f i f t y - o n e

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fanart linda da @kozumegirl_ no twitter!!! ficou perfeita, véi!!!!!


O sol já entrava pelas frestas da janela daquele quarto do hospital, clareando o quarto com fraca iluminação. O barulho contínuo da máquina que monitorava os batimentos cardíacos de Kenma era o único som do quarto, junto com sua respiração pesada e as fungadas que seu nariz dava. Segurava na mão dele desde o momento em que haviam saído daquele ferro-velho, estava gelada, Kenma nunca pareceu tão sem vida assim. Uma parte de você tentava ao máximo acreditar que ele ficaria bem, mesmo o médico que o atendia dizendo que não havia tantas possibilidades dele acordar.

Seu olhar alternava entre o rosto inexpressivo de Kenma, a mão gelada entrelaçada na sua e sua blusa branca, que agora, estava completamente manchada de vermelho pelo sangue do mesmo, assim como seus braços e seu rosto. 

Mesmo com o fato de Kim ter feito o que fez, você não dava a mínima pra isso agora. Ela havia feito por vingança. Bokuto havia descobrido horas depois do acontecimento que Takashi, o homem o qual Kenma havia torturado e matado, era pai da garota. Mas você não dava a mínima, ela já estava morta de qualquer maneira. 

Mas Kenma ainda estava ali e era isso que importava pra você. Mesmo com a feição pálida e abatida, ele ainda estava ali, vivo, respirando. 

Kuroo havia pagado alguns médicos e enfermeiros para isolarem o andar que Kenma estava e não contarem para mais ninguém, então não era perigo para ele ali, assim como os outros homens que haviam sido baleados ou feridos.

— [Nome]. – você virou a cabeça vagarosamente até Akaashi, que acabara de entrar no quarto com um sorriso reconfortante nos lábios. – Vamos pra casa. Tomar um banho e comer alguma coisa, sim? – disse se aproximando, colocando a mão no seu ombro.

— Eu não vou sair daqui até ele acordar. – sua voz saiu mais baixa do que esperava.

— Vai ser rápido, estou de carro e é até o dormitório só, não é longe daqui. Não pode ficar coberta de sangue. – Keiji suspirou, encarando Kenma deitado na cama, com tubos por todo lugar. – Meia hora, no máximo, te prometo.

Ponderou por alguns segundos, realmente precisava de um banho e seu estômago implorava por comida, já que havia passado o dia todo sem nada. Lentamente, soltou-se da mão de Kenma, se aproximando dele e dando um beijo em sua bochecha, virando para Akaashi em seguida. O moreno te acolheu em um abraço, te guiando para fora do quarto até onde o carro estava estacionado. Ele não disse nada durante o caminho, apenas foi o mais rápido que conseguia até o dormitório de vocês.

Você se livrou das roupas manchadas de sangue, entrando em um banho quente. Mesmo que estivesse bom e aliviasse a tensão que seu corpo sentia, não durou mais que dez minutos, apenas tempo o suficiente pra tirar o sangue da sua pele e cabelos, saindo e se trocando em seguida, colocando um moletom e uma calça qualquer. Não quis comer, mas Akaashi insistiu, então compraram um lanche em um fast food qualquer no caminho, o qual você não conseguiu comer nem metade, sentia-se enjoada.

Já no hospital de novo, voltou para a poltrona ao lado da cama dele, segurando sua mão, ainda gelada e do mesmo jeito que estava quando você saiu, a meia hora atrás. Precisava ouvir a voz serena e baixa de novo, dizendo que ficaria tudo bem e que sairia dessa, assim como sempre saiu de todas as situações complicadas da vida. A ideia de perde-lo pra sempre te assustava em tantos níveis, que só de começar a pensar, você conseguia sentir um ataque de pânico vindo, cada vez mais perto.

