loiro de undercut, o pseudonaruto com a porra da boca mais incrível desse universo.

Eu não sabia que caralho de superpoder ele tinha; era um combo irado de Aizawa Shota e Bella Swan, com habilidades sinistras de anular uns manés. Se ao longo da vida eu havia me dedicado a fortificar cada uma das minhas paredes, Park Jimin fodeu com todas elas e precisou de pouco menos que simplesmente existir para isso. Em suma, um trabalho de anos reduzido à bosta; esforços infinitos praticamente pulverizados pela Calypso de araque e aqueles olhos bonitos que me atravessavam como katanas.

Para todos os casos, Jimin era o lembrete diário de uma lição que nunca fiz questão de aprender: "O mundo não gira ao redor da sua pica". Fonte: ele mesmo.

Não estava errado, para ser honesto. Se cada partícula do meu corpo sumisse toda vez que eu me fizesse de epicentro para qualquer tópico imaginável, puts, cadê eu? Essa mania de perseguição se torna síndrome de estrelismo na boca do povo e, não à toa, é preferível engolir a merda toda ao invés de arriscar ser taxado de arrogante. Ninguém quer pagar pra ver, você sabe; e não seria eu o idiota a prestar contas quando sabia que aquela nunca tinha sido uma via de mão dupla. Estava muito bem apenas agindo como se não fosse um filho da puta em tempo integral com crises severas de paranoia, obrigado.

Apesar de tudo — de toda a conformidade arrastada pelos anos —, não poderia só dizer que não seguiria uma receita se houvesse uma. Era o tipo de simplicidade que eu não poderia me dar ao luxo de negar, porque ninguém em sã consciência opta por viver uma mentira, ao menos não sem o empurrãozinho amigo da negligência paternal. Não que isso justificasse minha babaquice crônica — essa nunca nem foi a intenção, em primeiro lugar —, mas explicava boa parte do pânico de relações afetivas e a compulsão por isolamento emocional.

De clássico, meu bicho papão nunca teve nada — e essa era apenas uma das inúmeras características incomuns das quais eu não me orgulhava. O medo-mor de uma criança saudável não deveria ser a possibilidade de a desmascararem como farsa, ou o de ser subitamente invalidada por coisas quase tão abstratas que acabavam se tornando simplesmente existir.

Carreguei o receio de destruição iminente por bons longos anos. É o tipo de pacote que se adquire em conjunto, nunca à parte: dissimular o papel de garoto perfeito demandava as consequências de viver à sombra do medo, porque máscaras estão sempre postas à mercê do acaso, passíveis de cair. Nunca esteve — ou nunca pareceu estar — ao meu alcance desviar desse caminho; de alguma forma, em algum momento, aquela mentira apenas passou a fazer parte de mim como um órgão vital cuja manutenção era indispensável. O medo resultava na máscara; a máscara, no medo. Era uma interdependência problemática, um ciclo de angústia já tão inerente a mim quanto a certeza de que morreria algum dia.

Havia ele, no entanto. O loiro esquentado.

Anexar um rosto bonito ao talento perigoso de contestar supostas fraudes era uma estratégia inteligente para me fazer um ataque pessoal; em essência, Jimin sempre foi pura e substancialmente isso: um ataque pessoal. Dos dedos dos pés até a última raiz perolada de cabelo, ele era inteiramente composto por moléculas de guerra, especialmente articulado para me confrontar e confrontar quaisquer teatrinhos dos quais eu ousasse dispor.

A máscara à qual minha identidade vazia se prendia, diante dele, nunca valeu de porra nenhuma.

O lance é que se toda tempestade emerge de um impulso, de algum jeito muito sinistro, Jimin sempre foi capaz de ver o meu, embora não o entendesse, porque isso seria pedir demais e ele já estava indo muito bem apenas sabendo que eu era um problema, considerando sua inclusão na estimativa dos 1% de pessoas aptas a identificar cuzões de elite — uma categoria criada por mim para incluir... eu. Não era como se conhecesse muitos da minha espécie, para falar a verdade.

NÃO CONFIE NELE  • jjk + pjmWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu