Who cares if one more light goes out? Well, I do.

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Nico acordou gritando e tremendo da cabeça aos pés. Ele se sentou assustado na cama, as costas eretas e grudentas pelo suor gelado, os olhos arregalados tentando reconhecer o ambiente em que se encontrava.

Demorou alguns segundos até que visse as estrelas neons que brilhavam no teto e nas paredes do Chalé 13 do Acampamento Meio-Sangue. Nico respirou fundo uma, duas, três vezes. Em alguns momentos aquilo funcionava, em outros não. Aquela vez não estava adiantando. Para se distrair, Nico lembrou de quando Will lhe deu aquelas estúpidas estrelinhas numa tentativa dos pesadelos diminuírem quando o filho de Hades as encarasse.

Depois de alguns meses de amizade e (recentemente) namoro, Will descobriu muitas coisas sobre o garoto das trevas. Uma delas era que ele amava astronomia e havia aprendido sozinho o nome de todas as constelações no céu. Em um dia ruim, onde o sol parecia encoberto por aquela névoa de ansiedade, o loiro bateu na porta de Nico com uma enorme sacola cheia de estrelas de plástico.

"Os Stolls deviam um favor pra mim, então pedi pra eles pegarem isso aqui da loja de conveniência mais próxima. " foi o que ele havia dito, com um sorriso divertido no rosto. "Elas brilham no escuro, sabia? Vamos decorar esse caixão gigante que você chama de chalé."

E Nico aceitou de bom grado; a decoração do chalé 13 era pior do que estar, de fato, no Mundo Inferior. Eles colaram as várias estrelas na ordem das constelações preferidas de Di Angelo e, depois de muitas risadas, pegaram no sono, abraçados. 

Will Solace tinha esse dom de tirar de Nico um pouco das trevas e dos fantasmas que o rodeavam e as trocava por um pouco de luz - e talvez até mesmo magia.

Essas lembranças fizeram a respiração acelerada de Di Angelo voltar ao normal aos poucos. Ele tentou se recordar com o que havia sonhado que tinha o deixado assim. Normalmente eram memórias do tempo que passou sozinho no Tártaro, ou de quando perdeu Bianca. Mas não dessa vez.

Dessa vez, pareciam visões. Ele viu fogo, o Labirinto (aquele lugar ainda o amedrontava), viu Lester e Meg junto de... De Jason. E que os Deuses provassem que os pensamentos dele estivessem errados, porque Nico sabia o quanto as coisas tinham ficado ruins depois da última vez que sentira isso.

 Ele sentiu aquela mesma aura de morte: a mesma que havia sentido quando Bianca se fora. Um perigo iminente, uma agonia constante.

 Havia mais uma imagem em seu sonho: uma lança dourada, banhada de sangue vermelho. Mas aquilo não poderia ser verdade. Não poderia. Não, não, não. 

 Nico sentiu as tão conhecidas lágrimas escaparem de seus olhos e rolarem por seu rosto. Sua vontade era de sumir, se juntar com as sombras uma última vez e desaparecer para ver se aquilo aliviaria sua dor. Porque Nico não aguentava mais ter pessoas que ele amava sendo tiradas dele. Primeiro sua mãe, depois Bianca e agora... Não, ele não concluiria esse pensamento. Não tinha como ser verdade, tinha? 

 Ele não conseguiu dormir, apenas se encolheu no canto do chalé, apertando o anel prateado de caveira contra si. Queria que Bianca estivesse ali, lhe abraçando e dando conselhos. Não importa quantos anos se passassem, ele jamais se acostumaria a não poder tê-la por perto. 

 Por um breve momento, cogitou viajar nas sombras até o Acampamento Júpiter, onde Reyna e Hazel poderiam lhe ajudar. Depois, descartou a ideia; ele morreria antes mesmo de chegar até São Francisco. Sua outra ideia foi correr até o chalé de Apolo, pular a janela que ficava ao lado da cama de Will e ficar abraçado com ele até que todos aqueles sentimentos pavorosos sumissem. Mas ele também não fez isso. Não queria incomodar. 

 Então ficou ali: encolhido, preso nas mesmas espirais de pensamentos que o atormentavam desde os 10 anos, na beira do abismo da insanidade, esperando por um último fio de esperança que o fizesse retornar. Ele não viu as horas passarem, não viu o sol iluminar o vale mágico do acampamento e ignorou completamente o burburinho de conversa entre os campistas na área comum entre os chalés e o barulho alto da concha que anunciava o café da manhã. 

Em Um Céu De Um Milhão De Estrelas...Where stories live. Discover now