Capítulo 18 - Dia Chuvoso

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E cá estava eu… outra vez sentada numa das dezenas de salas que havia nesta escola. Eu juro que tinha tentado estar atenta. Aleás, normalmente eu até estava. Muitas vezes, até vou tirando notas do que a professora vai dizendo! Mas filosofia nunca foi o meu forte. É certo que muitas vezes acabamos por discutir temas interessantes mas ultimamente as aulas têm sido reduzidas ao tom monótono da voz da Sra. Dunne que parece uma torneira que se esqueceram de fechar.

Levantando a cabeça da mão que a apoiava, verifiquei que o céu lá fora estava escurecido. As nuvens estavam pintadas de um cinzento entediante. Suspirei. Felizmente, esta seria a terceira e última aula do dia.

Assim que a campainha tocou, levantei-me, atirando as coisas para dentro da minha mala preta e saí, satisfeita com a ideia de ir para casa e de poder simplesmente cobrir-me com uma manta e relaxar. Infelizmente, os meus planos rapidamente foram destruídos.

“Abby!” ouvi alguém chamar. “Abby, espera!” reconheci a voz como sendo a do Jason. Apercebi-me de que estava a identificá-la cada vez mais facilmente e de alguma forma isso surgia-me como algo de negativo. Às vezes, nem eu me compreendia a mim mesma. Virei-me. “Caramba… tu andas rápido.” Murmurou ele baixinho. Limitei-me a morder o interior do lábio enquanto esperava que ele falasse. Ele não me pareceu surpreendido pela minha falta de comunicação mas não deixou de deixar transparecer o facto de isso o incomodava de alguma maneira. Todavia, parecia estar a ponderar o que ia dizer. “Huh…” Revirei os olhos.

“O que quer que seja, fala de uma vez.” Pedi de uma maneira um tanto áspera, rearranjando os livros que trazia no braço direito. Ele levou a mão à parte de trás do pescoço e finalmente falou.

“Eu tinha pensado em convidar-te para irmos ao café esta tarde.” Antes que pudesse dizer alguma coisa, ele estava novamente a falar. “É novo na cidade mas o pessoal da escola já começou a frequentar o lugar. É muito aconchegante especialmente agora que está frio.”

Abri a boca para falar, preparando-me para recusar o convite. Não porque não quisesse ir com ele obviamente, era antes porque tinha mesmo planeado a tarde na minha mente – mesmo que ficar em casa aconchegada num cobertor qualquer não fosse exatamente aquilo que definiria como planos. No entanto, quando avistei a Chrystal e o Michael a aproximarem-se com o Aiden a acompanhar, decidi que talvez até nem fosse uma má ideia. Não fiquei surpreendida quando me apercebi-me de que o Michael estava, como sempre, a pegar com ela. Mesmo atrás deles avistei um rosto carregado de base e maquilhagem. Não podia ser mais ninguém senão a Cara, a rapariga presunçosa que parecia estar a esconder-se por trás de uma máscara: tanto figuradamente como literalmente… Tornei o meu olhar de volta para o Jason.

“Eu acho… que isso é uma excelente ideia!” a surpresa no seu rosto era tão óbvia que quase me fez rir.

“O que é que é uma excelente ideia?” perguntou a Chrystal, pousando o cotovelo no ombro do Michael. Havia uma certa aura de indiferença a irradiar dela. O Michael rosnou.

“Deus, Chrys… és mesmo pesada…” resmungou ele. Perante isto, a Chrystal retirou o braço e começou a barafustar indignadamente. Estes dois até já tinham apelidos um para o outro. No meio da sua pequena discussão, reparei que a Cara tinha uma vez mais aproveitado a oportunidade para me lançar um olhar desdenhoso.

“Estás a dizer que eu sou gorda?!” inquiriu ela com uma expressão que representava perigo iminente. Mordi o lábio para conter o sorriso que ameçava expandir-se no meu rosto.

“Não, não estou a dizer isso!” rispostou ele, com uma expressão de carregadíssima irritabilidade estampada no rosto. “Porque é que tens sempre que contorcer as palavras?”

Peripécias da Vida de AbbyWhere stories live. Discover now