"Bem-Vindos a Portland"

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Mudar de um estado para o outro nunca para uma tarefa fácil. Principalmente quando deixamos de morar em uma grande civilização, para morar em uma quatro vezes menor. 

Esse era o caso de Do Kyungsoo, um belo adolescente de cabelos negros e óculos quadrados, que costumava ser mais na capital dos Estados Unidos, Washington. Porém, devido a promoção de cargo no hospital em que seus pais trabalhavam, o garoto se viu obrigado a acompanhá-los na mudança para Portland, uma cidade a cerca de 3,6 milhas de onde moravam. 

Contudo, Kyungsoo não se importa muito com o fato de deixar uma grande cidade para morar em uma menor. Muito pelo contrário. Apesar de ter dezessete anos, o primogênito dos Do era como sua, já falecida, avó. Ambos odiavam o barulho e fumaças poluente emitidas pelos carros. Odiavam também o fato das pessoas se acharem, por serem da capital, mais superiores que as outras que vinham de cidades um pouco menores que o Oregon fornecia. 

Certa vez, em uma das típicas reuniões natalinas da família Do, uma das tias tagarelas do rapaz fez a seguinte pergunta: "Onde você gostaria de morar caso necessite que se mudar novamente?". Sem pensar duas vezes, Kyungsoo respondeu: "Em uma floresta. Além do mais, animais são muito mais fáceis de conviver do que nós, humanos". A senhora de meia idade ficou pasma com tal resposta, sendo consolada por suas outras tias, que ao alterar o julgar com o olhar, apenas riram e mandaram ele ir brincar com seus primos longe dali. 

O Do deixou a risada escapar de sua garganta, logo que lembrou a conversa que teve com uma tia enquanto o observava à estrada do outro lado da janela. 

A estrada até Portland era repleta de pinheiros de diferentes tipos de tamanho. Vez ou outra, em algum lugar no meio de todos aqueles troncos, o Do podia visualizar pequenas cabanas, algumas em bom estado e outras que julgou terem sido abandonadas a um bom tempo por seus antigos proprietários. 

Cerca de um mês antes das férias de verão de Kyungsoo começarem, sua mãe lhe deu a notícia de que, depois de quatro anos e meio, eles iriam se mudar novamente. Como em todas as vezes em que recebia aquele tipo de notícias, sentia como uma onda de insegurança invadia seu interior, pelo fato dele ter que se adaptar novamente a novos costumes e aderir conhecimentos de uma nova cultura. Entretanto, aquela vez havia sido diferente. 

Quando soube que iriam se mudar para Portland, o mais novo dos Do ficou tão entusiasmado com a notícia que, antes mesmo de seus pais pedirem, ele já havia começado a encaixotar suas coisas.

— Sabe, Soo... — cortando o silêncio existente dentro do automóvel, o senhor Do iniciou, intercalando o olhar entre o retrovisor, por onde observava o rapaz no banco de trás, e a estrada. — Aposto que você amará a nova casa.

Desde que saíram de Washington, o Sr. e a Sra. Do haviam mantido segredo sobre como seria a nova casa, coisa que deixou o mais novo um tanto quanto curioso, já que, sempre que se mudavam seus pais tinham o costume de lhe contar sobre como tudo seria no novo lar.  

— Assim eu espero — ele murmurou sem desviar os olhos da janela ao lado. Estava tão imerso na beleza que a natureza fornecia, que nem pensou muito em formular uma resposta decente. 

Após mais algumas horas de estrada, Kyungsoo, finalmente, pode visualizar o grande outdoor de madeira escrito “Bem-vindos a Portland” em letras exageradamente grandes pintadas por tons claros de azul e verde. Caso fosse um desenho animado, o Do poderia dizer que seus olhos haviam brilhado mais do que antes ao notar que estavam oficialmente na cidade que sua avó morou por muito tempo. 

— Você parece feliz, filho — fora a vez da mãe do rapaz quebrar o silêncio. A mesma notou pelo retrovisor, como Kyungsoo reprimia um sorriso. 

Summer MemoriesWhere stories live. Discover now