Capítulo 22

2.1K 243 15
                                    

   Draco POV

     Eu estava decidido a provar minha inocência, pela primeira vez em toda a minha vida eu queria mostrar que era diferente, queria mostrar que além da casca arrogante e prepotente, eu também era um ser humano, e como tal, poderia me apaixonar por alguém.

     E essa pessoa era o Harry.

     Acordei antes dos meus amigos e corri pro banheiro, a água tava gelada e não fiz questão de usar feitiço para esquentá-la, terminei o mais rápido que pude e quando estava pronto, peguei minha varinha e a coloquei no bolso antes de descer.

     Eu tinha um lugar para ir.

     Não costumávamos ter aula no sábado de manhã, então era o dia perfeito para ficarmos dormindo, estudando e outros que tinham dificuldades, praticavam feitiços.

     Harry era um desses.

     Em geral, ele não ficava treinando exatamente, ele sempre acompanhava o Rony o auxiliando e vez ou outra, praticavam juntos. E nessa manhã não foi diferente, assim que cheguei no pátio, eles estavam sentados, com as cabeças encostadas em uma pilastra e de costas para mim.

     Eu respirei fundo e forcei meus pés trêmulos a andar até onde eles estavam, eu não tinha organizado bem o que queria dizer, mesmo que estivesse decidido a fazer algo pra provar minha inocência; e enquanto eu bolava algo de imediato pra chegar de forma silenciosa, acabei pisando em um graveto que o barulho dele quebrando fez os dois olharem pra mim.

   — Malfoy? – Rony me encarou de sobrancelha erguida e Harry engoliu seco antes de sair do chão e ficar atrás do amigo.

     Minhas pernas tremeram de imediato, pelo jeito que ele me olhava eu deduzi que ouviria xingamentos ou receberia alguma azaração de um dos dois, mas mesmo assim tentei parecer imbatível na frente deles.

   — Eu... tava na enfermaria com o Blaise e soube que já tinha saído. – menti e eles ficaram em silêncio — Bom, fico feliz que esteja bem, Har... Potter. – mordi o lábio tentando conter a vontade de chamá-lo pelo primeiro nome, na verdade eu queria muito mais que aquilo mas por enquanto estava tudo fora de cogitação. — Então, era isso...

   — Obrigado pela ajuda Malfoy. – ouvi a voz do Weasley quando me virei pra sair dali e fazendo uma pausa, ele continuou — Não teríamos levado o Harry às pressas se você não tivesse chegado, você sabe né, o Colin fica meio maluco quando está nervoso. – ele riu mordendo o lábio inferior um pouco incomodado talvez com a situação de estar conversando comigo outra vez, ou por querer que seu melhor amigo falasse algo para livrar-lo daquela tarefa.

   — Eu gosto do Harry, faria isso de novo se necessário. – a frase acabou saindo sem querer da minha boca e por mais que ele tentasse disfarçar eu o vi corar enquanto fingia arrumar seu cabelo rebelde.

   — Bom, obrigado também.... Malfoy. – eu devia ter ficado feliz por ele ter falado comigo, mas seu tom de voz, o modo como me encarou, era óbvio que estava me odiando.

     Eu quis chorar, por mais que seja patético da minha parte dizer isso, mas eu quis realmente chorar ali ignorando que eles estivessem na minha frente ou que qualquer aluno pudesse ver, eu só precisava tirar aquela dor no meu peito.

   — Eu queria falar com você... eu preciso te explicar...

   — Não tem o que explicar, Malfoy. – ele disse ríspido e desviou a atenção de mim.

   — Ele socorreu você quase sozinho, Harry. – Rony sussurrou apertando seus ombros como se eu não pudesse ouvir — Ao menos, conversem. – ele insistiu — Não custa nada, ok? Se depois que ele terminar você quiser ir embora, ele vai entender, não é Malfoy?! – eu concordei com a cabeça e mesmo relutante ele arrumou os óculos e respirou fundo antes de finalmente concordar com a cabeça.

   — Tudo bem. – eu sorri — Mas não vou a lugar nenhum com você. – completou e revirando os olhos Rony o encarou.

   — Eu vou atrás dos meus irmãos, por favor não se matem, a Madame Pomfrey já tem problemas demais. – o ruivo me olhou — Como está o Zabini?

   — Em breve poderá sair de lá. – dei um sorriso amigável e ele concordou antes de finalmente sair.

     O pátio ainda estava razoavelmente vazio e esfregando as mãos em minha calça eu tentei achar alguma coisa pra dizer, nem que fosse pra pedir desculpas de novo, mas infelizmente não saía nada.

     O que tá acontecendo comigo?!

   — E então, o Zabini tá realmente bem?

     Eu respirei fundo e sorri aliviado por ele ter tomado iniciativa, talvez se fôssemos esperar por mim era provável dele sair correndo e me deixar plantado ali.

   — Está. A Madame Pomfrey tá fazendo tudo o que pode...

   — Eu sei, Eu falei com ela. – ele disse quase num sussurro e franzindo o cenho eu o encarei. — Ontem de manhã quando vocês deviam estar nas aulas, eu fui até a cama dele. – ele disse calmamente — E ele até...

   — Até, o quê? O que ele fez? – ele balançou a cabeça pelo meu nervosismo e deu um riso de lado.

   — Apertou minha mão quando falei no seu nome... – ele fez uma pausa — A Madame Pomfrey quase me bateu por estar fora da cama. – ele disse e nós rimos — Mas ela disse que aquilo era um grande avanço sabe, apertar minha mão.

   — Concordo plenamente.

     E então nós ficamos em silêncio outra vez.

    Era angustiante ver que há poucos dias estávamos em algum lugar nos beijando e conversando sobre coisas bobas; estar com ele fazia meu dia sempre melhor, por mais que fosse escondido, por mais que meu dia tivesse sido uma bosta, o Harry sempre tornava tudo melhor. E estar aqui agora, a metros de distancia dele, como se fôssemos estranhos, estava me matando aos poucos.

   — Você falou sobre mim?

   — Bom, er, eu só... – ele coçou a nuca desviando a atenção de mim, e eu sabia que ele só fazia isso quando estava sem graça por algo. — Disse que você devia gostar muito da amizade dele porque não deixou de ir vê-lo um só dia.

     Eu concordei.

     Por mais que o Blaise e a Pansy fossem vistos comigo o tempo inteiro, não significava que eu os contava tudo, pelo menos, não na presença dela.

     Blaise Zabini era meu irmão, meu companheiro e eu confiaria a minha vida a ele.

   — O Blaise é meu melhor amigo. – disse por fim e ele concordou.

   — Tem ideia de quem pode ter feito isso?

   — Não. Mas quando eu descobrir a pessoa vai pagar muito caro...

   — Mesmo se... for da Sonserina?

   — Principalmente se for. O que fizeram com ele não tem perdão. – ele concordou com a cabeça.

     E novamente ficamos em um silêncio mortal.

𝙱𝚎 𝙼𝚒𝚗𝚎 (𝙳𝚛𝚊𝚛𝚛𝚢)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora