Capítulo 6

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No final da tarde, Camila olhou-se no espelho do banheiro. Fazer nada era mais perigoso do que havia imaginado.

- E então, vai passar a noite toda aí dentro? - Lauren perguntou do outro lado da porta.

- Talvez. - Sentada na beirada da banheira, olhou para as roupas que deixara sobre a bancada. Não podia vesti-las, e também não podia sair dali sem elas. A nudez da noite anterior havia sido compreensível, mas não pretendia adquirir o hábito de ficar nua com Lauren.

- Não pode ser tão ruim - ela insistiu.

Camila soluçou e limpou o nariz com um lenço de papel.

- É pior!

Olhou para as roupas. Preferia sentir dor a passar o rosto da viagem trancada no banheiro. Não conseguiria vestir o sutiã sobre a pele queimada de sol, mas a camiseta causou um sofrimento suportável. Talvez tivesse motivo para ficar feliz com a ausência de certos atributos. Ninguém notaria que estava sem sutiã.

Decidindo que a calcinha seria igualmente intolerável, vestiu o short folgado e respirou fundo.

- Usou a loção que lhe deram na enfermaria, Camz?

- Mais ou menos.

- Como assim?

- Não consegui alcançar todos os lugares.

- Ah... Precisa de ajuda?

Ela abriu a porta.

- Você nem ficou vermelha - acusou-a ressentida.

- Você sabe que nunca me queimo.

- Não parece justo.

- Vamos, dê-me a loção.

Camila entregou o frasco e virou-se.

- Não consegui alcançar o meio das costas. Espalhei o creme no alto e embaixo, mas nem todo o contorcionismo do mundo foi suficiente para que meus dedos tocassem a área central. - Erguendo a metade posterior da camiseta, segurou a outra parte sobre umbigo.

- Não está usando sutiã?

- É claro que não. Sei que às vezes sou meio esquisita, mas nunca foi masoquista. Tem ideia do que aquelas alças teriam feito comigo?

Lauren espalhou a loção sobre a pele queimada e espalhou-a devagar, fingindo não ouvir o suspiro de alívio que escapou da garganta de Camila. Devagar, continuou massageando toda a região avermelhada.

Camila sabia que não suspirava de alívio. Ao longo dos anos, aprendera a esquecer que Lauren era seu ideal de mulher, mas em momentos como aquele, tudo era mais difícil. Sentia-se culpada por conta do sentimento. Lauren estava sofrendo, trabalhando como um lunático, e ela se deixava consumir pela luxúria. Era melhor nem pensar nisso.

Todas as outras mulheres com quem saíra haviam sido comparadas a Lauren, e nenhum delas passara no teste. Começara a desejá-la no ginásio com a intensidade típica da adolescência. Depois, já adulta, esquecera a paixão e concentrara-se na amizade.

Mas quando as mãos acariciavam suas costas... Bem, esquecia de esquecer e voltava a arder desejo. Droga! Por que tinha de torturar-se daquela maneira?

- Obrigada - disse, baixando a camiseta e recuperando a loção. Havia suportado tudo que podia. Como dissera a Lauren, nunca fora masoquista. Tentando demonstrar alegria, sugeriu: - Que tal um cinema esta noite? Além de estar dolorida, descobri que passar o dia todo sem fazer nada é cansativo. Podemos assistir a um bom filme e depois dormir.

- Podemos assistir a um bom filme sem sair do quarto. A tevê a cabo tem exibido grandes produções.

- Vejo que esqueceu mesmo o significado da palavra diversão.

Esperando por você? (Adaptação)Where stories live. Discover now