— Oh... Sinto muito, Taehyung, que você tenha que aturar todo esse drama por mim. Sei como ela pode ser emocional, às vezes.

A expressão ofendida de sua mãe o fez gargalhar.

— Te-a Ya-ô e e-al.

Jeongguk tentou disfarçar a expressão confusa que surgiu em seu rosto. Era um tanto complicado entender o que Taehyung dizia. Ao mesmo tempo, não conseguia deixar de observar como seus músculos pareciam congelados. Deveria ser doloroso não conseguir movimentar sua boca para pronunciar as palavras. Seus ex pacientes, após o tratamento, diziam que a sensação era que seu corpo parecia como uma pedra. Ele queria ser capaz de rachar, pouco a pouco, o pedregulho do menino ali deitado. Só não sabia como.

— Viu, Jeongguk, ele disse que sou legal — sua mãe fez a interpretação. Em forma de afeto, o fisioterapeuta se aproximou de Yangwon e enlaçou os braços ao seu redor. Suas mãos massagearam o couro cabeludo, que já apresentava alguns fios brancos, e seguiram para o ombro da mulher. — Essa massagem está muito boa, mas preciso ver se Hyoji precisa de ajuda. Comportem-se.

O olhar desesperado de Jeongguk acompanhou cada movimento de sua mãe em direção à porta. A agonia de ficar sozinho com Taehyung tomou conta de si. Era uma grande responsabilidade. Não conseguia nem entender o que o garoto queria dizer. E se algo acontecesse e ele não soubesse reagir?

As orbes castanhas do menino fizeram um movimento exagerado em direção à esquerda. Jeongguk permaneceu estático. Taehyung repetiu o movimento. Jeongguk se questionou se tudo estava bem. Ele fez o movimento mais uma vez. Quando a movimentação se repetiu pela quarta vez, o moreno percebeu que ele tentava se comunicar. Havia um objeto em cima da mesa de cabeceira. Um aparelho estranho, com uma espécie de controle. Parecia um vídeo game. Havia uma pequena tela acoplada.

— Como sou lerdo! — o Jeon exclamou. — Você quer que eu pegue isso?

— S-im.

Taehyung movimentou as pontas dos dedos da melhor forma possível. A pequena movimentação em meio ao repouso absoluto chamou a atenção do moreno. Deduziu que deveria colocar o objeto de desejo do mais velho ali. Posicionou-o de forma que o outro pudesse segurar, da melhor maneira possível, o aparelho. Ele começou a movimentar com dificuldade os dedos, parecia sentir dor a cada movimento. Depois de excruciantes segundos, Taehyung virou a tela de forma que Jeongguk pudesse enxergá-la.

Obrigado. Sua mãe me falou muito de você.

Ela é uma boa pessoa.

— Ela, bem, tem um coração de ouro. Ainda assim, tenho medo do que ela possa ter falado de mim — Jeongguk sentia o nervosismo diminuindo vagarosamente.

Havia aprendido com Hoseok, um de seus veteranos e melhor amigo, que o humor era uma ótima forma de quebrar o gelo.

Nada demais. Temos muitos gostos em comum.

— Sério? Tipo o quê? — ele perguntou conforme Taehyung movimentava aquele controle estranho e as palavras iam se formando. — Além de gostarmos da companhia dela, é claro.

Mangá. Vídeo game. Animes.

Ela disse que você não tem muito tempo para assistir, mas gosta bastante.

Mais uma pausa enquanto as letras iam, aos poucos, aparecendo na tela para formar a próxima frase.

Quer assistir um pouco?

— Claro.

Jeongguk pensou que era engraçado conversar com alguém assim. Apenas seu lado da conversa sendo proferido em alto e bom som. Ele analisou ao redor, sem saber o que fazer. Deveria ligar o televisor? Pegar o computador? Chamar Hyoji? Fitou Taehyung novamente e percebeu que ele estava movimentando os olhos, dessa vez para baixo. O controle da televisão estava jogado em meio ao lençol. Mais rápido em perceber o sinal do que antes, pegou o objeto e apertou o botão de ligar. A tela logo começou a brilhar e Taehyung tentou movimentar os lábios. Talvez fosse impressão do mais novo, mas o menino parecia tentar esboçar um sorriso. Sem sucesso, porém. Sua expressão denunciava a dor.

For Him | taekookWhere stories live. Discover now