9 - Homem de 1 milhão de dólares

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— Eita, nóis. Tampa o ouvido, Emanuel! — O tio falou alto e gesticulando.

— Tá na hora de criança dormir... — Tia Valquíria completou, ao que eu sabia que era uma provocação para tia Verônica, que jamais falaria assuntos desse tipo na frente do filho se estivesse sóbria.

E ela não era a única... Todos eles quando estavam sóbrios eram uma coisa, mas com algumas garrafas de vinho, essa "coisa" virava do avesso e só saía porcaria. E tão engraçado quanto era que, quando éramos nós falando de sexo... Noooossa, tabu. Eu não simpatizava muito com a Carla, mas realmente a tia não precisava ter exposto a intimidade dela... E além do mais eu tinha minhas dúvidas. Carla morou fora nos tempos de cursinho... Será que nunca rolara nada?

O papo prosseguiu cada vez pior e, depois da sobremesa, Sabrina levou Emanuel e as filhas para dormirem, e logo Alex e Pablo também subiram. Há tempos o jantar já tinha passado dos limites para mim e então peguei a deixa para ir deitar também. Assim que levantei, porém, Rafael olhou para Susana e disse que ia subir, ao que ela lhe deu um aceno de cabeça e continuou na mesa. Ignorei o fato e dei boa noite aos restantes, seguindo em direção às escadas. Contudo, assim que coloquei o pé dentro da sala, Rafael apareceu atrás de mim e me puxou.

— Linda!

Seu sussurro inesperado em meu ouvido arrepiou todo meu corpo, mas eu não podia me render.

— Você pirou?! Tá todo mundo jantando ainda! — Viro para ele e me afasto.

— Só quero te dar boa noite. — Ele se aproxima de mim e me dá um abraço.

Em minha ânsia de me separar logo dele, quis sair de uma vez de seus braços, mas ele me puxou e seu nariz deslizou em meu pescoço antes de se afastar. Quando por fim me desvencilhei, ele foi passando os braços pelos meus e, assim que sua mão entrou em contato com a minha, depositou um papel nela e se virou, parando uma última vez para olhar para mim e sorrir antes de subir as escadas.

Fico paralisada com o papel em mãos, olhando de um lado para o outro só para ter certeza que ninguém foi testemunha de nossa loucura. Quando não vejo nem ouço ninguém, subo as escadas devagar, morrendo de medo de encontrar Rafael no corredor e fazer uma besteira ainda maior.

Mamãe ainda estava jantando e assim que entro no quarto, tranco a porta e vou correndo para a cama. Uma brisa entra pela janela aberta e a lua brilha serena lá fora. Respiro fundo por um momento, tentando absorver um pouco da tranquilidade da noite, mas é em vão. Meu corpo e meu coração estavam mais agitados do que nunca, e manter nosso segredinho me deixava excitada, afinal, como vocês bem sabem, tudo o que é proibido... E eu não posso mentir: estava achando bem divertido bancar a amante embaixo do nariz de todo mundo.

Mordi os lábios e olhei sorrindo para o bilhete dobrado várias vezes e, colocando uma mecha de cabelo para trás da orelha com as mãos suando, abri-o, reconhecendo a caligrafia dele:

"Hoje. Sala da TV. 3 AM. 

Ps: Você é muito gostosa."

Encosto o bilhete a minha boca e deito, sentindo-me eletrizada. Eu tinha um encontro às escondidas na madrugada e essa era a coisa mais fora da lei que eu já tinha feito até então.  Permito-me devanear sobre como seria até ouvir a maçaneta girando.

— Filha?

Minha mãe bateu e tentou mais uma vez abrir a porta.

— Já vou. — Digo apressada e pulo da cama, enfiando o bilhete em minha mala de qualquer jeito.

*

Eu não consegui dormir até a hora marcada. Mamãe já estava no quinto sono quando levantei silenciosa e corri ao banheiro para dar uma última conferida em mim. Eu estava usando uma camisola fina com um decote em V que ressaltava meus peitos e estava feliz por estar corada e com os lábios rosados e inchados. Jogo meus cabelos para o lado e espirro um pouco de perfume, depois pego os chinelos e saio do quarto, fechando a porta com suavidade.

Perfeito ProibidoWhere stories live. Discover now