One.

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— O prazo do trabalho é daqui cinco meses. Entendidos, turma? — a voz do professor ecoou pela sala.

O senhor recebeu em resposta alguns poucos acenos de cabeça e se retirou sem proferir mais nenhuma palavra. Nem um pouco educado. Jeongguk, porém, não o julgava. Se pudesse, também evitaria ao máximo a presença e o convívio com tantas pessoas. Preferia lugares mais reservados, quietos, onde ele pudesse passar discretamente. Infelizmente, o menino aprendeu desde cedo que a vida real nem sempre é como desejamos.

Quando percebeu seus colegas de turma se levantando e saindo pela mesma porta pela qual o professor acabara de passar, Jeongguk lembrou que aquele era o último horário do dia. Finalmente, poderia ir para casa. Levantou, rapidamente, e colocou seu material dentro da pequena mochila vermelha que o acompanhava em todos os momentos. Sem mais delongas, seguiu em direção à saída.

No caminho até a estação de metrô, Jeongguk pôs-se a pensar sobre o trabalho que teria que fazer. Valendo 70% da nota do penúltimo período, o projeto faria jus ao nome e seria bem trabalhoso. No fundo, ele não se importava. Ter de fazer tudo isso era como um passatempo. Agradava-lhe bastante a carreira que escolhera, tinha amor pelo que fazia. Ajudar as pessoas, ver a evolução do processo, fazer a diferença na vida de alguém. O pouco que fazia no hospital pediátrico, onde trabalhava como estagiário, cativava-o cada vez mais. Uma pena que ainda precisava de cerca de um ano para poder finalmente exercer a profissão de fisioterapeuta.

O percurso de volta para casa, como sempre, foi tranquilo. De certa forma, isso incomodava Jeongguk. Era sempre a mesma coisa. Levantar cedo para ir ao estágio três vezes durante a semana, frequentar a academia nos outros dois dias que não precisava ir ao hospital, ir para faculdade, seguir para casa. A mesma rotina todos os dias dos últimos meses. Nada de diferente. Nenhuma novidade. A monotonia o irritava e cansava cada vez mais. Precisava de algo para mudar tudo isso. Uma forma de espairecer. Sair com Yoongi e Hoseok, seus veteranos, até que era divertido. No entanto, desde que os mais velhos começaram a trabalhar, não havia tempo para aproveitarem.

Enquanto tomava um relaxante banho, ocorreu-lhe que talvez esse projeto, o último antes das tão merecidas férias, poderia ser sua oportunidade de escapar da mesmice. Afinal, o professor pediu que fossem inovadores. Ele o seria, portanto. Falaria sobre seu assunto preferido: crianças. Dava-se bem com as mesmas e agradava-lhe ver a evolução. A melhora apresentada ao final de cada tratamento era extremamente gratificante.

Pensando nos sorrisos que queria cativar, Jeongguk adormeceu.


✗✗✗


Um barulho estrondoso fez com que Jeongguk pulasse da cama. Não era possível que seu despertador já anunciasse a hora de levantar. Quanto mais dormia, mais cansado se sentia. Algo estava errado. Talvez fosse o final do curso.

Pegou o celular para acabar com o desconfortável toque e percebeu duas coisas: primeiro, era sábado, ou seja, seu despertador não deveria estar tocando; segundo, o barulho que o acordara era, na verdade, uma ligação. Pior, a tela identificava que o responsável por tal feito era Yangwon, sua mãe.

Sentindo-se sonolento, atendeu a chamada. Coçou os olhos vagarosamente, para mantê-los aberto, ainda que sua mãe não pudesse vê-lo. Sua visão focou no relógio de cabeceira. 12:30. Algo dizia-lhe que tinha esquecido de um fato importante. De novo.

— Alô, mãe? — esperava que sua voz não entregasse que havia acordado há pouco.

— Jeongguk, meu filho, como está? Tá tudo bem?

For Him | taekookWhere stories live. Discover now