O lobisomem!

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Shouto criou coragem e saiu do quarto com suas pernas bambas. Ele passou lentamente pelo corredor e desceu as escadas, não havia ninguém na sala, mas o barulho continuava vindo da cozinha. Os grilos cantavam a uma certa distância e era possível ouvir algumas crianças rindo lá fora, seria possível que realmente havia um lobisomem ali?

O menino não quis responder aquela sua pergunta. Com cautela ele se esquivou pela sala e chegou na porta da cozinha.

— Parado aí! — O bicolor berrou e pulou para dentro do cômodo, de onde um grito ecoou junto a um barulho de vidro quebrando.

— PUTA QUE PARIU, TÁS DOIDO, PESTE? DE UMA RAPARIGA, EITA SUSTO DA BOBONICA, MEU CORAÇÃO TÁ DOENDO, DESGRAÇA! — Midoriya berrou de volta enquanto levava sua mão trêmula até seu coração.

Pelo visto, o lobisomem não era ninguém menos que o próprio Midoriya.

— Desculpa! — Todoroki gargalhou e recebeu um olhar mortal vindo do menino.

— Vá pegar a bassoura, vá! Caminhe! — Ele falou brabo e olhou para seu pé, assim fazendo uma careta — Acho que cortei meus pé.

O bicolor passou pelo vidro com cuidado e pegou uma vassoura de madeira que estava encostada na parede, ele voltou seu olhar ao menor e fez uma cara de preocupado.

— Você está sem chinelos? — Ele perguntou e o menor assentiu com a cabeça — Ah, vou te tirar daí.

Shouto passou pelos cacos de vidro maiores e pegou o sardento em seus braços, assim o levantando repentinamente.

— Ei, ei! Djabo é isso?!

— Você é tão levinho, credo. — Sho falou enquanto colocava o menor sobre a mesa. Ele pegou a vassoura novamente e varreu o estrago que havia acabado de fazer. Com calma, o mesmo pegou um pedaço de papel que estava jogado pela casa e os juntou ali, assim fazendo uma bolinha de vidro e pondo no lixo. Seus olhos heterocromados se voltaram ao esverdeado, que balançava seus pés e o olhava impaciente. Com sutileza o maior se aproximou e estendeu seus braços — Vem cá, vou te levar pro quarto.

— Rapaz, tu me trata melhor que minha família. E olha que eles me abandonaram, visse. — Midoriya deixou escapar, ele foi para os braços do bicolor que estava surpreso, e de certa forma, preocupado.

— Vem, vamos pro meu quarto — Ele disse baixinho e levou o sardento para os quartos.

Enquanto fazia o curativo, ele não conseguiu parar de pensar naquilo. Os pais daquele menino haviam o abandonado? Por quê? Quais os motivos que fizeram com que eles abandonassem Izuku? Ou ele simplesmente havia fugido de casa?

Qual era a história daquele garoto? Shouto sentia a necessidade de saber, mas não ousou questionar. Ele não perguntou nada, apenas esperou o menor revelasse aquela parte de sua vida para ele.

Mas era notável que Midoriya não iria contar sobre sua vida tão fácil assim, ele era um cara difícil. Um cara difícil com uma história misteriosa.

As férias de Shoto parecia ter acabado de ficar um pouco mais interessantes.

— Okay, já terminei. Tente não ficar pulando senão vai machucar ainda mais — Ele alertou e o garoto apenas meneou com sua cabeça em confirmação — Se doer me avise, tudo bem? Ah, você também precisa usar chinelos.

— Eu não tenho.

Todoroki o fitou com uma certa preocupação. Midoriya estava sério; inexpressivo, seus olhos verdes brilhavam em desafio. Com calma, o bicolor levantou e caminhou até uma de suas malas, de dentro de uma mochila ele retirou um par de chinelas novas que havia comprado antes de viajar.

— Não sei se é seu número, mas pode ficar com essas. Não as perca, entendido? — Ele respondeu impassível e entregou os chinelos ao menor, que fitou aquilo com um  semblante triste.

— Ok.

— Aliás, o que você estava fazendo na cozinha? Você me deu um baita susto!

— Oxe, fazendo a tua comida. — Mid respondeu com o cenho franzido. — A tia mandou fazer, ou tu quer morrer de fome, menino duas cor?

— Você vai comer? — O meio a meio perguntou.

— Não. A tia não deixa eu comer aqui.

— Ah, você vai sim comer aqui. — Todoroki falou com um certo tom de raiva. — Você tem onde dormir?

Izuku negou com a cabeça com um pouco de relutância.

— Vá fazer a comida, você vai dormir comigo hoje. Chico bento — O bicolor disse decidido. Midoriya levantou da cama e mancou até a porta.

— Quando estiver pronto eu te aviso.

E assim, ele saiu.

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