estrelinhas

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#JacareAmarelinho 🐊

Virou mais uma página de seu livro, desinteressado.

Tudo seria mais simples se seu carro estivesse inteiro. Não estaria ali, esperando por algo que não estava acostumado e, aliás, exercia de muitas pessoas, algo demasiadamente ruim.

Sentindo o frio desconfortável, lembrou do noticiário da manhã; o mês seria de muita chuva. Foi o quando teve certeza depois de passar muito tempo olhando para o céu. Iria chover, mas não apenas naquele dia.

As gotas pesadas já estavam caindo, e o ar gélido foi o primeiro a chegar antes de uma possível tempestade. E o homem, que estava sentado, num dos bancos de espera para o trem, bufou.

Para ele, seria um péssimo dia, e talvez um péssimo mês. Chuvas atrapalham planos, e justamente ela lhe fez que batesse, não tão gravemente, com seu carro. E agora, teria que pegar trem para seguir ao trabalho.

Ele não tinha nada contra trens, mas tudo contra as chuvas. Só queria que seu veículo voltasse brilhando do conserto, e o mais rápido possível.

Todavia, quase um mês inteiro lhe esperava. Uma tortura, dirá.

Embora sua garagem tenha uma fila de carros caros... Estava ali porque... Algo o queria ali.

Mas, quem sabe, eles não sejam totalmente uma tortura. A chuva pode ser boa quando vista de outra forma, entretanto, o homem não conseguia perceber, porque era, e é assim, ele nunca conseguia enxergar um lado bom das coisas.

Dirá que não há algo bom em nada. A não ser em sua conta gorda no banco.

E quando, mais uma vez, quis rolar os olhos notando a água cair do céu, assustou-se quando alguém sentou ao seu lado com a respiração rápida e ofegante. Era como se tivesse corrido uma maratona.

Franziu o cenho e se afastou, fechando o livro em mãos de forma impaciente com a audácia do outro. A pessoa estava agasalhada dentro de um moletom amarelo. Amarelo. Uma cor viva demais, odiava.

Suspirou com desdém a quem quer que estivesse todo empacotado. Contudo, tinha certeza que era um estudante.

A bolsa nas costas, calça, tênis, revelou o pouco dele. Ou talvez, nada. Sua dúvida não durou muito tempo quando a pessoa resolveu mostrar o rostinho folgado por trás das vestes.

Um garoto.

O cabelo loiro claro estava úmido, deveria ter sido por conta da chuva que caía, deduziu. E a respiração descompensada foi a surpresa dela, ele parecia não estar preparado para uma tempestade, e então, correu para não perder a hora e nem molhar-se demais.

Ainda assim, percebeu o menino triste. Seu último suspiro longo foi descontente e de frustração. Talvez seja mais uma pessoa que não goste de chuva. Era entendível. Pensando, voltou a atenção ao seu livro.

Porém, a verdade era que não conseguia obter a atenção devida nas palavras que estavam escritas na folha já tão amarelada.

E como poderia, se o garoto, de repente levantou-se do banco ao seu lado, e com uma observação: ele estava sem os sapatos agora, somente a meia, incrivelmente também de cor amarela, cobria seu pé.

Ergueu o olhar, levando sua concentração para o garoto de moletom amarelo.

Juntou as sobrancelhas. Ele parecia procurar por algo no chão. Será que havia perdido alguma coisa? Não, não. Depois que o viu arrastar a sola do tênis numa pequena poça que havia perto, teve a certeza de que não havia perdido algo.

O MENINO DE AMARELO (versão jikook)Where stories live. Discover now