Epílogo

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N/A: olha quem voltou! Leiam as notas finais, ok?

Eu corria o mais rápido que conseguia por entre as árvores, mas mesmo assim não parecia veloz o suficiente. Escutava sua respiração ofegante bem próxima, assim como o barulho de seus passos. Minha garganta queimava e meus pulmões precisavam de ar urgentemente, mas eu não poderia parar agora. 

De repente, minhas pernas perdem velocidade e eu não conseguia fazer com que elas voltassem a se mover corretamente; como se houvesse um peso imenso em meus pés, que me impedissem de correr. 

Tentei gritar por ajuda, mas pela minha boca saiu apenas um sussurro. Lágrimas se acumularam e transbordaram pelos meus olhos e mancharam minhas bochechas. 

Meu corpo tremeu ao sentir seu braço ao redor do meu pescoço e seu rosto colado ao lado do meu. Por algum motivo não conseguia me mexer e por alguns segundos apenas minha respiração rápida e curta era ouvida; até ele quebrar o silêncio.

"Não tem como escapar, filhinha." O aperto ao meu redor se intensificou.

Com um balanço súbito, acordo de repente. Meu corpo tenso se ajeita no banco de trás do carro e passo a mão pelo meu rosto, percebendo o suor em minha testa. Tento me acalmar ao perceber que aquilo não passou de um pesadelo. Mais um dos frequentes devaneios com aquele homem e aquela floresta. 

Ao perceber minha movimentação, mamãe me direciona um olhar do banco da frente e esboça um sorriso tranquilizador. 

Tenho evitado falar com meus pais desde o ocorrido. Naquela noite, meu pai biológico, o qual eu nunca tinha sequer ouvido falar, tentou nos matar. E meus pais sabiam da possibilidade de John ser meu perseguidor e não contaram isso nem para a polícia. Eles preferiram manter seu segredo a evitar o pior.

John quase conseguiu, afinal, Harry e eu perdemos muito sangue, mas ainda não era nossa hora. Se Harry não tivesse enviado uma mensagem descrevendo o carro daquele homem e deixado o GPS de seu celular ligado antes de ser levado junto comigo, ninguém teria nos encontrado a tempo.

Meu psicólogo tem me ajudado a tentar superar aquele trauma, mas é difícil esquecer. Harry também está fazendo tratamento e nós tentamos nos ajudar. Tenho passado mais tempo com ele do que com qualquer outra pessoa.

Alex tem me recebido em seu consultório uma vez por semana há três semanas; já melhorei bastante, entretanto, ainda não 'dei uma chance' para meu pais, como ele costuma falar.

Logo avisto a placa indicando que estamos chegando a Holmes Chapel e olho para trás para ver o carro de Harry nos seguindo. Meus pais insistiram para que eu voltasse com eles ao invés de vir com meu namorado. 

Estamos voltando de Londres, mais especificamente do tribunal. Os policiais de Holmes Chapel e meu advogado haviam me informado que isso não passaria de uma formalidade, já que toda a investigação e evidências provaram que eu agi em legítima defesa, sendo assim minha conduta não seria tratada como crime. Dessa forma, o inquérito foi arquivado e eu continuo sem antecedentes criminais. 

Mesmo assim, foi um grande estresse para todos. 

"Filha..." Minha mãe chama minha atenção. "Você não tem estado conosco nos últimos dias e nós queríamos te dar algum espaço." Ouço meu pai suspirar e apenas continuo olhando para a janela. "Mas nós precisamos conversar."

"Vocês querem conversar agora?" Contra minha vontade, lágrimas umedeceram meus olhos. Essa era a maior frase que eu tinha falado até agora, e por mais que eu estivesse com raiva sabia que precisava do apoio deles.

"Serena, por favor." Meu pai pediu e eu peguei seus olhos pelo retrovisor. 

"Por que não falaram antes? Por que nunca me contaram que você não é meu pai biológico e que sabiam da possibilidade de ser ele atrás de mim?" 

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