Conversa De Pai E Filho

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— Você amava a minha mãe?

— Eu não amava ela, em todos os anos que estivemos juntos como parceiros eu não sentia nada por ela além de conveniência na minha vida, tudo que sentia pela Olivia era o que o Watari me obrigava a sentir... Mas após aquele coma, quando acordei algo na minha mente veio tão carregado de emoção e carinho que eu jamais havia sentido antes atingir meu peito, vê-la sorrindo e se arriscando se tornou especial demais sem que eu soubesse.

— Se você nunca a amou, como isso aconteceu do nada, será que foi algum impacto que o coma causou no seu cérebro que criou esse tipo de sinapse?

O pequeno de olhos cor de carmim tomba a cabeça para o lado

— Acho que eu não a amava por meu cérebro ter um defeito, alguns usam o termo "transtorno antissocial" como psicopatas e sociopatas.

L diz calmamente, ultimamente tem pensado bastante sobre esse fato.

— Então você matava pessoas?

O garoto continua questionando.

— Não que eu sabia, eu resolvia os crimes... Nunca me interessei pelo fato de tirar vidas... Me interessei por pouquíssimas coisas durante minha vida toda.

Enquanto falava, o mais velho se colocou a pensar sobre os momentos e os personagens que constituíram o enredo de sua vida, sim... Personagens, ele os tratava como personagens antes de voltar de seu coma.

— Mas, eu li que psicopatas não sentem interesse por nada... — o pequeno diz sacando um livro de capa cinza — Eles apenas emulam tudo que viram e que acham que pessoas normais fazem... Mas você não é normal, pai.

Law era especialista em fazer perguntas até pegar contradições ou que o alvo de seus questionamentos se irrite e dispare exatamente a verdade... O garoto conseguiu fazer isso com Mello quando perguntou pro loiro de onde vinham os bebês.

— Não é essa questão, não é uma coisa tão delineada assim — L diz com o olhar distante na janela — Entre o ultra violeta e o infravermelho tem uma escala imensa de cores... É assim que funciona a mente humana, isso nos impede de saber nossas plenas capacidades.

O pai suspira, realmente não tinha uma resposta concreta pra amor ou não... E como seu transtorno pode ter simplesmente evaporado.

— Já que não existe uma capacidade plena, assim como tonalidades de cores, existem diversas pessoas com diversas capacidades... Não é?

O menino sorri, ele tinha um sorriso tão radiante quanto o da mãe.

— Exatamente, Law... Como o seu irmão Mello que sabe convencer as pessoas bem ou o seu tio Near que consegue ter um ótimo raciocínio lógico

L suspira, ver Law o deixava com tanta saudade.

— E a mamãe! — O garoto rosna, como se L estivesse se esquecendo da parte mais importante — Um gênio do combate físico e super empata!

O menino sorri, as vezes parece que ele havia se esquecido do que presenciou.

— Exatamente como ela...

L engole seco, sabia o que estava vindo e que pergunta o menino faria antes de ir.

— Ela vai voltar?

O pequeno pisca seus olhos brilhantes e vermelhos.

— Você sabe que não.

L olha os torrões de açúcar sobre a mesa e come um.

— Aquele caixão estava vazio, eu sei que estava! Os lacres... Não estavam fechados, ela saiu! Enterraram ela muito cedo!

O garotinho bate o pé no chão.

De novo o detetive era transportado pra uma tarde chuvosa, a tarde chuvosa que o assombrava a um tempo. Ele via o funeral de longe graças ao seu pânico de tantas pessoas, ele já havia visto seu cadáver não precisava ter novamente a confirmação de tê-la fechada num caixão pra sempre.

Law ainda não se conformava com isso e a todo momento dizia que sua mãe estava viva e que não podiam fechar o caixão, tanto que o pequeno fugiu do carro escapando de Near e L.

Correndo na grama molhada e escorregadia o menino corria e gritava que não podiam enterrar sua mãe, que ela ainda estava viva... Mello realmente pensou em mandarem abrir o caixão... Mas ele mesmo viu Olivia parando de pulsar dessa vez, viu o cadáver.

— O relógio dela ainda tá correndo!

Essa simples frase desperta L de seu devaneio.

— Relógio?

L vira lentamente sua cabeça na direção do filho quando vê que o pequeno está encarando de novo a bendita foto que se mexe de Olivia junto dele, os dois tiraram quando estavam em um parque em Orlando... L não foi por odiar o local tão lotado como aquele.

— É, a vida dela continua aqui... Ela ainda tem mais tempo

O menino estava a beira das lágrimas quando olha para o pai que finalmente vê seus olhos brilhando loucamente em carmesim.

— Certo — L respira fundo, estava sentindo uma certa raiva dentro de si... Ele queria que seu filho simplesmente deixasse a mãe descansando em paz depois de tudo aquilo e todo aquele inferno — Se sabe que o tempo de vida dela continua correndo, diga... Quanto tempo falta pro meu chegar ao zero?

L e cara o filho como olharia para qualquer adulto.

— Trinta anos e cinco dias

O menino dispara com tanta rapidez e certeza que foi difícil duvidar de sua convicção.

— Você tem que tomar banho, daqui a pouco o jantar vai estar pronto.

L interrompe a concatenação entre os dois com essa frase dita de um jeito leve, Law apenas se afasta e aceita, apertando a foto da mãe contra o peito o menino vai pra seu quarto.

Finalmente L se encontrava sozinho, contemplando as infinitas possibilidades do que pode ter ocorrido como fez com a semana inteira... Ainda era difícil.

A cinco anos a Equipe estava tendo uma de suas piores épocas, haviam perseguições de todos os continentes... Tinham mexido com muitas pessoas perigosas.

Olivia foi a primeira a se manifestar sobre o descontentamento e sobre como acabariam com aquilo. Ela e Mello decidiram somar suas potências no submundo não só do Reino Unido como de toda a Europa pra caçar e acabar com os responsáveis de uma vez por todas antes que alguém fosse ferido.

Mas quando se tem muita gente trabalhando pra si as notícias se espalham muito rápido, mesmo que Olivia e Mello tivessem uma incrível capacidade de deixar pontas soltas pra despistar... Uma hora o fio real é revelado.

E foi isso que aconteceu, um chefe do narcotráfico americano ficou sabendo e acabou por cercar a casa onde toda a equipe estava, Mello foi o primeiro a perceber já que desde o começo das confusões estava armado até mesmo para dormir.
O caso de Olivia não era diferente, mas desde antes de todo o caos a morena sempre concervava a pistola de cano prateado em sua bota.

Mas por questão de defesa todos da equipe foram armados mesmo que alguns deles (L e Near) não tivessem qualquer intimidade com armas de fogo.

Eram vários e conseguiram dar conta muito bem, quando a casa foi metralhada de fora, somente Olivia e Law estavam na casa na hora... O menino estava no colo da mãe quando essa recebeu dois tiros no ombro e um nas costas, a morena ainda se arrastou pra fora sendo resgatada por Mello. Foram perseguidos por quilômetros e mesmo sangrando a morena estava à frente nos disparos pra defender a todos.

Foram alcançados por só um homem, era um famoso assassino da América... Foi morto ao mesmo tempo em que matou sua última vítima, Matt considerou um fim digno pra ambos... Ele acertou um tiro perfeito no peito de Olivia e Olivia acertou sua testa, explodindo a parte traseira do crânio quando a bala saiu...

L não percebeu, mas adormeceu chorando em sua cadeira.

(𝙻𝚡𝙾) 𝐴 𝑝𝑟𝑜𝑡𝑒𝑡𝑜𝑟𝑎 𝑑𝑜 𝑑𝑒𝑡𝑒𝑡𝑖𝑣𝑒 - L. LᴀᴡʟɪᴇᴛWhere stories live. Discover now