— Guk — a voz soou ainda mais baixa dessa vez, sonolenta. — Por que você não me chama de "hyung" como faz com seus amigos?

Parou para pensar em uma explicação. Não havia um por que, não de verdade. Simplesmente soava estranho. Utilizava o tratamento respeitoso, assim como carinhoso, com Yoongi e Hoseok por confiar que cuidariam de si caso fosse necessário. Sabia que seus amigos fariam de tudo para ajudá-lo, protegê-lo, defendê-lo. Fariam jus ao título, exercendo o papel de irmãos mais velhos. Com Taehyung era diferente. Sentia-se encarregado da função de responsável, não o contrário.

— Apenas... soa estranho — explicou na tentativa de que ele não entendesse errado. — Acho que não sairia tão natural. Por quê? Quer que eu te chame dessa forma? — perguntou receoso.

Esperava que a resposta fosse negativa.

— Não. Prefiro assim. Gosto dessa... — fez uma pausa em busca da palavra correta para expressar o que sentia. — Dessa proximidade.

Jeongguk não questionou se ele se referia à proximidade física ou emocional. Não queria deixá-lo desconfortável. Continuou a fazer carinho para que o menino dormisse e descansasse um pouco. Quando era mais novo e sua mãe fazia carinho em si, caía no sono quase que imediatamente. Era um método certeiro.

Seu olhar caiu sobre a mesa de cabeceira ao seu lado. O aparelho emprestado por Hoseok continuava ali em cima. Seria eternamente grato ao seu hyung por essa ajuda. Já tinha várias ideias para novos estímulos, principalmente depois de descobrir que o Kim conseguia, apesar da fraqueza e pouca mobilidade, sustentar o próprio peso. Sentia-se completamente animado. Seu peito estava aquecido e não era devido à presença do outro sobre si. Lembrou-se, no entanto, da pergunta que seus amigos fizeram. Ele ainda não sabia por que esse quadro de lesão medular havia se iniciado.

— Tae? — chamou em um sussurro para não acordá-lo caso já estivesse adormecido. Houve um pequeno ronronar em resposta. — Posso te fazer uma pergunta? — Outro ruído de confirmação. — Por que você teve essa lesão? Digo, você teve alguma doença quando criança?

Mesmo sem conseguir enxergar seu rosto, Jeongguk percebeu que o questionamento o deixou um pouco acuado. A mandíbula sobre seu peito se tencionou e o aperto sobre sua cintura ganhou intensidade. Ele se preocupou de estar sendo invasivo demais. Não queria forçar o castanho a falar nada.

— Você confia em mim? — Taehyung perguntou.

Definitivamente, não era a resposta que o mais novo esperava.

— Sim — disse com firmeza.

— Eu vou te contar. Só não agora. O dia de hoje foi muito feliz para falar sobre isso.

Sem entender o porquê, apenas no calor do momento, Jeongguk depositou um beijo no topo da testa dele. Talvez não devesse ter feito isso, mas sentia uma necessidade de reassegurar ao menino que estava tudo bem. Atribuiu a culpa à carência, fazia tempo desde que ficara em um momento tão carinhoso com alguém, e a facilidade em alcançar a pele macia que estava próxima de seu queixo.

— Fico feliz que você esteja feliz — o Jeon sussurrou.

Mesmo sem estar vendo as expressões de Taehyung, podia dizer que ele estava sorrindo. O sono, aos poucos, ia vencendo a batalha contra o menino.

— Fico feliz que você esteja aqui — foi a última coisa que Taehyung sussurrou antes que cedessem à viagem ao mundo dos sonhos.


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Assim que recobrou a consciência, não abriu os olhos de imediato. Podia perceber através das pálpebras fechadas a luminosidade que inundava o ambiente. O sol fazia questão de se fazer presente. Jeongguk sentia o calor emanado pelo astro tomar conta de seu corpo. Ou, talvez, fosse a presença de Taehyung sobre si.

For Him | taekookWhere stories live. Discover now