Capítulo 25

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O restaurante três estrelas ficava na praia da ilha de Sicília com uma vista privilegiada da areia branca e do mar cristalino que refletia as fortificações em seu encalço. Foi conduzida a mesa mais reservada de frente a um grande painel de vidro com a linda paisagem, era possível ver a leste da ilha o Etna, um dos vulcões mais altos da Europa. O local não estava cheio, mas enquanto passava seguindo em direção à mesa especificada, sentia os olhos lhe acompanharem e os sussurros darem início.

"Impressionante" pensou risonha, "ricos e esnobes sendo eles mesmos".

Ricardo levantou-se com sua aproximação e curvou-se para um beijo em seu rosto, mas desviou se sentando na cadeira com uma expressão cínica o observando pigarrear voltando a sentar. Estava impecável em um terno de três peças cinza grafite sobre uma blusa azul clara e a gravata da mesma cor do terno que ele retirou o deixando no assento.

– Que carinha irritada – não resistiu em provocar.

– A chamei aqui para que começássemos a sermos vistos em público – ele esclareceu lhe fuzilando com os olhos verdes.

– Não me apresentaria no jantar amanhã? – indagou divertida.

– Amanhã seria a apresentação social dentro do nosso meio.

– Nosso meio – repetiu com desdém e ele lhe encarou.

– As pessoas mais importantes da ilha estarão presentes amanhã e como já lhe disse desejo que tenha um comportamento exemplar.

– Que interessante, nosso Braga aqui é machista.

– Beth, já lhe disse para colaborar ou não irá funcionar.

– Quem estará no jantar? – dispensou aceitando o suco de tomate que o garçom lhe serviu antes de encher a taça de vinho do moreno.

– Os convidados mais íntimos dos Accorsi.

– Mais íntimos quanto, filhos e sobrinhos? – insistiu por conhecer aquele tipo de evento.

– Sócios, amigos políticos, alguns novos empresários e suas famílias.

– Por que no seu meio nunca é um simples jantar? – acusou entediada.

– Pode desconsiderar o quanto quiser, sendo uma Dias e principalmente Backar, você pertence às principais famílias tanto quanto eu – foi à vez dele lhe atiçar, já havia tido aquela conversa com ele e a forma como lhe enxergava tão esnobe quanto ele lhe enojava. – Não há como fugir.

– Pertencer não significa que agimos exatamente como o padrão chato que seguem.

– Etiqueta social.

– Que bom que se importa tanto com isso, senhor Braga, saiba que eu não poderia ser mais diferente.

A entrada foi servida interrompendo a conversação e felizmente pôde acalmar sua inquietação, sempre que estava perto dele sentia seu estômago protestar em cólera diante de tanto cinismo. A capacidade dele de lhe encarar mesmo depois de ter feito o que fez lhe adoecia e quanto mais tempo passava com ele mais sentia que o desprezava.

– Preciso que se socialize com as convidadas – ele soltou aquela ordem enquanto o salmão era servido, o encarou com todo desprazer que esperava estar demonstrando naquele momento. – Sei que não tem esse costume, mas...

– De bajular os figurões milionários?

– Não vou tentar explicar a você.

– Não adiantaria tentar, porque nunca entenderia o papel vergonhoso que impõe a si mesmo, mas querido, não sou você – se inclinou mirando o rosto pálido e contrariado. – Não pretendo endeusar essas pessoas e muito menos me forçar a ser amiga delas, já vou estar presente, se dê por satisfeito.

Série Os irmãos Backar - Amor por conveniência - livro 5Onde as histórias ganham vida. Descobre agora