Prólogo.

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" Santo Agostinho, certa vez, escreveu sobre quando foi para o deserto fazer um retiro de silêncio e foi acometido por todo tipo de visão - tanto demônios quanto anjos. Disse que em sua solidão, algumas vezes encontrava demônios que pareciam anjos, e outras vezes encontrou anjos que pareciam demônios. Quando lhe perguntaram como ele sabia a diferença, o santo respondeu que só se pode dizer quem é quem com base na sensação que se tem depois que a criatura foi embora. Se você ficar arrasado, disse ele, então foi um demônio que veio visitá-lo. Se você se sentir mais leve, foi um anjo"

72 horas, Diretor — A voz soava sexy, doce e misteriosa como um veneno doce em um copo de cristal. A gravação estava em um dos celulares de Harry, um dos sequestrados.

A reunião estava cheia de agentes que estavam completamente envolvidos naquela investigação. Ele estava suando frio, mas não queria demonstrar. Seu terno parecia pequeno a cada olhar que recebia dos agentes sem esperanças e talvez, metódicos demais.

A operação estava sendo um fracasso.

— Não quero relatórios sobre isso.

— Relatórios? — Um deles ergueu, nervoso — Harry e Louis serão mortos. Mais 2 para a lista de Youssef. Você acha que estamos ligando para relatórios?

— Sabiam do perigo dessa investigação.

— Ao ponto de morrer 20 agentes? Admita Puth — Um deles deu de ombros — Sua operação está sendo um fracasso.

Logan Puth afrouxou a gravata um pouco, sentindo o ambiente ficar abafado. Antes mesmo de pensar em algo, lembrou da sua brilhante carreira no governo britânico.

Seus olhos cinzentos focaram em seus sapatos lustrosos, um belo trabalho de seu mordomo. Mas nada naquele momento importava.

Os agentes murmuravam algo e ele já não sabia se queria ficar naquela sala cheia de homens que o julgavam de todas as maneiras. Mas eles estavam certos.

A culpa daquela operação ser um fracasso era exclusivamente dele.

No refletor, as fotos de diversos corpos. Agentes que foram encontrados mortos em determinados pontos do país. Geralmente, a palavra escrito "Pecador", escrita na pele com a ponta de uma faca.

Ele não queria perder mais homens.

A porta da sala se abriu e antes mesmo que ele pudesse esboçar alguma reação, Niall Horan e seu terno de linho fino e músculos largos, acompanhados de dois agentes, entraram na sala.

" O orgulho é a fonte de todas as fraquezas, porque é a fonte de todos os vícios" — Ele citou Santo Agostinho, sorrindo — Se fosse sábio, teria ido até a minha divisão.

Os agentes sorriram perante a grandiosidade do Diretor das Operações Especiais, ex-combatente do Serviço Aéreo Especial das Forças Armadas da Inglaterra, Niall Horan. Expressando profundo respeito, os homens se levantaram e fizeram uma continência. 

Niall respondeu com solenidade. Com menos de 30 anos, já era respeitado por ter atuado em uma das maiores forças de guerra do país. Apesar de ter se aposentado com honras devido a uma missão que ele salvou todos os seus subordinados, mesmo sendo uma patente baixa.

Tomou posse de uma das melhores divisões da seção de investigações do Governo Britânico. E uma carreira de respeito.

— Tenho tudo sobre controle — Puth respondeu, ríspido.

— Acho que 20 agentes mortos não é o que você pode chamar de controle — Niall jogou fotos de novas evidências — E ainda: Você pegou dois dos meus melhores agentes. Você sabe o que está fazendo?

— Youssef é um criminoso.

— Um príncipe dos Emirados Árabes com a fortuna que ele tem pode ser o que quiser.

— Ele está sequestrando mulheres. A filha da Rainha...

— Sabemos bem o que está acontecendo. Agora, você manda 20 agentes. 15 deles despedaçados. 2 deles, desaparecidos já dados como mortos. E 3 deles foram mortos antes mesmo de chegar lá.

— E você tem alguma ideia para essa Divisão a não ser entrar na minha reunião, com meus agentes e vir me insultar?

— Você divide seus brinquedos comigo e eu divido o meus com você, o que acha? — Ele sorriu. A cicatriz que cortava uma lateral dos seus lábios arriou-se para cima, como um escárnio que Puth odiava.

— A Operação Demons não vai para a sua Divisão.

— Tarde demais, ela já está — Niall jogou a pasta sob a mesa — O Diretor-Geral e o Primeiro Ministro aprovaram. Ela está na minha Divisão e eu serei o chefe. Agora, se você quiser, podemos dividir o pódio. Não quero perder agentes. E ainda mais: Harry e Louis são da minha Divisão. Eu quero os dois vivos e de volta ao trabalho.

— Não temos mais agentes especializados na atuação — Um dos homens da sala disse, nervoso — A missão era fácil, era entrar na porra do Cassino daquele terrorista imundo e pegar alguns dados. Depois a gente dava um jeito nas mulheres e nas ilegalidades.

— Vocês dão muita sorte — Niall sorriu, pomposo — Tenho dois agentes que saberão bem como chegar lá. E sem serem despedaçados e virarem assunto de um jornaleco de merda em algum prédio daqui.

Os homens se olharam, atônitos.

— Deixe comigo. Em 72 horas, estaremos de volta com os agentes e com alguma evidência.

— Seria melhor se você trouxesse a cabeça do Youssef em um prato — Puth respondeu.

— Essa era a sua missão, não era Puth? — Niall se virou para sair da sala — Eu só estou fazendo um pequeno favor.

Ao sair da sala, Niall e seus agentes andaram pelos amplos corredores da agência. 

— Chefe, o que você vai fazer? — Um deles perguntou —Não tem mais agente. Harry e Louis eram os últimos.

Ele pegou o celular do bolso. Assim que entrou no elevador, sorriu amplamente.

— Tenho que fazer algumas ligações. Brandon, chame o Agente Malik.

— Mas... Ele está incomunicável.

—Você tem três horas para trazê-lo. Aqui. Vocês dois.

— Sim senhor — Os homens concordaram. As portas do elevador fecharam. O telefone de Niall foi aceito.

— Alô?

— Agente Payne.

— Niall?

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Demons (AU!Ziam)Onde histórias criam vida. Descubra agora