ʏᴏᴜ ᴀʀᴇ ᴠᴇʀʏ ʙᴇᴀᴜᴛɪғᴜʟ

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  Era cômico para Sirius não saber definir bem o que sentia em relação a si mesmo. Não sabia explicar o porquê de se atrair tanto por garotas como por garotos e isso o deixava às vezes, assustado. Nunca falou com ninguém sobre, talvez James, Frank e Peter o achariam uma aberração, então preferia guardar esse segredo pra si.

 Quando o sinal do colégio bateu às cinco, ele saiu apressado sem nem ao menos dar tchau para os seus amigos. Com o uniforme amarrotado, gravata com o nó desfeito e cabelo preso em um coque frouxo; ele correu para a porta do único colégio próximo ao seu, algo que sempre fazia as sextas.

 O fato era que ali Black se sentia ele mesmo, podendo observar tanto as garotas quantos os garotos — de uma distância segura, sentado em um banco de cimento, ao lado do ponto de ônibus do outro lado da rua —, sem se sentir julgado.

 O sinal do colégio ecoou assim que Sirius sentou ofegante e aliviado por chegar a tempo. Enquanto observava os alunos saírem com seus uniformes engomados, ele pensou em qual desculpa usaria na manhã seguinte para explicar sua saída rápida aos seus amigos, James nunca iria acreditar se ele dissesse que ele precisava ir pra casa. Nem ao menos Black acreditaria naquela desculpa esfarrapada.

  Ele estava com a cabeça encostada na parede atrás de si quando viu um garoto vindo em sua direção, e isso fez com que ele congelasse. Não era um garoto qualquer, era o seu garoto.

 Sirius não era um stalker ou algo do tipo, mas boa parte do motivo para estar lá todas as sextas era de fato, por causa do garoto que vinha em sua direção. Aquilo o deixou um tanto entusiasmado como receoso, a rotina do garoto era bem clara: ele saia da escola quando tudo estava calmo e sem a aglomeração dos outros alunos, as vezes com algumas garotas e como dessa vez, sozinho. Ele nunca desviou o caminho, principalmente, indo em direção a Sirius.

 Ele era de uma beleza espetacular. Vivia com o uniforme em perfeito estado, já o cabelo loiro escuro sempre estava um tanto bagunçado, talvez por causa do vento ou por causa do tanto de vezes que seu dono passava os dedos. Ele era esguio e tinha uma postura de dar inveja, dedos longos — no qual Sirius tentava não pensar besteira toda vez que os via —, e mesmo só observando de longe, Sirius conseguia ver a mandíbula bem marcada do garoto, que parecia ser esculpida a mão de tão linda.

 Ele era lindo.

 Muito, muito lindo. Um Deus grego.

 Sirius ficava chocado com a beleza daquele garoto, e engoliu em seco quando o mesmo parou em sua frente e lhe lançou um breve sorriso.

 Black quase engasgou.

 Definitivamente, algo estava errado. E jurou a si mesmo que assim que suas pernas voltassem a responder seus comandos, se levantaria e nunca mais voltaria naquele lugar.

 Mas as pernas não se mexeram. Ele entrou em pânico.

 Se xingou tanto mentalmente, que ao levantar os olhos, viu que o garoto ainda lhe observava e por Deus, ele era ainda mais bonito de perto. Os olhos eram em um tom âmbar, uma cor que Sirius nunca viu igual. Sua boca era pálida e havia uma pequena cicatriz no osso de seu nariz, o que deixou Black sem fôlego.

 Eu estou tão ferrado. Ele pensou respirando fundo, soltando o ar pela boca. O garoto de seus sonhos estava a sua frente e ele não sabia o que fazer, tendo apenas três opções, calculou qual era a mais viável. A) sair correndo. B) convidar o garoto para se sentar ao seu lado. C) falar com ele.

 A primeira era tentadora, a segunda era muito ousada e a terceira opção era o que deixa com mais medo. Mas sem que percebesse, ficou de pé e tomando coragem, falou:

— Você é muito lindo, moço. — E dito isso com os punhos cerrados, ele pressionou os lábios e esperou o garoto a sua frente ter alguma reação.

 Mas a princípio, ele não teve.

 Não era culpa dele e Sirius sabia, tinha sido um completo idiota e agir irracionalmente foi à gota d'água para querer cometer suicídio ali mesmo.

 Talvez se jogar na frente do ônibus que vinha em alta velocidade não seria uma má escolha.

 E então, o garoto a sua frente sorriu. Não era um sorriso do tipo "eu sou completamente apaixonado por você também", mas um sorriso tímido e um tanto travesso. E mesmo que tenha sido apenas um sorriso, Sirius sentiu seu coração acelerar, mas não como há minutos atrás quando correu por dez minutos sem parar e sim como nunca tinha batido antes. Ele pulsava fortemente contra seu peito e Black torceu para que o garoto não estivesse escutando.

— E-eu tenho que ir.

 E finalmente suas pernas responderam, o fazendo sair correndo na mesma direção que havia vindo. Sem nem ao menos, olhar para trás.

ʏᴏᴜ ᴀʀᴇ ᴠᴇʀʏ ʙᴇᴀᴜᴛɪғᴜʟ ✰ ᴡᴏʟғsᴛᴀʀWhere stories live. Discover now