gigante não, levemente maior

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kim hongjoong.

Na sexta-feira, as duas últimas aulas são de matemática, o que faz a turma toda sair correndo no mesmo instante em que o sinal toca. Soube que até os professores souberam do desafio, que estou sendo motivo de apostas por gente que nem conheço. Nunca pensei que fosse me tornar o garoto que tem o auge da vida no ensino médio por causa de um desafio idiota feito por um melhor amigo mais idiota ainda. Neste momento, por exemplo, consigo ouvir o meu nome sendo citado por umas garotas ali no canto do corredor, de tão alto que elas estão falando. Hoje em dia, ninguém conhece discrição — disse o cara que vai revolucionar a moda masculina na próxima semana.

— Tá famosinho, hein, Kim? Me agradeça mais tarde — o maldito toca no meu ombro quando estamos esperando o ônibus passar.

— Vou te agradecer com um socão, vale? — Ameaço, já cerrando os punhos.

— Olha pelo lado bom, Hong: vai chover gente querendo te pegar — Jongho argumenta e eu preferia que ele tivesse ficado calado. — As pessoas tem os fetiches estranhos…

— Não preciso de detalhes — interrompo, antes que a conversa vá longe demais. Se a maioria dos fetiches for como o do Seonghwa, o mundo deve ser um lugar bem estranho. — Cara, a minha irmã veste trinta e seis. Trinta e seis! Vai ficar minúscula em mim.

— É essa a ideia, amigo — não consigo acreditar na tamanha sem-vergonhice de Wooyoung quando ele me analisa de cima a baixo.

— Acho que agora entendi a expressão "te comendo com os olhos" — fala o mais novo entre nós, e risadas surgem até de mim.

— Na moral, se vocês ficarem olhando pras minhas pernas o tempo inteiro eu faço vocês engolirem a porra da saia!

— Mas aí você ficaria só de cueca — aponta Jongho.

— É isso que chamam de "visão do inferno"? — É a vez de Seonghwa.

— Vou matar vocês, me aguardem.

— Não soa tão ameaçador quando você tem essa altura, bro — fala o Choi.

— É, parece mais um pinscher com raiva — o Jung ri da minha cara.

— Tenta alcançar a minha canela, nanico — o Park é o último das provocações.

E eu tive de aguentar essas criaturas do mal durante todo o percurso até em casa, porque a minha parada é a última. A cada vez que um deles deixa o transporte, se despede com um "até segunda!" e uma piscadela na minha direção, claramente me pedindo para voar na cara deles. Eles vão ter troco, ah, se vão. Porque eu estou tendo que suportar o restante do caminho com os estudantes que moram no mesmo bairro que eu conversando sobre mim na cara dura, e ficar famoso da noite pro dia não estava nos meus planos quando escolhi desafio em vez de verdade naquele jogo ridículo. Mas há um truque para fazer as pessoas pararem de olhar para você: dê uma piscada de olho só, vai deixá-las super desconfortáveis — ou, na pior das hipóteses, fazê-las acreditar que você está flertando.

Após passar vinte minutos inteiros pensando na melhor maneira de pedir as saias da minha irmã emprestado, chego em casa e mal consigo olhar na sua cara até depois do almoço, quando os nossos pais vão trabalhar. Eles são bem liberais, mas ouvir que o filho vai de saia para a escola por uma semana não é algo comum de acontecer em nossa família, e quero poupar polêmicas por enquanto. Quando vejo Hongyeon organizando umas roupas sobre a cama e tirando fotos — provavelmente para postar no Instagram oficial da marca — finalmente sinto a coragem me atingir. Bato na porta, que está entreaberta, e ela diz:

— O que foi?

— Hm? Como assim "o que foi"? Um irmão mais novo não pode conversar com a irmã mais velha sem parecer que tá querendo alguma coisa? — Meu nervosismo arranca uma risada dela.

As Belas Pernas de Kim HongjoongWhere stories live. Discover now