Dúvidas e sensações estranhas

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Capítulo 4 - Dúvidas e sensações estranhas

Harry levantou-se rapidamente e ficou encarando Snape que ainda permanecia parado ao lado da janela, algo estranho passava no rosto do professor, uma sombra diferente de tudo que Harry já vira nesses anos que estudou com o mestre de poções. Algo que não combinava com ele.

- Eu não quero conversar com você. – Disse Harry entre os dentes.

- Essa não é uma questão de querer ou não, é questão de precisar.

O grifinório sabia que não poderia fugir, uma hora ou outra Snape o obrigaria a ter essa conversa, teria que ouvir o que o professor tinha para falar, caso contrário Dumbledore acabaria interferindo como sempre fazia. Era um beco sem saída, como parecia que sua vida era. Por isso apenas sentou-se na cama e aguardou.

- Então fale logo.

Snape respirou fundo para aguentar a grosseria do menino, sabia que Harry não seria receptivo com aquela descoberta, nem mesmo ele acreditava ainda e era difícil entender o porquê foi até o quarto do menino já que poderia falar com ele no dia seguinte. Muitas coisas confundiam sua cabeça e brigar com o garoto no momento não era uma coisa boa de se fazer.

- O senhor sabe que essa notícia é nova tanto para o senhor quanto para mim. – Disse cruzando os braços diante do peito. – Então diante das circunstâncias, teremos que nos acostumar com a presença um do outro. Pelas regras da ética eu não serei mais seu professor de poções, o senhor terá aulas particulares com o professor Flitwick.

- Não sabia que ele dava essa matéria também.

- Nunca lecionou, mas Fílio sempre foi muito bom em poções e é um professor muito competente, ele aceitou lhe ensinar visto que eu não poderia e Slughorn estar fora do radar.

- Algo mais? – Perguntou Harry ferinamente incomodando-se mais pelo fato de Snape estar falando civilizadamente com ele do que com o que ele estava dizendo.

- Sim – Respondeu Snape colhendo toda a paciência que podia para continuar a falar e não sair daquele quarto. – Nas férias o senhor ficará em minha mansão.

- Mas eu tenho uma casa.

- Tinha. Black não é mais seu padrinho. O pai é quem escolhe o padrinho, sendo assim Black já não é mais o seu, aquela casa não é sua. É claro que o senhor pode querer passar as férias na casa de seus tios, eles são seus parentes por parte de mãe, então é de sua escolha...

- Eu quero. – Disse Harry sem nem ao menos prestar atenção ao que estava desejando para si mesmo.

Demorou um tempo para que Snape lhe respondesse, o homem olhou com atenção para o menino e tudo que viu era uma criança birrenta sentada na cama mexendo na coberta sem nem mesmo olhar para quem estava conversando. Uma postura que o deixava irritado, mas que era compreensível, porém o fato dele querer voltar para as mãos dos tios que apenas o negligenciaram desde quando era um bebê ao invés de ficar consigo de alguma forma o incomodava.

- Se assim deseja.

Snape saiu do quarto deixando Harry com mais raiva ainda. Por que Snape estava agindo daquela forma com ele? Esperava que o professor o maltratasse, o ignorasse ou até mesmo agisse como um pai que não deseja o filho. Mas Snape estava agindo como quem não sabe como agir, não era a mesma pessoa que conhecia, era outra pessoa, era um homem vulnerável e estranho.

Harry sentou-se na cama e ficou pensando em cada palavra que Snape tinha dito e a primeira coisa que veio em sua mente era Sirius. Ele não era mais seu padrinho, mesmo que ainda o chamasse assim, ele não era nada mais que um amigo, uma pessoa que considerava demais. Todo o relacionamento que criou com o homem, todo o amor e amizade, eram nada agora. Esse pensamento dominou Harry, era hora do almoço quando pegou no sono novamente.

Um segredo Revelado (Severitus)Where stories live. Discover now