Capítulo 6

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Os dias iam e vinham, transformavam-se em noites e voltavam a ser dias.

Logo Tommen fez cinco anos, Myrcella seis, Joffrey dez, Johanna e Cerion doze. Johanna e Myrcella eram completamente inseparáveis. Juntas liam sobre Rochedo Casterly e seus reis, além de provarem vestidos e trançarem os cabelos uma da outra.

— Jo, o que você acha de irmos ver o tio Jaime? Eu adorei o dia em que ele nos deu flores. Eu preferia que fôssemos todos filhos dele. — Disse a pequena Myrcella, feliz.

— Não poderíamos, Cella. Apenas Targaryen casavam-se entre irmãos. Mas eu sei que você sabe disso, afinal é inteligente. — Acariciou o rosto da irmã. — Pelo menos você é parecida com ele e a nossa mãe. — Jo se mostrou um pouco triste com a última frase, mas continuou.

— Vamos buscar Tommen também. Você sabe que ele adora o nosso tio e quer ser treinado igual a Joffrey e Cerion.

As duas se puseram a andar. Johanna de repente viu a mãe de relance entrando no quarto. Cersei parecia infeliz. Então Jo disse a Cella: — Vá buscar Tommen. Quero conversar com a nossa mãe.

Myrcella seguiu sozinha e Johanna foi até o quarto da mãe. A porta estava aberta.

— Mãe, o que houve? — Disse a menina com preocupação.

— Eu já disse que você nunca deve entrar sem bater! Saia! — Disse a Rainha, exasperada.

Johanna notou que a mãe tinha uma marca roxa no pescoço.

Johanna desobedeceu e chegou mais perto. — Mãe, o que é isso no seu pescoço?

Cersei percebeu que a filha não a deixaria. Com as palavras entaladas na garganta, cuspiu de um modo que mesclava escárnio e desprezo: — Foi um presente do seu pai.

Johanna ficou brava. Tanto por sua mãe ter sido maltratada daquela forma, quanto por não ser permitida a consolá-la. De repente, o fogo que tinha em si a fez ter a conversa mais sincera de sua vida com Cersei:

— Mãe, você sempre tratou a mim e ao Cerion como se fôssemos menos filhos seus. Mas nós não temos culpa da nossa aparência. De verdade, eu odeio o meu pai. EU O ODEIO!

— Gritou Jo as palavras que guardara por anos. — Eu sempre fui uma boa filha. Sempre a fiz companhia. Sempre dei amor e proteção aos meus irmãos. E o que eu recebo? NADA! Nem mesmo rainha eu serei, mesmo tendo nascido primeiro.— Johanna respirou em meio às lágrimas — Chega! Não vou mais mendigar seu carinho. Logo
eu vou florir, me casar e ir morar fora daqui. Você não precisará mais se lembrar que eu existi!

Cersei foi tocada por aquelas palavras. Pensou que Johanna era tão parecida consigo que até mesmo pensava igual sobre seu gêmeo herdar tudo mesmo sendo mais novo.

Cersei abraçou a filha.Foi um abraço que demorou anos. Um abraço que pedia perdão. A própria Rainha também foi às lágrimas e disse, ainda abraçando a filha: — Você é minha. Só minha.

Depois de um longo tempo, o abraço se rompeu. Mas poderia durar anos, afinal foi muito esperado e necessário.

Johanna então perguntou à mãe, falando da marca:

— Você tem algum pó para esconder isso?

— Tenho.

Johanna Baratheon, a Filha de Cersei e RobertOnde histórias criam vida. Descubra agora