Capítulo 1

172 21 0
                                    

  Lauren Jauregui saltava os degraus da escada que levava ao apartamento de Camila Cabello, praguejando contra o espírito boêmio que a levara a alugar um imóvel no quinto andar de um edifício sem elevador.

— Camz! — chamou preocupada enquanto batia na porta.

Ela telefonara pouco antes dizendo estar encrencada e precisando de socorro urgente. A viagem de quinze minutos fora uma agonia, porque não tinha ideia do tipo de problema em que a velha amiga se metera dessa vez.

— Estou indo — respondeu uma voz feminina.

A porta se abriu. Metade dos cabelos morenos de Camila estavam presos em um rabo-de-cavalo, e a outra metade caía solta sobre sua nuca. O robe desbotado cobria sua velha camiseta de futebol, uma peça que ela tomara emprestada no ginásio e nunca mais devolvera.

Sempre que Lauren pedia a camiseta, Camila respondia que ela estava suja e que a devolveria depois de lavá-la. Mais de dez anos se passaram. Ou ela tinha os piores hábitos de higiene que um ser humano pode ter, ou pretendia ficar com a camiseta.

Camila parecia estar bem. Um pouco nervosa, mas era só isso. E depois de todas as possibilidades assustadoras que havia passado por sua cabeça, uma velha camiseta de futebol não era realmente uma preocupação.

— Tudo bem? — Lauren entrou no apartamento, fechou a porta e deixou o paletó sobre uma cadeira antes de ir sentar-se no sofá. — Parece pálida.

Ela se sentou na almofada vizinha.

— Desta vez estou mesmo encrencada — disse. — Por que estou sempre me metendo em confusões? Tenho quase trinta anos, um emprego bem remunerado, sucesso profissional... Jaycee Smith aprovou o vestido que criei para vesti-la na entrega do prêmio em Tennessee. É minha maior encomenda. Dinah estava quase tão excitada quanto eu. Ia telefonar para você esta noite e contar tudo, talvez até convidá-la para uma celebração... Não sei como essas coisas acontecem. Tomo minhas vitaminas todos os dias, corro dez quilômetros todos os domingos...

Lauren ergueu uma sobrancelha. Estivera com Camila em mais de uma dessas caminhadas.

Ela riu.

— Tudo bem, caminho depressa...

— E para em todas as barracas de cachorro-quente e lojas de doces no caminho.

— Mas pelo menos caminho. E não é esse o ponto. Quero dizer que não sou nenhuma idiota, cuido de minha saúde, e mesmo assim...

— O que foi desta vez?

— Isto. — Ela abriu o robe com um movimento teatral, apoiando as pernas sobre a mesa de café. Estavam cobertas por... alguma coisa.

— Mas o quê...? Camz, o que foi que fez agora?

Podia ver as lágrimas em seus olhos e foi tomada por uma onda de compaixão.

— Vou para a praia no próximo final de semana para cuidar do meu bronzeado — ela respondeu, como se a afirmação explicasse tudo.

— E daí?

— Bem, não queria pernas peluda! E infelizmente, tenho pelos grossos, uso a lâmina de barbear todas as manhãs, e no final da tarde já posso sentir a pele áspera e ver aquela horrível sombra escura. É embaraçoso. Por isso decidi usar cera depilatória.

Lauren tirou um lenço do bolso e entregou-o á amiga, que chorava copiosamente. Ela assou o nariz de maneira pouco feminina ou delicada.

— Então decidiu depilar as pernas. E daí? O que há de errado nisso?

Esperando por você? (Adaptação)Where stories live. Discover now