Safira estava maravilhada com a beleza incondicional daquela terrinha. O lar de Fuyuki era esbelto e fazia lembrá-la das pastagens que Sakura tinha antes de ingressar a full time no negócio do arroz.
— Wow, que lindo! Tu vives mesmo aqui?
— Uhum. Vá sobe.
— Hã?! Tu cresceste mais um bocadinho? Mas continuas pequeno e com essas patinhas duvido muito que aguentes com o meu peso.
— Podes calar a boca e subir? Não sou assim tão franganote.
— Tens a certeza?
— Sobe!
Safira subiu e sentou-se na dorsal de Fuyuki. Sentia-se desconfortável e tentou ao máximo não se sentar de todo, pois tinha medo que ele se machuca-se.
Parecia ridículo aquele aparato todo. Acreditava piamente que estava a sonhar, então porque não saltar daquela rocha suspensa no ar e cair num sofá de erva?— Safira põe-te direita.
— Mais direita que isto?
— Segura-te.
— Uh?
Um berro fininho saiu-lhe das cordas vocais e, assim apresentou o medo que Safira sentia pelas alturas.
— Põe-me no chão!
— És capaz de ter calma? Aproveita a vista. Abre os olhos, está tudo bem.
Safira abriu os olhos aos poucos e espantou-se com o céu azulado que tinha por cima de si. Era imenso, com uma cor pura e não como estava habituada. No Japão, especialmente na cidade, o céu raramente estava azul. As indústrias injetavam gases poluentes para o ar e isso era constante tornando o céu sempre cinzento.
Por essa razão é que Safira vivia inteiramente na herdade onde o ar era menos poluído.— Aonde vamos?
— Já vais ver.
Fuyuki pousou as suas patas na terra poeirenta e fez sinal para que Safira saísse de cima.
— Estás a ver aquelas casas? Nunca vás para lá. — alertou Fuyuki. — Agora vamos.
Muito perspicaz da sua parte.
Fuyuki sabia que Safira não iria para aqueles lados depois de a ter avisado. Ela era uma visitante, não conhecia ninguém ali a não ser ele, portanto era improvável que fosse para lá.— Tu vives aqui sozinho? Isto é lindo, Fuyuki!
— Somos mais uns quantos.
— Iguais a ti?
— Iguais a mim não. Mas em vez de me perguntares, que tal veres com os teus próprios olhos?
Fuyuki seguiu em frente posicionando-se em frente de Safira. Esta estava boquiaberta com os espaços verdes. Por trás deles, as montanhas altas e nublosas iam-se erguendo a cada passada lenta. As árvores eram enormes — troncos grossos e folhas verdes manifestavam-se por entre a paisagem.
— Estamos muito longe? — perguntou Safira.
— Um pouco, sim.
— Estou cansada, Fuyuki... porquê que não podemos ir a voar?
— Ele pode nos ver.
— Quem? — Safira parou de seguir Fuyuki e ficou parada. — Quero voltar para casa.
— Safira sê paciente.
— Quero ir para casa, Fuyuki! Não vou sair daqui, deste lugar aqui. — desenhou uma curva com o pé na terra poeirenta. — Até me dizeres quem é que nos pode ver.
— És tão chata. — Fuyuki aproximou-se de Safira. Caçou-lhe a roupa com os dentes e atirou-a para cima das suas costas. — Aproveita a vista daí de cima enquanto eu encarrego-me de nos levar para um sítio seguro.
Safira não se pronunciou nem reclamou com Fuyuki. Deitou-se sob as suas costas e encarou as nuvens no céu. Não sabia o que Fuyuki queria dela, para onde iam ou quem é que não podia vê-los. Afinal de contas confiava numa criatura que não sabia de onde vinha ou de como veio ao mundo. Não conhecia os segredos de Fuyuki e estava longe de os conhecer.
— Já chegamos. — disse Fuyuki enquanto Safira se apressava para sair de cima dele. — Queres ajuda? — Safira não respondeu.
Fuyuki voltou ao seu tamanho original, passando a assemelhar-se a um gato. Safira desviou o olhar de Fuyuki e deparou-se com uma minúscula tenda de pano.
— É aqui? — perguntou.
— Sim. Anda daí.
De fora, a tenda parecia dar apenas para uma pessoa do tão pequena que era. Também estava cheia de pó e as estacas que a compunham estavam lascadas.
Mais uma vez fora surpreendida. A tenda por dentro não era nada do que imaginava. Era grande, requintada e espaçosa. Haviam grandes candelabros, tapetes antigos e quadros de paisagens.— Espera aqui. — ordenou Fuyuki. — Preciso de faze uma coisa antes de irmos.
Safira permaneceu no mesmo sítio, maravilhada com tudo aquilo que não podia tocar.
Enquanto isso, Fuyuki adiantara o passo. Estava atrasado e sabia que ia levar sermão pela falta de responsabilidade.
Seguiu aos S's chegando a um cómodo vazio e tenebroso. Por detrás de Fuyuki, uma sombra magrela e furisosa apareceu.— Finalmente chegaste, Fuyuki.
— Senpai, tivemos uns pequenos problemas.
— Com "pequenos problemas" espero que não estejas a falar sobre a Kin.
— Eu juro, senpai, ela não nos viu.
— Isso não importa, Fuyuki porque ela sabe que tu a tens! Como podes ser tão irresponsável? Eu pedi-te que o fizesses com cautela! Alguém vos seguiu quando cá chegaram?
— Não, senpai.
— Nem mesmo o nós sabemos quem?
— Nem sinal dele.
— Muito bem, muito bem... Ouve com atenção, Fuyuki. Ela não pode ficar aqui por muito tempo... se ele a apanha é o fim para todos nós!
— Sim senhor. Mas o que fazemos à Kin? De certeza que a Saori e os restantes já sabem que ela está aqui.
— Sabem porque és um incompetente! Vou ter de dar um jeito nessas rebeldes, outra vez.
— Senpai, por quanto mais tempo acha que ele vai aguentar?
— Não sei, mas espero que o suficiente até conseguirmos desenvolver este plano na perfeição. — fez uma pausa. — Ouve o que eu te digo, Fuyuki... leva-a daqui. Ao pé do riacho, junto às culturas há um pequeno templo de telhas vermelhas acastanhadas. Entra e pede para falar com a Kazumi. Eu já tratei tudo com ela. Só precisas de fazer o que ela te diz.
— Tens a certeza que ela não pode ficar aqui? Pelo menos até amanhã?
— Como?! Se tu não tivesses sido um completo irresponsável eu nem sequer tinha de andar a pedir favores à Kazumi! Se a Safira ficar aqui ela vai correr um enorme risco de vida, não percebes que já todos, inclusive o nós sabemos quem, devem saber que ela está cá? É muito arriscado, nem pensar nisso!
— Mas e o que fazemos amanhã? E o que lhe digo? Ela quer respostas, caso contrário vai embora!
— Quero vê-la ganhar asas e voar daqui par fora.
— Kurama, não a substimes.
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𝘚𝘦𝘨𝘳𝘦𝘥𝘰𝘴 𝘥𝘦 𝘚𝘢𝘧𝘪𝘳𝘢 [ 𝙀𝙢 𝘼𝙣𝙙𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤 ]
FantasyApós a dita morte de Yuki, Noah e Safira, duas inocentes, passam a viver na misteriosa herdade de Sakura. Sakura no hana, a maior herdade produtora de arroz, traçou o seu poderoso caminho de sucesso, mas um pequeno erro veio para estragar tudo. Fuyu...