Um Acordo Para Aileen - Série Coração De Plebeu - Livro 2

Capítulo 9 - Parte 1

Damien estava inquieto, mas mantinha uma certa distância enquanto Aileen se adaptava à sua rotina, à casa, e ao casamento. Haviam negociado mais um beijo, então já eram três o que o mantinha em vantagem diante da inexperiência dela. Havia o de bom dia, o que ele recebia por almoçar com ela e um de boa noite. Nesses momentos aproveitava o máximo para tê-la junto a si, e ela não havia recuado, talvez ainda estivesse tímida, mas Damien achava que Aileen concordava com aquele seu arranjo porque considerava-o um cortejo, não apenas um ludibrio de um homem desejando cada vez mais sua companhia.

A agradava, obviamente, mas de fato gostaria de saber mais sobre ela, do que gostava, seus desejos e objetivos, e claro, faria o possível para que ela estivesse sempre feliz e segura. Por mais que tentasse se concentrar na reunião na companhia volta e meia a lembrança dos lábios dela contra os seus o distraía. Damien Silverstone não era dado a esse tipo de coisa, não era o tipo de homem que ficava ansioso ou desconcertado na presença de alguma mulher, mas havia algo em Aileen que o encantava.

Aceitou o café que lhe foi oferecido enquanto ouvia o Silverstone pai falando algo sobre os convites que chegavam, cada vez com mais frequência desde seu casamento, e enquanto escolhia as palavras para negar a Anthony sua presença em qualquer daqueles eventos ocorreu-lhe que o que as pessoas queriam era ver como eram Aileen e ele juntos. Para muitos, uma maneira de dizer a sua esposa que havia desperdiçado sua temporada casando-se com um plebeu, mas principalmente, para dizer a Damien que ele era um plebeu oportunista.

— O banquete nos Sanders, talvez — disse seu tio Anders — a menos que queira ir à ópera, o que em minha opinião seria até melhor.

— Daria a eles uma breve ideia de como são como casal, já que aparentemente é isso que todos querem, vê-los juntos — Anthony concordou, que continuou após a expressão contrariada de Damien — filho, sei que quer proteger Lady Aileen do falatório, mas tenho de lembrá-lo que muito mais do que qualquer um nesta sala, ela foi educada para isso.

— Tenho que concordar com seu pai — Andrew cruzou os dedos das mãos apoiando-se em cima da mesa — e você estará ao lado dela, é o suficiente para que pensem duas vezes antes de qualquer tentativa de insulto.

— A ópera talvez fosse mais adequada — Damien levantou-se, como se encerrando o assunto e foi se dirigindo à porta — vou primeiro sondar minha esposa.

Fez que não percebeu a troca de olhares entre o pai e o tio antes de sair da sala de Anthony, sabia bem que os dois também tinham lá seu interesse em saber como estavam sendo aquelas primeiras semanas de casado. Os dois haviam conhecido o conde e pareciam encantados com Aileen, o que para Damien era mais do que esperado, ele mesmo mal conseguia tirar os olhos dela quando estavam no mesmo ambiente. Sentiu-se tentado a deixar a companhia mais cedo, pensando que seria agradável levá-la para um passeio se ela assim desejasse. Mas, seu contentamento desvaneceu ao entrar em sua sala, e uma sensação momentânea de que seu dia acabava de ser tumultuado pela presença de Gabrielle Blake, que sentada na sua cadeira, abanava-se com um leque de plumas tão rubras quanto seu vestido, que deixava sua pele pálida ainda mais provocativa sob a seda e o caro colar de rubis. Ela sorriu, e seus olhos pareciam cintilar de prazer ao encará-lo.

— Sentiu a minha falta? — perguntou ela, levantando-se, enquanto Damien soltou um suspiro desolado, de quem realmente não tinha mais nada a dizer que já não tivesse dito.

— Srta. Blake — disse, pensando em como a faria ir embora o mais rápido possível — porque não estou surpreso...

— Cheguei à poucos dias — Gabrielle se aproximou de Damien — ofereci uma recepção, para rever meus queridos amigos, se não me falha a memória enviei um convite ao senhor — ela pousou de leve a mão sobre o peito de Damien.

