Capítulo 1

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Desde o início o casamento de Cersei e Robert fora um desastre. Ele nunca a quis como esposa e demonstrava isso através de humilhações e adultérios frequentes, à vista dela e de todos. Dessa forma, a Rainha decidiu que não daria herdeiros legítimos ao marido. Porém, os deuses tinham outros planos.
 
Subitamente, Cersei começou a passar muito mal. Sentia-se péssima, como se tivesse sido apanhada por uma tempestade de dor. O Grande Meistre Pycelle se pôs a preparar um remédio assim que a Rainha gritou suas queixas, indignada, enquanto era amparada até sua cama por uma serva.
 
— V-V-Vossa Graça, acabei a mistura. Pode tomá-la agora, seu incômodo irá passar. — Disse o velho, aproximando-se.
 
A Rainha, quase involuntariamente, se sentou. Tinha uma pressão, diferente de tudo o que já sentira, no ventre. O que aconteceu a seguir foi basicamente indistinto, de tão rápido e inesperado: Ela tinha sido despida pela serva junto com o meistre e estava dando à luz.
 
Nesse tempo, Jaime chegou ao quarto para socorrer a sua gêmea. Atrás dele, cinco servas também entraram e começaram a ajudar.
 
Jaime estava atônito e nada podia fazer a não ser observar a cena. Por um momento imaginou que a irmã teria escondido dele a gravidez. Mas por quê? Seria um filho dele ou de Robert? Naquele momento não importava, desde que ela ficasse bem.
 
Pensando rapidamente, se a criança fosse dele, estaria a salvo. Porém, se fosse de Robert, a irmã quereria se livrar dela.
 
Jaime se importava com o destino do sobrinho, mesmo que um outro homem em seu lugar pudesse ficar enciumado e querer o mal da criança. Aquele nascimento era consequência do casamento arranjado de Cersei, portanto nem ela e nem a criança tinham culpa.
 
Dessa forma, Jaime impediria que sua gêmea fizesse algo muito ruim. Afinal, mesmo que bebês fossem coisas estridentes, irritantes e que tomariam a atenção da irmã, sangue era sangue. Aquele que nasceria, independente de ser seu filho ou sobrinho, era da sua família.
 
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A criança nasceu. Era uma menina, saudável e de cabelos muito negros. A cabeça de Cersei flutuava, tentando processar o que aconteceu. Mas antes que ela pudesse assimilar a situação por completo, estava dando à luz um segundo bebê. Eram gêmeos. Gêmeos de Robert.
 
O segundo era um menino, de cabelos tão negros quanto os da irmã. O único detalhe que distinguia as crianças era o sexo.
 
O meistre a parabenizou e foi buscar o Rei. Cersei finalmente conseguiu respirar e deitar um longo olhar a Jaime, que acabou por perceber que ela estava tão perdida quanto ele.
 
Uma das servas, a mais idosa, ofereceu as crianças à mãe para serem amamentadas. A Rainha os rejeitou por serem de seu maldito marido.
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Robert então chegou ao quarto. — É verdade? O meistre não está ficando louco? — A Rainha assentiu e apontou com o olhar para as crianças, que foram colocadas em cestos.
O Rei segurou um pouco cada uma. O menino dormia tranquilamente, e a menina berrou como se fosse romper os próprios pulmões.
— Eu devia presenteá-la, minha senhora. Mas não fui à caça recentemente para trazer-lhe uma pele. — Ele se desculpou.
Ela quase deu de ombros.
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No dia seguinte, já sozinhos, Cersei e Jaime conversaram. Ela parecia ter caído de um cavalo. Estava se sentindo derrotada e furiosa ao mesmo tempo.
 
— Eu nunca teria um filho de Robert por escolha, muito menos dois.  Mas os deuses nos pregam peças. Não tive sinal algum de estar esperando até ontem e além disso eu sempre tomo chá de lua. Não entendo como aconteceu. — E pegando na mão dele, terminou — Eu apenas escolheria ter filhos que fossem seus.

—  Se um dia você quiser um filho meu, eu dou. — Jaime pensou por um momento — Mas esses gêmeos podem ter sido providenciais. Nunca ninguém poderá questionar a legitimidade deles, ficando mais difícil questionar também sobre quaisquer crianças que você venha a ter.
 
A Rainha gostou da ideia.

— Eu gosto quando você pensa estrategicamente e não apenas com a espada. Mas o que farei com aqueles bebês? Mal consigo olhar para eles sem ficar enojada. Imagino que quando abrirem os olhos serão olhos nojentos como os do pai. — Indagou, externando a sua insatisfação.
 
— Você pode olhar para eles apenas quando estiverem dormindo. Mais ainda, querida irmã: Pode fazer deles Lannisters apesar da aparência. Nosso bruto rei com certeza odiaria isso. Mas agora, fique bem. Eu quero você inteira para mim. — E a beijou nos lábios, ela respondeu com desejo, e demoraram o máximo que se atreveram.

Johanna Baratheon, a Filha de Cersei e Robertحيث تعيش القصص. اكتشف الآن