Parte 9

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Já fazem semanas desde o dia que deixamos o castelo. A criança já até falou pela primeira vez, e riu tanto que botou fogo em uma árvore. Tivemos que correr depois, por conta da fumaça. 

Estamos chegando a fronteira do reino. A parte mais difícil. 

- Podemos fingir que eu sou um prisioneiro. 

- Relatariam ao rei. E como iriamos explicar a criança? 

- Não tem muitos modos de se explicar uma criança Merida. Gales fala, e me olha com aqueles olhos engraçadinhos. 

- Há, muito engraçado. A princesa teve um caso com o prisioneiro, e está levando ele e a sua criança ao sul para? Silêncio. - Foi isso que pensei. 

- Podemos entrar na linha de contrabando. Com o ouro que temos nos bolsos não seria díficil entrar em uma carga e ir rumo ao reino sul. 

-Eu posso ajudar vocês com isso. Fala uma voz, a nossa direita. 

E antes que eu faça qualquer coisa, Gales já está com uma faca sob o pescoço da menina. 

- Quem é você? Ele pergunta, e aquela expressão alegre desaparece, e raiva toma conta de seu rosto. 

-Julie Pye. Contrabandista de escravos, a seu dispor. 

- Como assim contrabandista de escravos? Pergunto, séria. Nunca havia ouvido algo como assim antes. 

- Os escravos do seu reino juntam dinheiro desde a infância para me pagar, e assim saem do país, livres. Sabe, venho seguindo vocês a semanas. Evitei que aquela árvore incendiada, apagada as pressas, pegasse fogo novamente. Vocês deveriam agradecer. Evitei um incêndio florestal, que seria culpa dessa criança. Faz muito tempo desde que vi um portador de magia e...

- Quieta. Sibilou Gales, irritado. 

Gales amarrou a garota, Julie, em uma árvore. E veio em minha direção com um olhar preocupado. 

- O que faremos? Ela pode ser uma espiã do rei, e nos levar diretamente até as garras dele, nos levando ao fim. 

- Mas ela pode estar contando a verdade Gales. É só uma garota... 

- Uma garota contrabandista. Que ganha dinheiro com o sofrimento dos outros. 

- A liberdade vale tudo Gales. Fala isso porque nunca se sentiu preso alguma coisa. Quando você finalmente se solta é como respirar pela primeira vez. Eu sei o que é isso. Essa necessidade. 

- Eu sei que sabe. Mas, faremos o que? Confiaremos na garota?

- Não, mas faremos ela acreditar que sim. Se não estiver mentindo, ótimo, mas se estiver, fui treinada minha vida inteira para tratar de traidores. Ficaremos de olho nela, um passo em falso e será seu fim. 

Vi o rosto de Gales se transformar em medo. De mim. Isso sou eu. Uma arma, criada, moldada para intimidar, manipular. 

- Julie, nos leve ao sul. Digo

- E te pagaremos o triplo. Completa Gales. E me olha com um olhar divertido, aterrorizante. 

- Ótimo. Ela fala - Já estava na hora de me aposentar mesmo. 

E assim seguimos. 

A princesa perdidaWhere stories live. Discover now