05. Ciclo sem fim

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   — Por favor, não demore.

   E, com uma piscadela, Edward deixou Mia só. Total e completamente exposta.

   A vampira prendeu a respiração tentando inibir qualquer estímulo que a fizesse ceder ao desejo de provar sangue humano outra vez. Ela esteve indo tão bem durante todos esses anos.


   Passando o olhar pelo salão, Mia observou os convidados conversando de forma animada, bebendo incansavelmente como se a Lei Seca fosse apenas um mero detalhe e alguns até dançando ao som de Sweet Georgia Brown.

   Não era sem fundamento que a década de 1920 ficara conhecida como "anos loucos"; havia sido uma época de libertação e festas realmente muito grandes, regadas de bebidas e jovens com valores superficiais e alienados.

Ao menos eles pareciam se divertir. Ela, por outro lado, se continuasse ali parada por mais alguns minutos, provavelmente seria confundida com uma estátua. Imóvel e sem expressão, mas implacavelmente consumida por dentro, torturada por seus próprios monstros.

A jovem começou a caminhar sem saber exatamente para onde estava indo, no entanto, sem sair da vista do irmão. Quando deu por si, estava em uma sacada diante do extenso gramado que cobria a área entre a residência e o pitoresco portão de entrada. Exagerado e de péssimo gosto como é de costume dos Hughes, pensou.

   A família Hughes até podia ser considerada bastante amável, isso era difícil de negar. Exceto pelo filho mais novo, George Hughes, que pensava que sua vida já estava ganha com a herança do pai e a enorme coleção de carros esportivos que mantinha em uma casa de campo na Escócia. Ele não estava errado no fim das contas, mas seu egocentrismo fazia Mia desejar o contrário.

Ela não o culpava; na maior parte de sua vida humana ela também acreditava que deveria ser o centro do universo e que todos os seus problemas eram ocasionados por outras pessoas. Entretanto, ao ver sua vida ser virada de ponta cabeça por um simples livro, Mia passou a acreditar que nunca foi sobre ela. Não deveria ser. E aceitou isso para proteger aqueles que passou a amar mais que do que a si mesma.

   Mia passou a mão pelo emblema dos Cullen que adornava seu pescoço de forma elegante e um sorriso um tanto debochado atravessou seus lábios carmesim. Jamais imaginou dedicar toda a sua existência em ajudar pessoas que nem sequer tinham um laço sanguíneo.

   Um vinco, então, se formou em sua testa e a vampira sentiu o peso daquele emblema que carregava todos os dias consigo. Aquela talvez fosse a mais leve de suas joias, mas pesava tanto. Aquilo a afetava mais do que qualquer outra coisa e, ainda sim, ela o carregava de maneira imponente no peito como se nada pudesse a abalar. E, de fato, nada abalava Amélia Cullen.

   Dez minutos haviam se passado desde que ela resolveu contemplar a imensidão verde à poucos metros abaixo de si. Logo, quinze... vinte e, por fim, trinta minutos. Onde estava Edward?

   Virando-se para o salão iluminado, Mia varreu os olhos pela mesa do buffet e não o viu. Seus olhos prontamente alcançaram cada garçom que passava pelas redondezas e, novamente, nenhum sinal de Edward. Então, como uma águia feroz à procura da presa, a Cullen tratou de apurar seus sentidos e, no meio daquela multidão, ela encontrou o vampiro tendo o que parecia ser uma conversa extremamente entediante com um dos empresários amigos do Sr. Hughes.

❛CHOICES ── Crepúsculo ❥ [Seth C.]Where stories live. Discover now