Conto 4 parte 2

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O alarme da manhã soa alto e acordo sobressaltado. Me levanto e olho em volta e percebo que não estou no meu quarto. O quarto onde estou tem 2 beliches, todos ocupados por garotos sonolentos acordando para arrumar suas camas e começar suas atividades. Esfrego os olhos ao perceber que estou enxergando tudo meio sem cor mas não adianta. Me levanto e eles não reparam em mim.

Saio do dormitório apresado e os corredores estão cheios de alunos arrumando brigas e pregando peças. Ninguém parece me ver. Tomo um susto ao me virar e encontrar o garoto de lábios azuis ao meu lado. Ele encara um grupo próximo de alunos e aponta.

O grupo é composto por uns 5 alunos mais velhos, talvez da minha idade no seu último ano. Eles andam brincando entre si  e rindo e todos saem do seu caminho. O típico grupo de valentões. Quando um garoto de estatura baixa passa com vários livros rapidamente o grupo sorri maldosamente e o cerca.

Observo os garotos mais velhos derrubarem os livros no chão, empurrarem o garotinho e depois pegarem as mangas do casaco do garoto e prenderem nele como uma camisa de força e o jogarem no chão antes de irem em frente para suas aulas.

O garoto se debate tentado se soltar agora no corredor vazio e chora.

- esse é você ? - pergunto triste e o garotinho confirma com um movimento de cabeça. 

Percebo então que estou as lembranças dele, de quando ele era vivo e ele queria mostrar tudo o que aconteceu até sua morte. 

Seguimos pelo dia sempre observando os maiores dominarem tudo e todos, aparentemente eram mais velhos e ricos. O líder era o pior, cruel e com olhares frios atormentavam a todos e seu foco era sempre o garotinho.

- Quando eu for o diretor desse colégio, gente esmirrada e frágil como você não terá vez. - O líder do grupo falou para o garotinho que se tremia.

Os olhares frios e a postura assassina me eram famliares.

- OH! esse é o diretor atual! ele praticava bullying ... ele é mal.

O garotinho fantama observava seu eu triste e vivo se encolher enquanto os valentões se divertiam.

A imagem da lembrança mudou, era noite e o garotinho saia escondido do seu dormitório o mais furtivo possível. Ele segue seu caminho com medo de ser seguido para fora do prédio dormitório e vai em direção aos terrenos da escola. Por caminhos cheios de pedra e areia ele chega a um bosque e continua em frente sempre observando se alguém  seguiu. 

No bosque ele segue para as grandes rochas onde uma pequena fissura quase invisível o aguarda e entra.

A gruta é confortável apesar de fria e já estava recheada de vários objetos levados pelo garoto. parecia um local confortável e seguro. O garoto entrou e se acomodou para ler a luz de uma lanterna. Pela primeira vez parecia seguro. 

Observei por um tempo a gruta e mais para frente tinha um pequeno lago parado. Provavelmente frio de mais para entrar e o fantasma o encarava sério. 

- O que vai acontecer aqui? - falo baixinho e nervoso.

Pouco depois o diretor mais jovem entra na caverna e o garoto levanta palido e nervoso.

- ora ora ... o garotinho tem uma sala secreta! Achou que não iriamos descobrir ? 

O diretor se aproxima  do garoto que se encolhe na parede.

Vejo em choque o diretor mais jovem importunar  o garoto até se cansar. Então parte para agressão física e depois tem a ideia de jogar o garotinho que se debatia no lago. O garoto grita em contato com a água fria e implora mas o diretor mais jovem sorrir enquanto força o garoto a mergulhar. 

Observo com o coração batendo forte quando o garoto para de se debater e de reagir. o mais velho puxa o garoto da água mas seus olhos já estão arregalados e sem vida e seus lábios azuis.

O mais velho entra em pânico, anda de um lado para o outro nervoso e em seguida resolve afundar o cadáver do garotinho no pequeno lago. Minha visão começa a escurecer e a ultima coisa que vejo é o rosto do garotinho afundando a água escura e fria.

buuuuh Essa historia me deixou muito triste. :( Votem <3

Filha da Neve - ContosWhere stories live. Discover now