— Não tenho certeza se tal convite chegou à minhas mãos — Damien retirou a mão de Gabrielle sutilmente e afastou-se alguns passos dela — de qualquer forma, não seria adequado aceitar um convite somente em meu nome.

— Ora, querido Damien... então é verdade... — ela abriu um sorriso forçado tentando aproximar-se novamente — o impetuoso e devasso Damien Silverstone agora é um homem casado! — a risada de Gabrielle pareceu-lhe com mil pedaços de cristal explodindo tamanho ressentimento carregava - isso é tão absurdo!

— Gabrielle...

— O senhor me pediu para me afastar, disse-me que teríamos uma conversa definitiva depois que eu retornasse de viagem — ela fechou o leque em um movimento seco — e para que? Para casar-se pelas minhas costas!

— Não sabia que devia pedir sua permissão... — Damien colocou o dedo em riste, calando-a, e continuou — não me lembro de dever qualquer explicação sobre meus atos, Srta. Blake. E não tínhamos mais qualquer ligação íntima quando a senhorita entrou naquele navio para aventurar-se em terras estrangeiras.

— E se não tivesse se casado? Como seria nossa conversa definitiva? O senhor finalmente iria me propor casamento? — Damien ignorou a maneira sensual como ela se aproximou novamente — Ou... iriámos parar no tapete — ela apontou para a peça em frente a lareira, enquanto seus dedos alcançavam a gravata de Damien, que respirou fundo, ele sabia bem que Gabrielle não aceitaria facilmente que havia se casado, e que não havia sido com ela - deixe-me lembrá-lo, D, de como éramos juntos.

— Eu lembro muito bem — ele respondeu, sem pestanejar — que aquele tapete era um dos poucos lugares que nos entendíamos, por dez minutos, Gabrielle. Acho que nossa conversa definitiva começaria assim.

— Quem o senhor pretende enganar casando-se com uma lady, Sr. Silverstone? — Gabrielle encarou-o, então ele pode notar a irritação no seu tom usualmente calmo de voz — jovem e inocente demais, suponho que incapaz de suportar seus hábitos imorais.

— Não tire conclusões precipitadas — a voz de Damien soou como vento gélido dentro da sala, e ele notou que Gabrielle percebeu que estava à um passo de irritá-lo.

Estava consciente de que reprimia todos seus impulsos desde que oferecera à Aileen o acordo de casamento. Era impossível que desejasse a companhia de outra mulher que não fosse sua esposa ainda que não tivessem consumado o casamento, no entanto não permitiria que Gabrielle proferisse qualquer tipo de comentário sobre Aileen, mesmo que sua visão estonteante pudesse destruir a obstinada recusa de qualquer homem aos seus encantos.

— Espero não precisar lembrá-la, Srta. Blake, que prezo pela amizade entre nossas famílias, e que não lhe fiz nenhuma promessa — inclinou-se para ela, fazendo-a desviar o olhar.

Antes que Gabrielle pudesse respondê-lo, ouviu batida leves à porta, e em seguida ouviu a voz da mãe. Lauren Silverstone estava belíssima em um vestido verde escuro, e joias discretas e elegantes. Ela olhou para Gabrielle, como se não estivesse surpresa com sua presença ali. Damien viu o olhar de Gabrielle voltar-se para a porta novamente, e foi pego de surpresa, como se Aileen fosse a última pessoa que esperasse ver entrando em sua sala naquela circunstância. Conteve um sorriso ao perceber que Gabrielle parecia ter se surpreendido com a beleza de Aileen, ainda que sustentasse um sorriso nos lábios carmim.

— Srta. Blake, que prazer revê-la — disse Lauren, gentilmente — espero que tenha feito uma excelente viagem!

— Sra. Silverstone — Gabrielle voltou-se para a mãe de Damien — fiz boa viagem sim, obrigada! E a senhora, como tem passado?

— Muito bem, querida, estive um tanto ocupada com o casamento, a senhorita já deve ter ouvido falar, não? — vendo que ela acenou positivamente com a cabeça — Permita que lhe apresente, Lady Aileen, da casa Bellmant, a esposa de Damien.

Continua...