Cap 9 - Dylan

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Quando entro na casa dela, reparo em tudo, é uma sala enorme e elegante, os móveis brancos e chiques entregam que ela é de família rica, a mesa de centro feita de madeira e com vidro, não sei explicar, mas é linda, deve ter sido muito cara, quando olho para o lado tem um corredor enorme, deve ir para a cozinha ou o banheiro, olho para frente e tem uma escada, deve ser onde ficam os quartos.


Percebo que estou reparando de mais e tento disfarçar para que ela não perceba que estou impressionado, para estudar na nossa faculdade tem que ter dinheiro, mas não pensei que ela tivesse tanto quanto essa casa mostra que tem.


"É uma bela casa" digo, ainda reparando em tudo. Ela sorri de um jeito diferente, não foi para me irritar, foi sincero, olho nos olhos dela e retribuo com um sorriso sem jeito.


"A gente pode começar o trabalho aqui ou no meu quarto, você escolhe. " Ela diz mexendo nos dedos de uma forma estranha, como se não soubesse o que falar. Eu dou uma risada e pergunto.


"Mal cheguei e você já quer me levar para o quarto? " Ela respira fundo revirando os olhos e fecha a cara.


"Tem um escritório, mas meu pai vai chegar e ficar lá" ela se explica e começa a morder a bochecha com raiva.


Não sei por que, mas irritá-la me diverte muito, ela é diferente, ela retribui, o que faz começar uma guerra de insultos.


" Tudo bem, tudo bem, eu vou" levanto as mãos como se quisesse mostrar que perdi. Ela revira os olhos e começa a andar.


"Você não vem? Por quê? Está com medo? " Ela olha para trás e me desafia.


"Medo? De você? " Começo a rir e ela balança a cabeça e volta a andar.


Sigo ela até as escadas, em cima tem mais um corredor enorme, vamos caminhando até a última porta a direita. Deve ser o quarto dela. Ela abre a porta e nós entramos.
É um quarto enorme, todo decorado, na verdade é bem bonito e arrumado. Tem uma cama de casal box com vários travesseiros em cima, um baú em frente a cama que deve ter sido bem caro. A cama é aquela que tem cortinas, não sei para quê. Tem uma escrivaninha cheia com alguns cadernos, canetas, lápis e vários compartimentos cheios de materiais de desenho.


"Você gosta mesmo de desenhar" aponto para os compartimentos. Ela sorri concordando.


"Pois é, é o meu refúgio" ela diz com com um suspiro alegre. Faço uma cara pensativa.


"Por que você" enfatizo a palavra -você- " precisaria de um refúgio? " Pergunto curioso. Ela ri, se senta na cama e faz um sinal com a cabeça para eu me sentar na cadeira da escrivaninha. Enquanto caminho em direção a cadeira ela responde.


"Nem todo mundo tem uma vida perfeita igual a sua, Dylan" ela me diz com um tom de tristeza e desafio ao mesmo tempo. Dou uma risada, viro a cadeira de frente para ela e olho em seu rosto.


"Nunca disse que minha vida era perfeita" dou mais uma risada. "Na verdade, está longe disso" tento esconder a minha cara de derrotado e fico com mais raiva ainda, nem a conheço e já estou falando da minha vida.


"Você está bem interessada na minha vida né" falo levantando uma sobrancelha. Ela revira os olhos, consigo a reação que queria.


"Por um momento, pensei que você fosse diferente, mas infelizmente acabou rápido demais" ela fala decepcionada.


Quem ela pensa que é? Sou do jeito que eu quiser, não vou mentir que a opinião dela me abalou pelo menos um pouco, mas não tenho que ser do jeito que ela quer.


Fico com cara de bravo e respiro fundo para me controlar, o silêncio fica muito incômodo depois de um tempo sem ninguém falar, então resolvo quebrar o gelo.


"Vamos fazer o trabalho ou não? " Falo com ela, mas fui mais grosso do que queria, me arrependo por um momento, mas logo passa.


Ela faz que sim com a cabeça e se levanta.


"Onde você vai? " Pergunto com curiosidade e me viro para ela rapidamente.


"Só pegar o notebook, por que? Acha que vou fugir? " Ela diz rindo, respondo revirando os olhos. Ela deve ter falado isso para mudar o clima pesado que estava, o estranho é a briga nos fazer rir.


"Pelo contrário, pensei que fosse trancar a porta" falo e pisco um olho, começo a rir enquanto ela coloca o notebook na escrivaninha.


"Seria uma boa idéia, trancar a porta para ninguém entrar enquanto estiver te torturando" ela fala brincando.


"Espero que isso seja uma brincadeira" digo fingindo estar com medo. Ela sorri e faz um sinal com a cabeça para eu arredar a cadeira para o lado e ela colocar outra.


"Você quer ficar mesmo perto de mim, né?" digo tentando irritá-la, ela se endireita na cadeira, fecha os olhos e respira fundo.


"Vamos começar isso antes que eu te expulse da minha casa" ela diz com firmeza e começa a mexer no notebook.


Começamos a pesquisar mais sobre o trabalho, digo a ela que só tínhamos que desenhar, mas ela sempre fala que tem que saber da história então parei de escutar, ela é muito chata e entediante, preciso acabar logo com isso.


"Sabe qual o melhor jeito de fazer esse trabalho? " Digo mais animado do que deveria. Ela olha para mim com o rosto concentrado, me esperando continuar.


"Observar o lugar pessoalmente. " Falo, enquanto me levanto rapidamente e seguro o seu braço.


"Você está louco? Já está de noite, não vai dar para ver nada. " Ela diz assustada com a minha ideia. Mas não me importo, pego minhas coisas e começo a andar em direção a porta.


"Melhor assim, não vai estar tão cheio" digo, mesmo sabendo que ela está certa.


"Você vai realmente fazer isso? " Ela pergunta sem acreditar. Olho para seu rosto com uma expressão séria para saber que estou falando sério e mexo a cabeça.


"Pode ir então, me fala o que conseguir ver" ela ri e volta a olha para o notebook.


"Nossa, você é sem graça mesmo" Ela da de ombros e fecha a cara.


"Então você está me chamando para sair? " Ela pergunta com um sorriso malicioso no rosto.


"Bom, como você disse, estou fazendo isso pelo trabalho, mas e você? " Digo esperando a sua reação.


"Eu ainda não aceitei" ela tenta se explicar.


"Ainda? Então quer dizer que tem uma chance." digo confiante.


"Por que você quer tanto que eu vá? " Pergunta curiosa. Sinceramente não sei como responder isso, realmente, por que me esforcei tanto?


"Sinceramente, não me importo" digo, sem saber como responder, então faço a única coisa que sei fazer.


"Que babaca, agora que não vou mesmo" ela fala com raiva e anda em minha direção.


"Mas você pode ir, a porta do frete está aberta. " Ela diz e fecha porta do quarto na minha cara, me deixando sozinho no corredor. Não sei por que me importo tanto com a opinião dela, não, eu gosto de irritá-la, se me importasse não faria isso, talvez seja por ter sido rejeitado e ela ter fechado aporta na minha cara.


Não consigo ficar bravo, sei que ela está certa, mas nem sonhando que eu vou me desculpar. O corredor parece ainda maior, não chego na escada nunca, penso em voltar, mas não o faço, sigo em frente e vou embora.

Onde tudo começou - quando te conheciWhere stories live. Discover now