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Minha consciência vai voltando aos poucos e sinto que estou sendo carregada. Aperto meus olhos antes de abri-los e eles parecem pesados, e meu corpo ainda está meio fraco.

Antes que eu possa tentar qualquer tipo de movimento brusco, sou colocada em um lugar duro, uma cadeira. Minha cabeça pende para trás e minhas mãos são imediatamente amarradas um pouco para trás, uma de cada lado do meu corpo junto ao encosto de metal gelado, assim como meus pés que são envoltos por algo e colados à cadeira.

Meu pescoço é envolvido pela sua mão e ele levanta minha cabeça. Meus estômago está enjoado e minha cabeça doendo um pouco.

"Beba." Ordena uma voz gasta e forte. Sinto algo encostar em meus lábios e logo o líquido desce pela minha garganta. A água não está gelada, nem perto disso, mas já é um alívio para minha boca seca.

Pisco mais algumas vezes e minha visão já está voltando ao normal, meus olhos já não pesam como antes. Consigo, então, examinar aonde estou. Em minha frente há um armário velho, ao lado esquerdo, uma mesa com uma gaveta e a garrafa de água sobre ela, as paredes não tem tinta e são apenas cobertas por cimento. Não consigo olhar para trás, então viro a cabeça para minha direita.

Meu coração vem na boca quando vejo Harry sentado em uma cadeira ao meu lado. Nesse momento a lembrança de ter o visto perto da minha casa vem em minha mente; não foi uma alucinação, então. Ele esta amarrado, assim como eu, e sua cabeça está caída para frente, o cabelo tampando um pouco seu rosto.

"Harry" Chamo um pouco baixo. "Harry!" aumento meu tom e sinto meus olhos arderem.

"Ele já vai acordar." A voz do tal homem soa atrás de mim e eu tento virar para encará-lo, mas é em vão.

"O que você quer comigo?" Acabo gritando.

"Serena..." Meu namorado sussurra e eu o olho. Devagar ele levanta a cabeça e tenta manter os olhos abertos.

Como fez comigo, o homem, vestido totalmente de preto e com uma mascara da mesma cor, leva a garrafa de água até sua boca e o faz beber. Com o recipiente vazio, ele some da nossa frente e escuto o que parece ser uma porta sendo aberta.

"Ei, você está bem?" Involuntariamente tento levar a mão nele, mas não consigo.

"Sim." Harry me olha e tenta sorrir para mim.

"Desculpa." Me sinto culpada por tê-lo envolvido nisso tudo.

"Não começa com isso." Tenta se mexer, mas, igual a mim, não consegue.

Ouço a porta mais uma vez e um arrepio me percorre ao perceber que ele está voltando. O homem passa ao meu lado esquerdo e para apoiado na mesa, olhando para nós dois.

"Por favor, isso é comigo, deixa ele ir. Ele não vai falar nada, nem viu seu rosto." Tento convencê-lo a deixar Harry ir embora, ele não pode se machucar por minha causa. Só de pensar nisso meu estômago se revira e meu coração aperta. "Fica só comigo."

"Não!" Harry solta e eu arregalo meus olhos.

"Já chega..." O homem ri. "Isso é patético." Ele leva uma mão até a máscara e puxa o tecido para cima. "Agora ele me viu." Podemos ver a face do homem que tem estado atrás de mim esse tempo todo.

Olhos azuis chamam minha atenção; seu cabelo castanho claro está sem corte, mas a barba está totalmente feita; possui algumas rugas perto dos olhos e um nariz bonito. Um homem qualquer que passaria por mim na rua e eu não perceberia.

"O que... Quem é você?" Estou totalmente perdida, não o conheço. Ele sorri.

"Fico ofendido por sua mãe nunca ter falado de mim..." Ele leva a mão ao peito. "Me chamo John."

"Tá bom, porra, mas o que você quer com ela?" Harry esbraveja ao meu lado. Olho para ele alarmada.

"Você não deveria falar assim..." John se descola da mesa e se aproxima de nós. "Com o seu sogro, Harry."

Minha mente para por um segundo. Sogro. Sogro? Involuntariamente começo a rir.

