Capítulo 3

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Hart

       Eu falhei. Mais uma vez. Não consegui me conter e tive que vê-la,mas droga,fiquei esgueirando entre as árvores tentando achá-la em sua casa mas ela não estava lá. Mas Elizabeth sim,e como a mulher esperta que sempre foi ela conseguiu me ver, de fato nunca duvidei de sua perspicácia, porém, não achava que sua reação seria positiva ao me ver depois de tantos anos.

— Hart. Eu sei que é você. Não vá embora, por favor. — ouvi sua voz suave falar,eu estava atrás das árvores,e ela,na entrada de sua casa,Enzo tomava banho pois ouvia a água do chuveiro e ele cantarolando desafinadamente.

Sai das sombras,apenas o suficiente para a lua iluminar meu rosto. Ela sorriu,não estávamos próximos,mas a distância também não era tão longa.

— Desculpe-me,Elizabeth... Tenho que ir. — suspirei,virando-me de costas pronto para ir pra casa mas parei abruptamente ao ouvi-la falar:

— Ela está na alcatéia. Hart,por favor... Se não for para finalmente conhecê-la e fazer parte da vida dela,a deixe em paz. — ela diz,antes de entrar e fechar a porta. Respirei fundo,ela tinha razão,não posso continuar nisso. Irei vê-la esta noite mas será a última vez,novamente tentarei me afastar de vez,visto que a primeira vez que falei isso,não cumpri.

Desapareci como um sopro e correndo,rapidamente já me encontrava de frente para a alcatéia Lua Doce. Mudou muito durante os anos, principalmente após o incêndio que aconteceu há uns sete anos atrás,os humanos souberam que haviam moradores ali e não ficaram nada contentes,e como não são bons anfitriões,preferiam incendiar o território ao invés de conhecê-los. Por isso apenas são comida para mim,nada mais que isso,os descarto e pronto. Não merecem tamanha misericórdia.

Lá estava ela,balançando a perna ao som da música que tocava,os outros lobos logo sentiriam meu cheiro então tinha que tratar de sair rápido daqui,ainda bem que a maioria estão bêbados. Ela estava como sempre,linda mas parecia triste. Sei que a metade de seu sofrimento é minha culpa,desde que a vi nascer e acompanhei seu crescimento de longe,nunca a vi se transformar em loba,não entendo o por quê mas,sei que devo ter culpa nisso. A vi sofrer tantas vezes,com suas crises,a ouvi chorar e se perguntar o por quê de ser tão diferente das outras lobas e me senti um fodido por não poder tirar toda essa dor de seu coração.

Seu primo se aproxima dela,começando a conversar. Fecho minha mão em punho ao ouvi-lo chamá-la de princesa,mas então lembro-me que não posso interferir em nada. Eu escolhi isso. Ela poderia ser minha.
Ela olha ao redor,parece incomodada,escondo-me melhor para não permitir que ela me veja. Sua expressão de repente se torna triste com o rumo que toma a conversa com seu primo.

As vezes penso se ela estaria melhor com a minha presença em sua vida. Pensei tanto em não fazê-la sofrer,estando longe,que agora vendo-a desta forma,parece ser totalmente o contrário.

Ela caminha para casa,e a cada passo que ela dá eu a acompanho. Ela nem se quer sabe da minha presença. É tão bom observá-la,ouvir sua voz,queria poder sentir sua pele sob meu toque,não imagino como seja a textura.
Me distrai tanto que não prestei atenção por onde andava e um galho velho se quebrou quando passei por cima,praguejei mas,ao ouvir seu coração acelerar de medo não pude me conter em querer me aproximar,me conformei apenas em mostrar minha sombra atrás da árvore.

Ela fechou os olhos amedrontada,e sem querer meus lábios se abriram e não pude segurar a vontade de falar com ela,mesmo que minimamente.

Abra os olhos. — quase sussurrei,a vendo me procurar.

Quem está aí? Acho melhor parar. Não vai querer conhecer meu pai! — Ela gritou. Gostaria de gargalhar no momento em que ela disse isso,se ela soubesse o quanto conheço seu pai.

[+18] Ela Pertence ao VampiroWhere stories live. Discover now