— Mais cedo um enfermeiro disse que você podia me escutar, espero que seja verdade. – você suspirou pesadamente, deitando a cabeça em cima do corpo dele, encarando seu peito descendo e subindo devagar. – Eu não sei o que dizer. Quero te falar tanto e ao mesmo tempo nada. Sendo sincera, não tenho coragem de falar, porque pode parecer uma despedida, e eu não quero me despedir de você. – sua voz embargou no final da frase, sentindo seus olhos arderem de novo. – Merda. – suspirou frustrada, esfregando o rosto. – Você me prometeu que ia ficar vivo, Kenma! Então fica... por favor. – pediu com a voz fraca.

O choro invadiu de novo, você escondeu o rosto nas próprias mãos, deixando as lágrimas caírem e os soluços saírem da sua garganta. Tentava buscar mais alguma coisa pra dizer, mas cada vez que tentava falar uma palavra que fosse, sempre voltava a cair no choro. Então deixou continuar o tempo que fosse, sem tentar esconder ou silenciar. Ficou longos minutos segurando a mão de Kenma enquanto chorava seu coração pra fora, deixando seu peito ser consumido pela dor e angústia.

— Você foi a melhor pessoa que eu já conheci. – voltou a dizer depois de se acalmar. – Pensar que eu não vou mais poder te ver, te sentir, te ouvir, me dói tanto, Kenma. Não pode me deixar assim, não é justo comigo. – soluçou, amaldiçoando-se mentalmente por querer chorar de novo. – Você precisa acordar, não pode me deixar sozinha depois de tudo. – o fitou por mais alguns segundos, não recebendo reação nenhuma em resposta. – Você me ama, Kenma, assim como eu te amo de um jeito que me consume por dentro, então você não pode me deixar! Porra. – choramingou, abraçando os joelhos em cima da poltrona. – Não pode ir assim, Kenma, não pode.

— Gatinha... – Kuroo te chamou com a voz baixa, ele tinha os olhos inchados, provavelmente chorando minutos antes de entrar. – O médico vai entrar agora e você precisa escutar cada palavra que ele disser, ok?

Você apenas o encarou, assentindo brevemente e se arrumando na poltrona. O médico entrou, acompanhado de uma enfermeira, ambos não tinha expressões boas nos rostos.

— Não temos autorização pra continuar com as máquinas. – o homem disse, você o encarou incrédula.

— O quê?! Como assim? – se levantou, fitando Kuroo. – Que merda é essa de não ter autorização?

— Kenma. – o moreno disse, desviando o olhar. – Ele não autorizou as máquinas de suporte, então o hospital não pode deixar que ele continue sendo mantido vivo por elas.

— Não! Ele definitivamente iria querer as máquinas. Ele me prometeu que ficaria vivo, então ele quer as máquinas!

— Não podemos fazer nada, meus sentimentos. – o médico disse, abaixando a cabeça. – As máquinas serão desligadas agora.

— Não, não podem fazer isso! – você bradou, sentindo seu coração apertar. – Manda eles pararem, Kuroo, por favor.

Kuroo te puxou para um abraço apertando, escondendo seu rosto no peitoral do garoto. A única palavra que saía da sua boca era ''não'', repetidas vezes, balançando a cabeça negativamente, vendo a enfermeira começar a desconectar os fios do corpo de Kenma. Kuroo tentava tampar sua visão, pra você não ver a cena feia que acontecia a sua frente, mas você se debatia contra ele, sentindo as lágrimas escorrendo por suas bochechas e a visão ficar cada vez mais embaçada. 

Ao escutar o barulho contínuo e vendo a linha reta na tela que monitorava os batimentos cardíacos de Kenma, que agora haviam parado de vez, parou de falar, perdendo a força que tinha no corpo, sentindo seu peito agonizar de dor.

Tetsuro te abraçou, ambos deslizando até o chão, ele te envolvia em um abraço, enquanto você soluçava ininterruptamente contra seu peito. Era demais pra você agüentar. Não conseguia acreditar que o corpo de Kenma realmente estava na sua frente, sem vida nenhuma.

Ele realmente se foi. 

𝐃𝐎 𝐍𝐎𝐓 𝐅𝐎𝐑𝐆𝐄𝐓, kozume kenmaWhere stories live. Discover now