— Você não dorme? — sentir meu corpo esquentar quando o olhar do capitão me fuzilou, franzindo a testa e semicerrando os olhos. — digo, capitão! ... Me desculpe!

— Não é da sua conta, apenas se organize e desça, vá comer! Cuide desse ombro e nada de movê-lo sem necessidade. Você precisa estar bem para quando formos treinar, não pode ficar para trás.

— Pode deixar, capitão! — arrastei o lençol sobre o corpo, toquei os pés no chão e ao levantar, sentir que minha vista havia perdido o vigor, entrando em uma espécie de espaço vazio e escuro. Por instantes, não controlei o próprio corpo, caindo com tudo. — Eu acho que estou morrendo, hein.

As palavras saltadas me fazem ter um minuto reflexo antes que caísse no chão. Toquei com antebraço no chão para amenizar as dores que iriam correr por meu corpo assim que colidisse com o chão.

— Estar tão fraca que me dar raiva. — o capitão estende a mão e puxa pelo braço que não estava ferido. — Você estar bem? — agora, com rosto colado ao seu peito, escondo o rosto no abraço leve do capitão, podia parecer errado, mas, eu me sentia tão bem, confortável. Apenas mergulhei no sentimento de gratidão, abracei sua cintura com força mínima, e me permiti sentir o cheiro de roupa limpa que só ele tinha. O capitão não se moveu de forma alguma, suas mãos, em minhas costas, mantinham-se alinhadas e imóveis, seu corpo não vacilava, mas, podia ouvir seu coração batendo mais rápido que o normal, era perceptível que eu, estava realmente tirando o espaço dele, e por conta disso, me afastei devagar, olhando em seus olhos.

— Me desculpa, capitão. — fechei os olhos e respirei fundo, tendo que controlar o próprio corpo para não desmaiar. Meu estômago resmungava sem controle, era impossível controlar, a queda de pressão me deixou meio envergonhada, talvez seja por isso que agir como uma criança e o abracei, mas, será que foi só isso?

— Só vá tomar café, Laila. Depois você faz o resto, não esqueça que depois, terá que ir até à sala do Erwin, não entendemos sua letra, precisará traduzir, okay?

— Sim!

Após sair do quarto com certa dificuldade ao andar, começo a refletir sobre o que acabou de acontecer. Com certeza será algo do qual não dividirei com ninguém, a vergonha me consome, assim como minha fome.

Pelos corredores, arrumo os cabelos, prendendo em um coque mais bagunçado do que o de antes. Por mais que eu quisesse seguir o ritual de todas as manhãs, não iria conseguir, estava morta de fome, iria completar vinte e quatro horas sem comer.

Ao descer as escadas e chegar até a cozinha, todos já estavam lá. Alguns distraídos, outros apenas jogando papo fora. Me deparando com as variações contidas em apenas um ambiente me joga novamente nos questionamentos. A cada passo que dava, era como se já estivesse feito isso antes, em um loop infinito, sinto que, conheço todos, mas, de onde? E porquê já estive aqui? E a melhor pergunta, porquê estou aqui de novo?

Que saco! Porquê tenho que ser a única esquisita?

— Laila! — o grito de Eren atrás das minhas costas, chama atenção de todos na cozinha; até Sasha deixou de comer para contemplar minha forma horrível pela manhã. Todas as feições sorridentes estavam ali, mesmo que ontem tenha sido estressante e forte o bastante para fazer alguém normal perder a sanidade, eles estavam ali, eram fortes, não desistiriam tão cedo. — Você estar bem? Pensei que fosse passar o dia em repouso.

— Eu irei, mas, estou morta de fome. — acompanhei os passos do garoto até chegar onde ele estava sentado. Ao lado dele e em frente a Mikasa, sento-me.

— Bom dia, gênio, estar bem? — Mikasa debocha olhando com sarcasmo. Sua piada com minha aparência era nítida em seu pequeno sorriso de lado.

— Já estive melhor. — respondi devolvendo o sorriso. Mikasa empurrou uma xícara e uma cesta com frutas até mim.

Pretexto - Levi Ackerman {Hiatus}Where stories live. Discover now