Walk Away | drarry

18- Aprendendo a Sangrar

⚠️Aviso de possível gatilho⚠️

Esse capítulo está um pouco pesado, contém cenas bem fortes então cuidado ao ler.

Tuts Tuts..💔
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Estou prestes a quebrar e não consigo parar essa dor, Não recebendo nada em troca. O que eu fiz para merecer a dor dessa queimadura lenta?

Harry tropeçou no banheiro da Grifinória e cansou os olhos sob as molduras dos óculos. Ele automaticamente apontou sua varinha atrás dele para a porta e murmurou um feitiço de bloqueio para garantir sua privacidade enquanto caminhava para os espelhos.

Ele se inclinou para frente em direção ao seu reflexo e olhou diretamente para aqueles olhos verdes.

Já fazia mais de um mês que ele não estava nessa mesma posição no banheiro de Ethan, mas para ele parecia uma vida inteira. Uma vida inteira de afundamento cada vez mais baixo no buraco negro do abuso, dos momentos lentamente cada vez menores de ternura e amor que lhe foram dados por seu chamado amante, e da sensação de se afogar em uma piscina de vergonha e engano.

Ele se agarrou aos momentos em que Ethan lhe mostrou bondade e cuidado, e se agarrou a eles através dos ataques de dor e crueldade. Os bons momentos se tornam cada vez mais distantes entre si.

Harry levantou o braço e tocou a ponta de sua varinha em sua têmpora.

"Finite Incantatem."

A mudança repentina em sua aparência foi surpreendente; seu rosto anteriormente desmarcado agora estava adornado com um lábio cortado e inchado, um olho preto e um corte esfaqueado na testa. Seus olhos pareciam grandes demais para seu rosto pálido, listrados de linhas vermelhas irritadas e um vazio que falava muito.

Harry removeu seus óculos e observou como seu reflexo foi reduzido a uma massa borrada de cores, sem marcas distinguíveis para olhar para ele na acusação e lembrá-lo do que sua vida se tornou.

Ele sentiu o gotejamento quente de lágrimas escorregar pelas bochechas enquanto estava sozinho no grande banheiro vazio.

Ele se sentiu desesperado, e ainda assim envergonhado ao mesmo tempo. Ele sabia que esse... relacionamento teria que chegar ao fim, mas em algum nível ele não queria se soltar. Por mais distorcido e distorcido que fosse o amor que ele estava recebendo, ainda era o único tipo de atenção que ele recebia.

Ele colocou os óculos de volta no lugar e sua visão ficou nítida e focada mais uma vez. Francamente, ele preferia a versão distorcida da vida em vez da que agora estava olhando.

Ele levantou a varinha e mais uma vez restabeleceu o charme da ocultação.

"Quando minha vida se tornou uma mentira?" ele se perguntou em voz alta.

Com um suspiro final, ele limpou os olhos e se afastou do espelho. Ele destrancou a porta com um movimento do pulso e entrou no dormitório.

Ele atravessou sua cama e agarrou o manto preto que estava coberto sem cerimônias. Enquanto ele puxava-o em seu olhar, ele se instalou na cama desfeita de Ron e uma facada aguda de arrependimento atingiu seu coração. Seus olhos escureceram de tristeza quando ele pensava na frieza que agora existia entre ele e seu antigo melhor amigo. Uma separação da qual ele já ficou feliz, mas agora o incomodava mais do que tudo.

Ele não percebeu o quanto sentiria falta de seus dois amigos mais próximos até que eles não estivessem mais lá para ele, que o conforto e a chance de resolver seus problemas através de longas conversas e abraços simpáticos já haviam desaparecido. Uma segurança que ele perdeu muito.