Capítulo 93

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Maju narrando

Tava agoniada, VR saiu daqui com minha mãe e meu pai e até agora eles não voltaram, já ia dar 10 da manhã, já liguei pra todo mundo e ninguém me atende, não tô conseguindo arrumar as coisas do chá de fraldas, muita coisa na cabeça.

Me vestir e já tava indo para na boca ver essa situação quando eu me bato com a Sofia.

- tô cansada de me bater com você toda vez que vou aprontar alguma coisa

- tá indo na boca? - ela riu

- sim, quero saber o que ta acontecendo, eles estão lá desde madrugada

- você acredita que eu ia te chamar pra fazer a mesma coisa?

- mentira

- sério, quero saber como vai ser a tortura da sua mãezinha

- dizem que ela pega pesado, ela nunca deixou eu ver

- ela proibiu todo mundo, menos o MT - revirou os olhos

- bora logo

Eu e a Sofia fomos direto pra boca e pra nossa sorte só tinha uns vapores, eu até tentei passar sem ninguém me ver, aí me bati com o tio HR

- vai pra onde, mocinha?

- casa, e do nada vim parar aqui

- casa né - riu

- só quero ver o que minha mãe ta fazendo

- vai traumatizar as crianças

Na mesma hora que eu fechei a boca a Kim gritou bem alto e me fez arrepiar toda, meu tio me olhou com uma cara de "eu avisei.", eu entendi aquilo e fui embora, a Sofia nem quis entrar perto da boca.

- o que foi? - ela me perguntou

- ela gritou e por um momento fiquei com pena

- as vezes é foda, procuro nem saber quando o Mathias vem contando as coisas que ele faz

- VR não comenta, e eu prefiro assim, agora entendo porque minha mãe me poupou disso

- todos pouparam a gente - concordei

- vamos lá em casa, preciso terminar as lembranças dó chá de fralda

Desci com a Sofia e ficamos a tarde toda fazendo, tava apaixonada por cada detalhe das coisas do meu chá de fraldas, não vejo a hora de ter eles aqui pertinho de mim, eu vou tentar ser a melhor mãe do mundo.

Já tinha dado 19h e nenhum sinal de ninguém, então tomei meu banho, jantei e fiquei assistindo um pouco quando o relógio deu 22h cansei de esperar e fui dormir. Peguei no sono pesado e fui acordada com o VR deitando do meu lado alisando minha barriga e fazendo os bebês chutarem.

- que horas são? - falei sonolenta

- 01 da manhã

- chegou agora? - me virei

- não, cheguei um pouco mais cedo

- o que aconteceu com ela?

- vai tudo dar certo, só isso que você precisa saber

- eu não quero que nossos filhos sejam envolvidos com isso

- eu também não, eu só quero que eles saibam de onde eu vim, e do que eu trabalho

- queria tanto que você saísse dessa vida, mesmo assim eu entendo que já conheci assim

- obrigada por entender - me deu um beijo e apagou

Depois que ele chegou e dormiu, eu perdi meu sono, fiquei sem saber o que fazer, então coloquei um moletom e fui pra rua. Andei sem rumo, até chegar aonde eu não queria, mas meu corpo me levava aquele lugar.

Entrei na antiga casa que a Kim tava e comecei a olhar algumas coisas, e tinha vários papéis e algumas anotações espalhadas, puxei uma caixa que tava debaixo da cama e tinha foto do Samuel, era muito aterrorizante ver aquilo, parecia que ela tava armando contra um bebezinho indefeso.

Até que um celular começou a tocar, fiquei sem entender, e comecei a procurar, e o som tava vindo do armário com lençóis, quando eu coloquei a mão tinha um celular descartável, como eu era muito curiosa acabei atendendo

Ligação on

- kim? fala caralho

- a

- é você né?

- você é um bacaca

- você sabe que se matar ela, vai trazer vários problemas na sua vida né?

- você não é maluco

- eu namorei com você, vivia sempre aí, conheço esse morro muito bem, sei de lugar que nem você conhece

- você não vai machucar ninguém

- eu só quero ela viva, o recado tá dado

Ligação off

Meu deus, eu não tinha medo do Guilherme até escutar essa voz dele, não sei o que pode acontecer, literalmente não sei. Peguei tudo de prova que eu achei, junto com o celular e levei pra casa, talvez aquilo leve o lugar aonde esse filha da puta tá escondido.

Coloquei tudo na mesa e fiquei tentando achar conexão em alguma dessas coisas e olhando no celular achei a localização de uma casa no interior do Rio, poderia ser uma pista.

- ACORDEM - comecei a gritar

Tava com preguiça de subir as escadas, a barriga já tava pesando, só fiz gritar e todos desceram assustados.

- o que foi, caralho? tá tendo o bebê? - meu pai chegou colocando a mão no meu pescoço achando que eu tava com febre

- tá tendo bebê ou tá com febre, JP? - minha mãe riu

- acordou assustado, te entendo - VR riu

- gente, já sei onde o Guilherme tá, eu acho na verdade

- como você sabe? - VR me olhou

Contei tudo o que aconteceu, ao invés de me agradecerem, reclamaram comigo, meu deus.

- eu tô ajudando e vocês reclamando?

- você saiu de madrugada, atendeu o telefone e falou demais né - VR colocou a mão na cabeça

- relaxa, ela tá viva, podemos usar isso.

- ela tá morta - meu pai falou

Agora sim eu tô preocupada com o que vai acontecer.

No morro da maré 2Where stories live. Discover now