FALLING | ʜ.ѕ

CHAPTER 21

— Violet chegou aqui com muita perda de sangue. Ela estava com muitas dores e aplicamos o sedativo assim que possível. — ele suspirou, se preparando pra a notícia.

— Doutor, o que aconteceu com a minha filha? — Addie disse com a voz trêmula, me fazendo engolir em seco.

— Violet teve um aborto espontâneo. — ouço os suspiros das duas enquanto fecho os meus olhos fortemente, sentindo o choro vir com tudo. — Ela estava com dois meses de gestação, ainda não sabemos o que pode ter causado o aborto, mas a boa notícia é que o útero dela está saudável e já fizemos a retirada do feto. Normalmente quando ocorre o aborto no primeiro trimestre, a principal causa é má formação genética, e esse é o principal motivo da nossa lista.

E era como se eu estivesse sem chão. Meu fôlego faltou e eu sentia Addie e minha mãe acariciarem minhas costas enquanto me soltavam palavras de conforto com suas vozes trêmulas e carregadas de um choro. Mas nada daquilo adiantava, eu precisava sair dali o mais rápido possível. E é isso que eu faço, ignorando os chamados de minha mãe e Addie. Eu não sei para onde estava indo, mas eu tentava respirar e não conseguia. Essa busca insaciável por ar fresco me levou até os fundos do hospital, provavelmente uma área onde os médicos ficavam. Me agacho em algum lugar e solto minhas lágrimas, sentindo meus músculos tremerem enquanto eu tentava tirar aquele sentimento horrível do meu peito.

Nós perdemos um bebê. O nosso bebê e o irmãozinho de Faith. E eu só pensava em como iria contar isso para Violet. Aquela era uma dor sufocante, uma dor interna que me tirava os sentidos e me fazia querer gritar, mas eu não tinha forças, eu só queria chorar e chorar.

E agora, tudo fazia sentido.

Violet estava mais cansada que o normal nesses dois últimos meses. Estava reclamando de dores em seus músculos e eu achava que era passageiro. Além de estar muito carente e chorona, Violet parecia estar em uma eterna TPM. Por outro lado, Faith estava mais apegada a ela do que nunca. Chorava quando Faith estava fora e quando ela estava em casa, adorava se deitar na barriga de Violet. E não estranhamos isso, já que Faith sempre gostou de dormir em nosso peito. Mas agora, isso estava fazendo sentido. Faith sabia que Violet estava grávida e aquilo quebrava meu coração em mil pedacinhos.

Merda.

E eu não sei o porquê, mas a culpa dominava o meu peito e eu sentia que tudo aquilo era culpa minha. Eu deveria ter me preocupado mais, deveria ter levado mais a sério suas queixas de dor de cabeça, cansaço e dores abdominais. Eu pensei que era apenas algum tipo de cólica, mas não. Era o nosso bebê ali.

Cerca de uma hora se passou até que eu conseguisse me recompor e cessar um pouco o choro, respirando fundo e pedindo forças para encarar aquilo da melhor forma para a minha mulher. Tento refazer o caminho até onde eu estava e passo no banheiro antes, lavando meu rosto para tirar vestígios de um incansável choro preso na minha garganta. Pego uma água e a bebo rapidamente, suspirando ao ver minha mãe no corredor, sozinha.

— Oh, meu amor... — ela murmurou, me puxando para um abraço apertado. Eu tentei não chorar mais, mas foi impossível. Minha mãe era a minha válvula de escape e conseguia me tirar as emoções mais profundas.

— Mãe... — sussurro contra o seu ouvido, a apertando com força.

— Eu sinto muito, meu filho. — ela acariciou minhas costas. Sua voz estava embargada e me mostrava que ela estava na mesma situação que eu. — Venha, sente-se aqui. — ela me puxou para sentar na cadeira e permaneceu com seu carinho. — Eu sei que nada que eu falar agora irá confortar o seu lindo coração, mas quero que você saiba que eu estou aqui por vocês. Sempre estarei, ouviu? — minha mãe não conseguiu conter o choro e agora éramos dois chorando naquele corredor. — Essa fase irá passar, pode demorar, mas você vai aprender a conviver com essa dor. Acredite, eu sei do que estou falando.