21. Sonhos e pesadelos

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Kihyun acordou sufocando um grito, suando frio. Os três colegas de quarto se assustaram com o súbito barulho, acordando de supetão e tentando entender o que tinha acontecido.

— Quem gritou? Kihyun? — Minhyuk perguntou, confuso, sem receber qualquer resposta. Ele conseguia ouvir a respiração ofegante e entrecortada do amigo, mas Kihyun não respondeu.

— Está tudo bem, hyung? — Jooheon também questionou, se levantando e tateando no escuro até achar a cama do amigo. Kihyun estremeceu quando ele tocou sua perna e se afastou dele, assustado, o que fez Jooheon entender o que tinha acontecido.

— Sim — ele respondeu, ainda tentando se recompor, mas não conseguia parar de tremer.

— Ei, Kiki, estamos aqui — Jooheon disse, se aproximando mais, mas sem tocá-lo. — Você teve mais um daqueles pesadelos?

— Voltem a dormir, eu estou bem.

Apesar de ser isso o que falava, não estava nada bem. Todas as sensações do pesadelo ainda o atormentavam, rastejando como insetos debaixo de sua pele. Sentia como se alguém apertasse seu coração com as próprias mãos naquele momento, impedindo-o de bater corretamente, e a respiração desesperada acompanhava a agonia e o péssimo frio na barriga.

— O que está acontecendo? — Wonho perguntou.

— Nada, você pode voltar a dormir. Eu e Jooheon vamos cuidar dele. Kihyun, vou segurar as suas mãos, está bem? — Minhyuk se levantou também, indo até a cama dele e se ajoelhando ao lado dela, encontrando as mãos do amigo e as segurando. — Estamos aqui com você, está bem? O pesadelo não foi real, você está seguro.

Minhyuk sempre sabia lidar com tais crises de Kihyun. Ele era seu amigo há tanto tempo; tinha acompanhado a fonte e motivo desses pesadelos, o início deles e também todas as vezes em que voltavam a acontecer. Felizmente, sabia o que precisava fazer para acalmá-lo.

— O pesadelo não foi real, Kihyun. Você já se livrou dele, está tudo bem, estamos aqui com você — Minhyuk repetiu, alisando a mão trêmula do amigo. — Podemos abraçar você?

Kihyun assentiu, esquecendo de que os amigos não conseguiriam enxergá-lo, e então disse em um murmúrio que podiam. Minhyuk se sentou em sua casa e o abraçou de frente, enquanto Jooheon o abraçou de lado. Minhyuk continuou repetindo que estava tudo bem e que os dois iriam protegê-lo do que quer que fosse, que o pesadelo já tinha acabado. Ele começou a chorar nos braços dos amigos, atormentado pelas imagens que não saíam de sua cabeça.

Kihyun se lembrava de tudo que tinha acontecido bem demais, como se tivesse sido há apenas alguns dias, e não anos. Gostaria de poder deletar aquelas memórias imundas e repugnantes de si, mas não conseguia. Mesmo quando parecia entrar numa fase da vida onde podia focar em outras coisas, aquilo inevitavelmente sempre voltava. A maior fonte de suas inseguranças com os nobres, além de todo o descaso que sofrera durante a vida, o acompanharia até o dia em que deixasse de respirar.

Era como se aquelas mãos repulsivas ainda estivessem lhe tocando, como se a boca nauseante ainda cuspisse em seu ouvido que ele podia usar Kihyun como bem entendesse e ninguém iria se importar, porque era só para isso que ele servia. O garoto tremia e chorava intensamente nos braços de Minhyuk, soluçando alto e tentando se agarrar ao presente, não deixando a mente retornar ao passado perturbador, mas era impossível. Era ainda mais impossível quando os pesadelos continuavam o transportando para aquele momento, nunca permitindo que ele se esquecesse.

Com o passar de alguns minutos sem Minhyuk ou Jooheon o largarem, ele finalmente começou a conseguir respirar de maneira normal, por fim se acalmando. Minhyuk enxugou as lágrimas do seu rosto e o segurou com as duas mãos, repetindo que estava tudo bem. Kihyun assentiu e fungou, envergonhado.

O Segredo do Príncipe | ShowkiKde žijí příběhy. Začni objevovat