Capítulo 05

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— Esteja aqui segunda às nove. 

Foi tudo o que Cece Ross disse após assistir a minha audição. Logo depois, ela saiu do auditório do palco principal, alegando estar indo para seu escritório antes que os dançarinos e espectadores da Sensuous chegassem para mais uma noite. 

Sean e Dante esperaram até que Cece saísse da sala para comemorarem, abrindo dois grandes sorrisos para mim. Sean disse que achou o meu pedido – para coreografar todo número que participarei – ousado e que sua mãe não deixaria as coisas fáceis para mim tão cedo. Isso é algo que já esperava, nada será fácil para mim já que, agora, faço parte do infame cabaré Sensuous. 

— Vem, nós ainda temos muito a te mostrar, Davina. — Sean falou. Eles, então, focaram em mostrar o máximo que podiam do teatro – ou algumas partes que eu precisava conhecer – antes das oito da noite, que é quando os dançarinos se preparam para a longa noite, porém apenas conseguiram me mostrar os bastidores e os camarins.

Indo para a parte de trás do palco, há objetos e acessórios que eu já imaginava que Sensuous teria, assim como qualquer outro teatro. Uma parede de cordas para abrir e fechar as cortinas, levantar cenários e todas as suas outras mil utilidades e responsabilidades. No lado esquerdo há uma extensão do bar escondida atrás do bar principal, exclusivo para os funcionários, como uma sala de descanso, é escura e um pouco bagunçada, talvez fique muito abafada durante a troca de números e a falação da platéia, mas parece – minimamente – confortável. 

Para o lado direito há mesas de som e muitas mesas de controle, que eu desconheço a função. Já no meio há uma grande escada, o tipo de escada que qualquer pessoa veria em mansões antigas, é bonita e imponente, com led colado em cada degrau para iluminar a subida. Ela leva para os camarins e sala de figurinos.

Sean explicou que podemos acessar esses cômodos por um corredor no térreo, onde não há um grande fluxo de gente e para não ter a necessidade de passar pelo palco. Há dois grandes camarins: o feminino e o masculino. Eles não são tão diferentes dos camarins de teatros ou de estúdios de dança, há muitos espelhos, mesas e cadeiras, algumas araras de roupas e um banheiro dentro de cada um. Quando estávamos saindo do camarim feminino, eu vi, através do espelho, uma foto das garotas da Sensuous no palco, com figurinos e cada uma fazendo uma pose única, eu poderia jurar que conhecia a garota loira ao centro da fotografia, mas estava longe demais para poder observar e me lembrar. Antes que eu pudesse caminhar até a parede contrária e analisar a foto, Sean me puxou, alegando que tentaria mostrar a sala de figurinos e – talvez – explicar coisas como o salário, horários e como o cabaré funciona, mas Dante o interrompeu, falando que alguns dançarinos tinham chegado e mais uma noite de show começaria em breve.

— Você pode ficar para assistir, se quiser, ou só por algumas horas, aqui não fica cheio imediatamente. — Sean falou. 

— Eu vou ter muito tempo para isso depois. — Respondo.

Dante me acompanhou até a saída em silêncio, algumas pessoas lentamente entravam, homens e mulheres, com bolsas grandes de ginástica, outros já amarrando os aventais em volta da cintura e pescoço, a mesa de recepção não estava mais vazia, algumas pessoas já compravam tickets.

— Eu sei onde fica a saída, Dante.

— Na verdade, eu quero perguntar se precisa de uma carona.

— Está quase perto das oito horas, você precisa ir trabalhar. Ou sextas são seus dias de folga aqui também?

Ele sorri. — Não, não são. Mas eu ainda tenho uma hora, ou algo perto disso, antes do meu primeiro número, então não se preocupe.

Eu inspiro o ar gelado depois de perceber que tive um longo dia, já do lado de fora de Sensuous, a frustração ainda está correndo em meu corpo porque meus problemas não foram completamente resolvidos. Nova Iorque consegue ser insuportavelmente quente durante a manhã, mas bem fria durante a noite. Também há a questão de que meu hotel não fica nem um pouco perto de Sensuous e a caminhada longa acabaria com toda a força que me resta, então decido aceitar a oferta de Dante, pegando o capacete que ele me entregou, novamente me sentindo relutante e o mandando um olhar feio antes de subir na garupa de sua moto mortífera.

Start Dancing [HIATUS - REESCREVENDO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora