Intenso

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*Capítulo sem revisão porque meus pulsos foram com Deus. Valorizem esse capítulo porque ultimamente escrevi na força do ódio.

*Capítulo dedicado a Ali que colaborou muito para sair este.

Intenso

in-ten-so

adj. (adjetivo)

1. Cujo a manifestação acontece com muita força, intensidade ou vigor; em que há abundância: temporal intenso; sofrimento intenso.

2. Que transcende o considerado normal; além do grau habitual; excessivo: tarefa intensa.

O Domingo foi completamente fora do meu normal. Eu só saí da cama para almoçar e tomar banho, nada de responder e-mails, me preocupar com trabalho mesmo no dia de folga. Lauren me monopolizou e eu permiti. Claro que não foi sexo a tarde toda... Um pouco, sim, mas não totalmente. Ela me contou sobre seu tempo de estágio como jornalista policial, e compartilhamos coisas sobre nosso tempo de universidade.

Saber que Lauren encontrou algumas dificuldades na universidade, não me impressionou. Ela cursou jornalismo quando estava no auge das consequências do acidente, e que foi muito dependente do grupo de amigos para não perder o ano e a bolsa.

— Mas e você? Estou curiosa para saber sobre você no colégio e na universidade. – Lauren me questiona, fazendo-me arrumar o coque do meu cabelo que estava começando a soltar antes de responder.

— Irritante! – Resumo tudo em uma única palavra. — Meus tempos de estudo no colégio foram irritantes desde o fundamental. Para começar, sempre colocaram expectativas excessivas em mim. Ser chamada de geniozinho era uma das coisas que eu mais odiava porque a pressão era imensa. Adolescentes são cruéis e não tenho boas lembranças do colegial porque eu era a garota quieta, que sentava na segunda mesa e era inteligente. Na universidade, eu continuava a mesma de sempre...

— Defina "a mesma de sempre". – Lauren me interrompe, ela parece se divertir com a expressão que uso. Semicerro o olhar para ela.

— Odeio festas desde sempre, a última a chegar e a primeira a sair. Ainda a primeira da turma, de poucos amigos, muito fechada e... – Eu gesticulo com a mão, sinalizando que não é necessário que termine de me descrever.

— Você não mudou muita coisa, então... Já pensou em tratar seus problemas de confiança? – Lauren pergunta como quem não quer nada.

Essa é uma pergunta interessante. Nunca dei a entender que era fechada por problemas de confiança nos outros. Sim, eu tenho problemas de confiança e raramente consigo considerar a boa fé de alguém. Nem sempre alguém fechado sofreu algo parecido, talvez só não quisesse falar.

Noto como Lauren é tão observadora quanto eu sou. Ela diz coisas sobre mim que eu nunca falei em voz alta, e tenho a sensação de ser compreendida mesmo com a complexidade do que me rodeia. Existe uma atmosfera de conforto que não recebi em um relacionamento antes. Eu não gosto de expor isso... Minhas feridas, mágoas, rancores, amores, arrependimentos, minhas cicatrizes... É tudo tão intimamente parte de quem eu sou e não estou acostumada a deixar alguém enxergar.

Eu lutei muitas batalhas; venci algumas e perdi a mim mesma no processo de ser ferida em outras batalhas, mas também me reencontrei várias vezes. Seja pelo que for, eu queria e quero a paz. Não sei pelo que mais luto, se não for por isso... A paz interna para me deixar de pé.

É doloroso admitir que eu me perco, por mais humano que isso seja de minha parte. Eu me perco na minha raiva, eu me perco nas minhas paranóias, eu me perco nas minhas paixões, eu me perco nos meus amores e jamais espero que tenha a mesma recíproca intensa, compreensão de quem eu sou e de como sou. Algumas vezes, é mais difícil me reencontrar do que outras.

O Diabo veste PradaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora