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Julie

Os meninos estavam treinando "truques", como dizem, na garagem. Desde que Luke voltou para nós, nada de ruim aconteceu. Calleb não os ameaçou ou algo do tipo, eu continuava a ver Willie e aproveitei para conhecê-lo melhor, ele está mais tranquilo e alegre por rever Alex.

- Pai, vou para a escola, até mais! - grito e vou em direção a porta da sala, levando um susto ao abri-la. - Ahhh!

Meu grito deve ter soado por toda casa, pois Luke surgiu no meu lado em segundos, perguntando o que aconteceu. Abismada, aponto para a senhora á nossa frente e ele arregala os olhos, tão perplexo quanto eu.

- A-a senhora p-por aqui?!

Emily: Olá, Julie... - ela encara seu filho com os olhos marejados e mãos tapando a boca, sua respiração estava acelerada. - Lu... LUKE?!

A senhora vacila e quase desmaia, porém se apoia em mim, segurando minhas mãos com força.
Levo-a para dentro de casa e faço com que se deite no sofá, papai desce as escadas e nos encara, confuso.

Ray: Tudo... Bem? - indaga, arqueando a sobrancelha.

- T-tudo pai! Depois eu te explico, agora preciso conversar com essa senhora, ok? - tento não ser grosseira.

Ray: Ok... - acho que deu certo, ele dá de ombros e sai de casa para trabalhar.

- A senhora está bem? - pego uma revista e a balanço no ar, criando uma brisa leve. - Eu sei que deve estar confusa, mas ele... Ele...

Luke permanecia assustado, quieto. Olhava para sua mãe e gesticulava a boca numa tentativa de falar algo, em vão. Alterno o olhar entre os dois, pensando na mentira perfeita para dar a ela.
O vídeo do YouTube, claro! Ela deve ter visto porém não acreditou de primeira, só me resta insistir nessa versão e convencê-la de que Luke não é o Luke.

- Esse Luke não é seu filho, mas um sócia dele - digo, por fim. - Ele soube que era parecido com o garoto da banda Sunset Curve e quis fingir ser o mesmo, como um fantasma.

Emily: Mas é são... São iguais... - diz, baixinho. - Ele é igual ao meu Luke...

Luke: Desculpe m... Senhora, mas eu realmente não sou o seu filho, apenas me pareço com ele - enfim se pronuncia. - Sinto muito por faze-la sofrer dessa forma.

Meu guitarrista não se contém e deixa as lágrimas rolarem pelo seu rosto, limpando-as em seguida; Emily faz o mesmo.
Luke se aproxima dela e se agacha, ficando de frente com ela. Eu me afasto para dar privacidade.

Emily: Quando eu te vi... Nos vídeos... Eu chorei tanto pensando que você tinha voltado para mim, de alguma forma você ressurgiu... - diz, soluçando por conta do choro. - Como pode ser igual ao meu Luke?

Luke: E-eu... Eu não sei, senhora... Apenas sou parecido - suspira. - Sinto muito por seu filho, de verdade, não deve ter sido fácil para você perde-lo...

Emily: Não sinta, ele morreu fazendo o que ama - sorri para mim ao recitar a frase que disse a ela, um tempo atrás. - Fico feliz por você estar fazendo o mesmo, rapaz, e me desculpem por tudo isso...

- Sem problemas, Emily, você se assustou... Eu entendo - dou-lhe um sorriso de compreensão.

Emily: É... Tenho que me confirmar com a partida de Luke. Ele se foi e não voltará mais - diz, dando um sorriso triste.

Luke: Mas nada impede dele estar com a senhora, de alguma forma, observando-a de longe - a consola.

Emily: Quem sabe, não é? - faz uma pausa e retorna a falar. - Mais uma vez, desculpe pelo incomodo e obrigada por me esclarecer esse assunto de... Fantasma - ri.

- De boa, Emily - sorrio. - É sempre bem-vinda aqui, para tomar um café ou visitar a garagem!

Emily sorri em resposta e se levanta e tenta abraçar Luke, mas o mesmo percebe que sua mão atravessou a de Emily e se afasta rapidamente. A mais velha não percebeu o ocorrido e cruza os braços, constrangida.

Eu vou até ela e a abraço, em seguida conduzo Emily até a área externa da casa e me despeço, acompanhando-a entrar no carro com os olhos.

Luke: Tchau... Mãe - diz baixinho, acenando para a mesma.

Emily: Até! - ela abaixa o vidro do carro e abana para nós, logo indo embora.

- Nossa... Que loucura - suspiro profundamente, virando de lado para encarar Luke que estava chorando. - Ô Luke, vem aqui... - abraço-o.

Agarro sua cintura num abraço apertado e ele repousa a cabeça no contorno de meu pescoço, soluçando. Podia sentir minha pele molhada e sua respiração fria nas costas, enquanto o mesmo envolvia as mãos no meu quadril.
Pessoas passavam na calçada e me encaravam, atônitos, porém eu não dava importância.
Minha preocupação era com Luke.

- Tudo bem, tudo bem - acaricio seus cabelos. - Foi um choque para você, não é? Para ela também... Sei que gostaria de contar a verdade, mas sua mãe não iria acreditar...

Luke: E-eu s-sei... Eu sei... - ele me aperta em seus braços, respirando fundo. - Sei que não ia acreditar, mas mentir para ela foi difícil, muito difícil.

- Claro que foi, mentir para nossas mães é uma coisa horrível, mas foi para o bem dela - me afasto para poder encarar seu rosto, limpando as lágrimas e depositando um beijo na bochecha. - E eu sempre estarei do seu lado para ajudá-lo, sempre!

Luke: Conto com isso - esboça um sorriso de canto de boca e aproxima a testa da minha. - Obrigado, Julie, por tudo que tem feito por mim. Eu te amo.

- De nada - sorrio. - Eu também te amo, Luke.

Então ele toma meus lábios e me beija com fervor, sussurrando frases românticas nos meus ouvidos.
Aí como eu adoro isso.

Continua...

E Se Acabasse Assim? | JUKE • JULIE AND THE PHANTOMSWhere stories live. Discover now