"Desculpa, mas do que você está falando?" Solto mais uma gargalhada que logo sessa quando percebo que ele está irritado. "Do que você está falando?"

"Ah, pequena Serena. Sinto muito por ser assim que vamos nos conhecer." O homem passa a mão pelo meu rosto e eu tento me afastar. "Você é idêntica à sua mãe... Como? Por onde eu começo?" John se afasta e parece pensar. "O que você sabe sobre ela? E sobre você." Não respondo.

Sobre a minha mãe? Sei que ela fez faculdade em Nova York, mas se mudou para Inglaterra, porque sempre quis morar aqui, e foi em Londres onde ela e meu pai se conheceram. Então, se mudaram para cá para eu ter uma infância tranquila. Penso.

Olho para Harry e ele já estava me olhando. Só quero sair daqui com ele.

"Não vai me responder? Ok." John ri mais uma vez. "Então deixa eu te contar a verdade, filhinha." Ele insiste.

"Eu não sou sua filha!" John ignora.

"Em 2002, eu estava em um café em Nova York e conheci uma garota chamada Elizabeth. Ela era linda e logo começamos a namorar. No começo do ano seguinte, Beth me contou que estava grávida, entretanto, um tempo depois ela me deixou. Ela foi embora carregando o meu bebê junto o melhor amigo dela, Adam. Eu nunca mais a vi, até o ano passado, quando vi uma foto de vocês em um rede social. Foi difícil, mas encontrei."

Será que é por isso que meus pais insistiam tanto para eu não ter qualquer tipo de rede social? Não pode ser.

"É mentira!" Sinto meu rosto ferver e tento me mexer mais uma vez. "Você está mentindo."

John sorriu e se virou indo em direção à mesa. Olhei para Harry e neguei insistentemente com a cabeça. Só poderia ser uma grande mentira.

"Nós vamos sair daqui." Li em seus lábios.

Os dedos do homem agarraram minhas bochechas e viraram meu rosto para ele. John estava próximo e quando meu olhar se voltou para ele, um papel apareceu na minha frente. Ele soltou meu rosto e se afastou um pouco, permitindo que minha visão focasse. Assim, consigo ver a foto em sua mão.

Está um pouco gasta, mas dá para ver nitidamente as duas pessoas. Infelizmente, reconheço minha mãe, quase idêntica à mim, e ao seu lado está John. Os dois bem mais novos, com sorrisos no rosto.

"Está vendo? Acredita?" Ele tirou bruscamente a foto do meu campo visual e guardou na gaveta em que antes estava.

"Se for verdade... Você está fazendo isso comigo por que ela te deixou? Eu sei que é errado... não deixar o pai conhecer sua filha, mas..." Está tudo confuso na minha cabeça.

"Oh, não é por isso. Sem ofensas, não ligo para você. O problema é o que sua mãe fez antes de ir embora. E eu só quero que ela sofra." Arregalo os olhos e um nó se forma na minha garganta.

"O que... Ela fez? Por favor, nos deixe ir." Ele se aproximou.

"Serena, Serena..." Passou o polegar pela minha bochecha, aonde lágrimas escorriam. "Sua mãe me jogou na cadeia antes de partir. Tenho certeza que eles, Adam e ela, pensaram que eu nunca mais fosse sair."

"E se for, Adam?" Minha mãe soa aflita e isso me chama atenção. Caminho mais devagar.

"Como pode ser Elizabeth?" É a vez de meu pai falar. "É praticamente impossível!"

Lembro do pedaço da conversa dos meus pais e parece fazer sentido agora. Eles desconfiavam de desse homem e não falaram nada para ninguém!

"Eles só esqueceram, filha, que quando o inferno pega fogo o diabo não se queima." John sorri de uma forma sombria e aperta meu rosto tão forte que minhas bochechas doem.

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Para quem queria o fim da fic, não foi nesse capítulo kkkkkkk Mas está próximo...

Sobre o stalker: eu até dei essa dica da conversa dos pais, mas parece que ninguém tinha prestado atenção.

Vejo vocês no próximo capítulo!!

Beijos e se cuidem <3

StalkerOnde as histórias ganham vida. Descobre agora