Two.

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Como sempre, sua mãe tinha razão.

O quarto em que estava era bem grande, quase do tamanho de seu apartamento. Era decorado com prateleiras, cheias de livros e mangás. Uma enorme televisão acoplada a vídeo games preenchia a parede lateral. Ao lado dos armários, que Jeongguk supôs estarem lotados de roupas, havia uma enorme mesa com um computador de última geração, impressora e caixas de som. A decoração era composta por diversos bichos de pelúcia, posicionados estrategicamente próximos a poltronas. Ao lado da cama, estava um violão.

Todos os objetos impressionaram Jeongguk, porém nada chamou mais sua atenção do que o que estava em cima da cama. Uma pessoa. Um garoto que, apesar da aparência jovem, estava desgastado e encontrava-se deitado em uma posição que fez o aspirante a fisioterapeuta questionar se estava confortável. Seus membros estavam virados, como se estivessem fora do lugar. Seu rosto estava contorcido em uma expressão indecifrável desde que Jeongguk entrara no quarto.

O quarto era o sonho de consumo de qualquer jovem e doía em Jeongguk pensar que aquele que o possuía não poderia usufruir. Ele não deveria estar tão chocado, já tinha visto casos de atrofia infantil. Inclusive ajudou a tratar alguns com sucesso. Ver, porém, alguém mais velho, alguém de sua faixa etária, nessas condições era um tanto aterrorizante. Pensar que fora assim sua vida toda era ainda pior. A mãe do menino de cabelos castanhos, com quem Jeongguk conversou antes de adentrar o quarto, explicou que o garoto nasceu normal e foi sofrendo a atrofia com o passar do tempo. Desde, então, ficava assim. Não fazia nada além de existir. Ultimamente mal conseguia se comunicar.

A mão pequena de sua mãe apertou a sua de forma reconfortante. Era uma demonstração de confiança. Yangwon caminhou até a cama. Um enorme sorriso estampava seu rosto.

— Tae! Sentiu minha falta?

Houve apenas um ruído em resposta. Jeongguk deduziu que o menino estava tentando dizer 'sim'.

— Te-a Ya-ô — ele murmurou.

O sorriso da mulher ficou ainda maior.

— Oh, querido! Meu nome fica tão bonito nos seus lábios.

Talvez fosse por não estar acostumado, mas foi realmente difícil para Jeongguk entender o que o menino tentou dizer. Não o culpava, no entanto. Observando o quase monólogo de sua mãe, percebeu que o garoto mal conseguia mexer os músculos faciais.

— Eu trouxe alguém para você conhecer. Esse é meu filho, Jeongguk.

A mão que acariciava o rosto do menino deitado se afastou para apontar para Jeongguk, que ainda estava paralisado em um ponto no meio do enorme cômodo. Sob o olhar de sua mãe e do menino, o Jeon se aproximou. Não sabia como agir. Tinha medo de assustá-lo. Hyoji, dona da casa e mãe do garoto, dissera que seu filho não gostava de conhecer pessoas novas, mas, principalmente, tinha medo de médicos ou qualquer pessoa que fosse estudar seu caso.

"Por favor, aja como um amigo. Do contrário, ele terá medo e será resistente a qualquer tipo de tratamento. Por favor, Jeongguk, eu quero que meu filho melhore."

O pedido desesperado da mulher ecoava em seus pensamentos. Ele não queria decepcioná-la, muito menos sua própria mãe.

— Jeongguk — Yangwon disse quando ele chegou perto. — Esse é o Taehyung. Ele é meu filho substituto, já que você anda sempre muito ocupado para ficar com sua pobre mãe.

O garoto riu de nervoso. Já estava acostumado com o drama de sua mãe, mas não sabia o que fazer. E se dissesse algo que incomodasse o menino deitado à sua frente? Optou por fazer o que melhor sabia: implicar com a própria mãe.

For Him | taekookWhere stories live. Discover now