Capítulo 23

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ETHAN STONE

-Está tudo bem mesmo, Ethan? - Mesmo por FaceTime ela é tão gata que por alguns segundos perco minha linha de raciocínio.

-Gata, eu já disse que está tudo bem. Estamos tendo um gerenciamento de crise, olha. - Aperto o botão para virar a câmera e mostro todo o ambiente caótico da sala - Drew voltou a fazer exercícios para não ir até lá fora expulsar os paparazzi no portão com um taco de beisebol. Diga oi, Drew!

-Hey, Maggie.

Red boy responde ofegante e se deita novamente no chão, pronto para mais uma longa rodada de abdominais. Que exemplo de saúde e vitalidade, os bombeiros estão com inveja agora. Viro o celular no extremo oposto do cômodo.

-Aquele vulto se movimentando de um lado para o outro com o telefone na mão é o Jake, ele está discutindo com o Big G agora. Você sabe, seguindo o protocolo do gerenciamento de crises.

-Claro, claro. Jake parece tão controlado. - Mesmo que a minha câmera esteja virada para o vocalista, ainda estou vendo a tela e enxergo perfeitamente quando ela revira os olhos me fazendo revirar os meus também.

O que importa que Jake esteja todo preocupado, andando de um lado para o outro e passando a mão no cabelo constantemente enquanto fala ao telefone? Ainda estamos lidando bem com a crise.

-Nosso Good boy sempre é controlado. A única vez na vida que teve um pequeno surto perdeu sua garota. Não acho que voltará a surtar novamente. Diga oi para a Maggie, Jake!

-Oi, Maggie. - Afasta o telefone do ouvido tempo suficiente para responder antes de voltar ao surto de Big G do outro lado da linha. Esses adultos se estressam por qualquer coisa.

Movo o telefone mais uma vez, agora estamos perto das portas duplas que levam à piscina, Abby está em seu telefone também, a diferença é que está falando com o pessoal que cuida da nossa imagem. Ela não está esboçando uma reação exatamente, ela é controlada e militarizada demais para isso. O único vestígio de sentimento que temos presente são seus olhos orientais flexionados, é o bastante para mostrar que Abby está puta.

-Eu pediria para a Abby dizer oi também, mas acho que ela jogaria o salto em mim.

-Onde está a Lexy? - Maggie pergunta enquanto mantenho a câmera em nossa General.

-Na cozinha. Ela disse que cozinhar vai ajudá-la a pensar, ela não reagiu muito bem quando os flashes das câmeras começaram a disparar na direção da casa. Ao que parece Lexy desenvolveu certo trauma de paparazzi.

-Ethan, eu gostaria de ver o seu rosto agora.

-Claro. - Viro a câmera para mim, colocando meu melhor e mais brilhante sorriso no rosto, o charme é importante para o gerenciamento de crises também - Desculpe, gata.

-Por que está sorrindo tanto? - Flexiona seus olhos coloridos para mim. Devo ressaltar que mesmo desconfiada os olhos dela são a coisa mais maravilhosa que já vi.

-Porque estou puto! - Meu sorriso aumenta de tamanho - Os advogados já foram acionados e estão procurando por qualquer ação que esteja sendo realizada contra mim. Infelizmente tenho uma irmã fodidamente louca que acredita no poder da imprensa para ter acesso a minha conta bancária e já que não podemos simplesmente sentar no chão e chorar, só nos resta rir.

-Esse é o sorriso mais forçado que já vi no seu rosto.

-Ninguém notará, estarão todos ocupados demais com meus outros atributos magníficos de beleza. É o lado bom de ser abençoado pela Mãe Natureza.

-E qual é o seu papel nesse "gerenciamento de crises"?

-Como "qual é meu papel"? Estou conversando com a minha garota!

No auge da minha lerdeza, só percebi o que havia dito depois que as palavras saíram da minha boca. Não foram mais que poucos segundos até que Maggie começasse a arregalar seus olhos pela tela enquanto um riso nervoso escapa de mim. Minha torcida para que a fala tivesse passado despercebida foi em vão e a essa altura os olhos dela já estão tão grandes que parecem saltar para fora do rosto.

-Sua garota?

-Minha amiga. - Engulo em seco, lutando contra a vontade de virar a câmera para Abby outra vez - Melhor amiga. Como vai Londres?

-Eu... Ahn... A cidade, a cidade é linda. Nós visitamos alguns pontos comerciais interessantes para novas lojas e fomos a alguns pontos turísticos também.

-Parece divertido.

-Estou preocupada com você.

-Gata, não faça isso, estou bem. São uma da tarde ainda, tenho um dia inteiro para enlouquecer e quebrar coisas.

-Uma hora da tarde?! Aqui são nove da noite!

-São oito horas de diferença, gata. É bom que você poderá dormir e não se preocupar com qualquer mentira que a internet diga, as pessoas podem se interessar demais pela vida alheia. Não perca seu tempo ficando preocupada com bobagem.

-Mas e você?

-Continuarei seguindo o checklist de controle de crises e danos. Vou esperar uma resposta dos advogados e continuarei me negando a entregar qualquer centavo do meu dinheiro.

-Por que não chama seu amigo para te ajudar? Aquele da segurança privada, ao menos não precisarão lidar com qualquer possível invasão.

-O Santinelle? Ele esteve aqui outro dia e não pretendo chamá-lo, ele é um cara de família agora e tem seus próprios problemas para lidar. Além disso temos nossos próprios seguranças, gata.

-Os paparazzi podem ser muito invasivos. - Responde de modo defensivo.

-Eles não podem, eles são invasivos, afinal de contas são pagos para isso. Já tivemos eles no nosso pé antes e conseguimos sobreviver, estamos prontos novamente. O foco da vez sou eu, não os outros. Vince está a salvo e longe de toda essa confusão a clínica e pretendo me isolar no apartamento até que toda essa loucura diminua a intensidade. Eles vão me seguir, como é de se esperar. Lexy não terá mais câmeras atrás dela, Jake não ficará preocupado com a Lexy e Drew continuará sua vida de fantasia do imaginário feminino.

-Criou toda essa história para tentar me acalmar, não foi?

-Foi, deu certo?

-Setenta por cento, talvez. Sinto muito que esteja passando por isso com a sua irmã.

-Ela é louca e está mentindo, em algum momento todos perceberão isso mas a mídia tentará aproveitar o máximo possível. São todos maníacos atrás de audiência. Esqueça toda essa merda, quais os planos para amanhã?

-Visitar mais alguns pontos turísticos, almoçar com noiva do meu pai e terminar meu estudo sobre a pequena pilha de planilhas sobre negócios que ele gentilmente montou para mim.

-O que achou do lado empresarial da cidade?

-Preciso estudar um pouco mais, porém acho mais compensativo montar minha loja aí. A burocracia e os impostos são menores, o interesse do público é mais diverso também.

-Não entendi nada, mas vou concordar e dizer que continua tendo o meu apoio em qualquer decisão que você tomar.

-E se eu decidir permanecer aqui?

-Pego o jatinho da banda e vou te visitar, não é como se faltasse dinheiro. Juro que se sua viagem não fosse tão pessoal, sua relação com seu pai e tudo mais, eu teria ido junto.

-Agradeço por respeitar meu espaço. Você é um cavalheiro.

-Eu sei, o que podemos fazer? Sou incrível.

O Baterista - A5 livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora