The winner takes it all

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Os gritos abafados de Johnny continuavam a ecoar incansavelmente atrás de mim, ignorei os seus pedidos e em passos firmes segui até a minha casa, de onde só sairia após uma semana.

Minhas bochechas estavam molhadas devido às lágrimas e chuva, que por um acaso começou a cair justamente quando me retirei da festa, por conseguinte a maquiagem também se foi e junto a ela, minha dignidade também. Abri a porta e tirei as botas dos meus pés, mas antes passei um pouco de álcool nos solados. A pandemia até poderia ter acabado, porém o costume havia permanecido.

Subi as escadas de forma apressada aproveitando para tirar as minhas roupas e jogá-las direto na máquina de lavar, precisava me livrar urgentemente do fedor de cigarro impregnado no meu corpo e também necessitava esquecer Johnny de alguma forma, somente a água fria do meu chuveiro poderia fazer isso.

As gotas geladas molhavam minha pele, mesclando-se com as lágrimas quentes que ainda fugiam dos meus olhos. Eu estava destruída, sentia meu coração em pedaços e tudo doía. Sabia que deveria tê-lo contestado na festa, entretanto não quis ser a sem noção que atrapalha a ficada alheia. Naomi era linda e isso era notável para todos, só que o que não entrava na minha mente era: Por que raios o Johnny a chamou se estava flertando comigo? Se queria ficar com ela desde o começo, por que me iludiu?

Talvez eu só tivesse criado expectativas demais quanto a ele e Jaehyun era um grande mentiroso ao me dizer que o amigo tinha sentimentos por mim. Sentimentos uma ova! Ele só tinha um carinho de vizinho, nada mais que isso, eu que fui uma tola.

Levei a esponja para um dos meus braços e esfreguei o máximo possível, deixando a pele avermelhada e um pouco dolorida. Um estrondo me fez parar o que estava fazendo e me virei no box transparente, revelando meu cabelo cheio de espuma e espetado para cima, semelhante a Poppy dos Trolls. Esperei alguns segundos e mais nenhum barulho, voltei ao que fazia e tentei ignorar o medo iminente que causava um frio na minha espinha. Por sorte, havia trancado a porta e se eu ouvisse qualquer outro barulho só sairia dali de manhã.

Sequei meus cabelos e enrolei a toalha em meu corpo, mas antes de sair me apoiei na porta em busca de algum sinal demoníaco no quarto. Não sairia de jeito nenhum se caso mais algum estrondo aparecesse, já tinha visto isso em cenas de terror e não iria repetir a burrice. Após alguns segundos destravei e saí dali, já que tudo parecia seguro, meu coração ainda estava partido e eu cantarolava uma música qualquer enquanto penteava meus cabelos com os próprios dedos.

A janela aberta me fez correr para fechá-la, evitando que os pingos de chuva molhassem o carpete. O vento gélido me fez arrepiar e abracei meu próprio corpo em busca de calor, nesse tempo em que caminhava às cegas para trás esbarrei em algo macio, quente e muito alto.

Vi minha vida inteira passar pela minha mente, como as vídeos cassetadas do Faustão junto com os efeitos sonoros dos programas antigos, com direito até ao "UÊPAAAA" e "JESUUUS". Travei no local em que eu estava, incapaz de virar e encarar o demônio que pretendia me dilacerar. As pernas começaram a tremer, o ouvido a zumbir e a visão cada vez mais turva, não demoraria muito até que eu desmaiasse. Porém, uma voz calma e doce me acalmou e ao mesmo tempo trouxe a tona toda a fúria que eu tinha jogado no ralo minutos atrás.

— Ashley, por favor olha para mim! — Johnny ciciou, as suas mãos quentes apertando de leve meus ombros desnudos e aproximando meu corpo ao seu. — O que você viu não era verdade. Por favor, me perdoa!

— Então o que era? Um holograma? — me virei e encarei o rapaz em minha frente, as lágrimas teimavam em cair outra vez me colocando em uma situação precária — Eu entendi perfeitamente, Johnny e você não me deve explicações. Naomi é linda, vocês já tiveram um casinho... Nada fora do normal.

Gimme! Gimme! Gimme! A man after saturday (Johnny - NCT)Where stories live. Discover now