Capítulo 10

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Que tédio, a aula era bastante sacal, não pelo facto de vagar mentalmente mas por ser um assunto irrelevante ao meu curso ou mesmo por ser um dos temas da minha leitura diária, verdadeiramente encontro-me no meu mundo onde me perco em minhas reminiscências, se me perguntar o que aprendi hoje sinceramente nada, meu corpo está aqui mas minha alma está noutro lugar, mesmo tendo em mente que o estado dele não e grave e que esta fora de risco não tira meu tormento.

O professor deu a aula por encerrada, carrego minha mochila coloco nas costas, saio apressada e esbarro em alguém.

_ Virou hábito colidir em pessoas. _ Disse o professor tatuado, que saco, não espero os seus xingamentos.

_ Desculpe professor. _ Me levanto e vou embora, se fosse em outra ocasião ia tirar proveito desse esbarro, apreciando mais este Deus grego na minha frente, mas minha cabeça não estava para isso.

Chego na calçada, chamo táxi e peço para me deixar no Gato de Botas, e chego antes do previsto, entro no WC troco de roupa, coloco uniforme, e saio para trabalhar.

Começo o meu expediente, atendendo uma mesa de amigos, que me fazem lembrar de Miche

Vocês podem pensar que estou a fazer tempestade num copo de água, mas já perdi muito nessa vida, fico parada no balcão enquanto espero por novos clientes.

Estava do lado de fora da casa de banho masculino da escola, a procura do meu namorado, quando de repente escuto uma voz familiar.

_ Ai Mateu, que delicia, seu gostoso, mais rápido. _ Escutar aquilo atiçou minha curiosidade, parei por uns segundos mas Emily repetia as mesmas palavras.

Lembro que os meus pés não me obedeceram, abri a porta com um movimento brusco e eles me olharam surpresos, ao que parece os pombinhos não esperavam minha visita.

_ Ora... Ora... Ora. _ Disse isso batendo as palmas de tanto estar triste.

_ Meu amor, não é o que está pensando. _ Fala Mateu se defendendo, ainda tem coragem de dizer não é o que estou pensando, se eu vi, vi caramba.

_ Confiei, troquei abraços e acreditei na sua palavra, mas você é apenas falsidade desilusão.

_ Não diga isso amor.

_ O que quer que eu diga, que parabéns por me colocar na lista dos chifrudos, ta, parabéns conseguiram destruir minha vida. _ Cuspi as palavras

_ Amiga! Eu não quis magoar você, mas me apaixonei por ele. _ Disse Emily minha melhor amiga

_ Amiga verdadeira não transa com o namorado da sua melhor amiga

_ Eu te juro que tentei-me controlar, foi em vão.

_ Toma ele para si e não me dirige a palavra nunca mais.

Me perdia nas lembranças quando fui tirada dos devaneios com Stela me chamando.

_ Valentina, esta tudo bem!? _ Pergunta Stela, depois de ter colocado a mão em minha frente, e não esboçava nenhuma reacção.

_ Meu amigo está doente e encontra-se internado no hospital Cruz Vermelha. _ Falo me recompondo para trabalhar

_ Se quiser posso ti dar folga, para ver seu amigo. _ Parecia sincera ao proferir tais palavras mas não abusaria da sua generosidade, já basta fazer só um turno.

_ Agradeço Stela, mas prefiro trabalhar, na minha saída vejo ele.

_ Esta bem. _Vai passar água no seu rosto e anime se, se não vai espantar clientes. _ Disse-me encarando

_ Tudo bem Stela._ Saio dali e entro no banheiro, passo água no rosto e pego numa toalha e seco, respiro fundo e saio para terminar meu expediente.

Atendo as mesas, as vezes confundia os pedidos, o que fez com que Stela me advertisse

Fim do expediente. Entro na casa de banho, tiro uniforme, visto minha roupa e saio para pegar táxi.

_ Cruz Vermelha por favor. _ Digo ao entrar no táxi

Encosto na janela e me recordo do dia que conheci Miche.

Eu era uma garota perturbada com baixa auto-estima, sobretudo perdi a confiança nas pessoas, mas quando ingressei na UERJ a três anos atrás, conheci Michael, nos tornamos inseparáveis, ele era o menino metido a besta. Até hoje não esqueço o que ele disse para mim quando nos vimos pela primeira vez.

_ O que uma doçura faz sozinha, neste lugar. _ Disse Miche, eu estava sentada na arquibancada pensando.

_ Se quer doçura, vai comprar na lanchonete. _ Foi a resposta que dei a ele.

E ele não desistiu fácil, aos poucos cedi e nos tornamos melhores amigos, ele me fez esquecer o meu passado, mas agora esta muito mal, ele me salvou uma vez e eu não pude fazer nada por ele.

Chego na cruz vermelha, decido ir pelas escadas, queria pensar e não pretendia do jeito nenhum que Michael me visse melancólica enquanto caminhava me recompunha.

Chego no corredor onde encontrava-se a sala em que Miche estava internado, entro e ele sorri ao me ver, o que me deixa imensamente feliz.

_ Amor! Cheguei. _ Digo beijando em sua testa.

_ Senti saudades musa. _ Disse ele com uma voz fraca

_ Eu muito mais. _ Digo e tiro lanche da mochila.

_ Comida daqui é horrível, obrigado Val.

Saio a procura do doutor em busca de informações.

_ Venho já, vou a procura do médico.

Caminho em corredor infinito atrás do médico e acabo o achando.

_ Doutor, qual é a situação do meu amigo? _ Pergunto esperançosa

_ Esta melhorando muito rápido.

_ Quando poderá ter alta?

_ Amanhã. _ Comunicou o doutor se retirando

Estava um turbilhão de sentimento dentro de mim, volto a sala esplêndida.

_ Está entusiasmada, posso saber porquê? _ Perguntou Michael vendo minha cara de contente

_ Boas notícias, amanhã terá alta.

_ Estou tão feliz por poder voltar em casa.

_ Agora vai-me contar o que houve?

_ Não foi nada, só estava no lugar errado, hora errada. _ Disse indiferente.

_ Minha mãe disse o mesmo.

_ Viu, não foi nada.

_ Esta bem, um moço me ligou, sabe quem é?

_ Não o conheço, obrigada pelos primeiros socorros, se não fosse por você, não sei o que teria acontecido.

_ Não pensa nisso, além do mas já esta melhorando.

_ Vem, deita aqui. _ Disse afastando para eu deitar do seu lado.

Deito do seu lado, ficamos juntos por um considerável tempo.

Tenho em minha vida um amigo que todo mundo adoraria tê-lo, ele é preciosidade inigualável.

Meu professor tatuadoOnde histórias criam vida. Descubra agora