Esperando por você? (Adaptação)

Capítulo 12

  Lauren a viu comer o sanduíche e sentiu-se aliviada por constatar que Camila não perdera o apetite. Fizera um enorme esforço para vencer os muros de sua residência e sabia que abalara. Logo ela estaria admitindo que haviam nascido uma para a outra.

— Por que esse ar de triunfo? — ela perguntou.

— Triunfo não é a palavra que eu escolheria.

— Oh, não? E que palavra julga mais conveniente?

— Vejamos... Estou aqui sentada em um hotel romântico, almoçando com uma mulher nua e sedutora... E quando terminarmos nossa refeição, pretendo fazê-la gritar novamente...

— Impossível! Uma mulher da sua idade não pode manter o ritmo que está sugerindo.

— Minha idade?

— Ora, precisa encarar os fatos. Está ficando mais velha a cada dia. Além do mais, leva uma vida sedentária, tensa... Receio que possa sofrer danos irreversíveis com todo o esforço que está fazendo.

— Não se preocupe. — Estava dividida entre o humor e a indignação. Aquela era sua Camila. A pessoa que sempre a estimulara, que a provocara e a tirara do sério. Jamais conhecera outra mulher como ela.

Devia ser uma grande idiota, ou já a teria descoberto antes daquela viagem.

Bem, podia ser idiota, mas não o bastante para deixá-la escapar, agora que a descobrira.

— Já terminou de comer?

Era o sorriso que a deixava nervosa. Quando Lauren sorria daquela maneira, lembrava-se de que ela era uma advogada, um predadora da era moderna em busca de sua presa. E ela era a presa.

— Ainda não. — Manteria o hambúrguer com fritas e milkshake entre elas.

— Vou reformular a pergunta. Camila, acha mesmo que já saciei meu apetite sexual?

— Bem, considerando os estudos.

— Bem, os estudos podem estar corretos em alguns fatos, mas creio que os resultados teriam sido outros, se os cientistas houvessem testado os parceiros da deliciosa Camila Cabello. — Lauren estendeu-se na cama e empurrou a bandeira de comida para o chão enquanto a imobilizava sobre o colchão. — Vou provar que ainda estou em forma.

Feliz.

Não, a palavra soava amena.

Eufórica.

Camila não conseguia encontrar uma palavra que pudesse descrever a emoção que a dominava.

Olhou-se no espelho. Tinha os cabelos penteados e os olhos brilhantes. Quem a visse naquele estado adivinharia a verdade. Camila Cabello amava Lauren Jauregui.

É claro, não diria nada a ela. Ainda não. Não enquanto não tivesse certeza de que ela havia superado o rompimento da última relação amorosa. Sandy fizera parte de sua vida por muitos anos. Enquanto Lauren não a esquecesse, não diria nada sobre o amor que transbordava de seu coração. Tinham todo o tempo do mundo.

Pensar em Sandy não era o suficiente para empanar o brilho de sua felicidade. Não depois de como ela e Lauren haviam passado as vinte e quatro horas anteriores.

— Lauren? — a chamou, abrindo a porta do banheiro.

O quarto estava vazio. Talvez ela houvesse decidido para reservar uma mesa no restaurante.

Sorrindo, pegou o cartão magnético que destravava a porta. Comeriam, depois caminhariam pela praia e voltariam à suíte, onde experimentariam mais uma vez a magia do amor.

Feliz como jamais estivera, atravessou o corredor e usou o elevador para chegar ao saguão, onde parou de repente e sentiu que os sonhos não só desapareciam. Eles morriam.

Lauren estava sentada em um sofá ao lado de Sandy. Não ela não estava apenas sentada. Estava abraçando Sandy. Agarravam-se com desespero, como se a separação nunca houvesse acontecido.

Camila ficou onde estava, paralisada, vendo os sonhos se desfazendo diante de seus olhos. Lauren e Sandy. Sandy e Lauren.

Depois do abraço, ela manteve uma mão sobre a coxa feminina como fizera tantas outras vezes. Estavam conversando, e Lauren sorria.

Tinha de sair dali antes que a vissem. Era inútil ficar para ver como o encontro terminaria. Lauren reatara com Sandy, seu verdadeiro amor.

O que viveram fora apenas uma aberração, um lapso momentâneo.

A amizade e a solidão se confundiram e, por um instante, tiveram uma a outra. Agora Lauren não precisava mais dela. Tinha Sandy outra vez.

Mas... aquele era um hotel para casais! Sandy devia estar com alguém. Mas a imagem do abraço que acabara de testemunhar era mais forte do que qualquer argumento. Quem quer que a acompanhasse, tinha a mesma importância em sua vida que Camila na vida de Lauren. Nenhuma.

Sandy e Lauren estavam juntas, e nada mais importava.

A pressão em seu peito ameaçava sufocá-la. Não conseguia respirar. Não conseguia pensar. Precisava escapar.

Fugir.

Sim, era isso que devia fazer.

Descobriria em que horário o próximo vôo decolaria da ilha e estaria nele.

Não podia ficar e testemunhar o reencontro entre Lauren s Sandy. Não suportaria ouvi-la dizer que, apesar de todo o prazer que sentira em seus braços, a brincadeira chegara ao fim.

Havia acabado.

Como os sonhos que tivera tantas vezes ao longo dos anos. Também estavam acabados. Destruídos.

Para sempre.

Continua...